02. diana

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Jeanine experimentou outro vestido, e mais uma vez ela odiou. A cor era errada, era dourado demais.


Ela não queria um vestido dourado extravagante e brega, dissera não para uma, mas para todas as vencedoras de todas as lojas de marca absurdamente caras que entramos que ela queria um vestido champanhe.

Aquele vestido não era champanhe. E tinha lantejoulas. Certo, nem mesmo eu com meu senso de moda simples não havia gostado daquele. Era a quinta loja que entrávamos e Jeanine não estava nem perto de encontrar a roupa perfeita. E ainda faltava escolher sapatos combinando.

Para mim nada daquilo fazia muito sentido. Minha amiga tinha um closet enorme no apartamento em que morávamos, ela havia ficado com a suíte maior pois, obviamente a casa era dela e não minha. Ela tinha me recebido de boa vontade, mas eu ainda estava morando ali de favor.

Fazia questão de não me esquecer disso.

Ela tinha todas as roupas, mais sofisticadas, das marcas mais famosas e caras do mundo, ao alcance das mãos. Poderia escolher um entre as dezenas de vestidos chiques e usar para a festa no sábado, mas ela queria algo novo, da última coleção, algo que ela usaria apenas uma vez e seria marcante e esplendoroso.

Teria que comprar um vestido novo e um novo par de sapatos de salto alto. Tenho quase certeza de que ela compraria um loboutin clássico. Um do mesmo tom champanhe que ela queria que seu vestido fosse, e que a faria brilhar.

E Jeanine Maynard sempre brilhava.

Desde os tempos de escola. Eu ainda não entendo porque ela não fez parte do grupo de líderes de torcida. Ou talvez eu tivesse uma pista, ela estava ocupada demais modelando em seu tempo livre para pensar em treinar pirâmides, saltos e piruetas com outras adolescentes.

Não havia seguido a carreira, mas teria feito sucesso se tivesse. Ela era bonita de um jeito estonteante, com aquelas pernas longas e cintura fina. Eu achava impossível que pudesse existir uma mulher que não tivesse estrias e celulite, mas existia.

E essa mulher era Jeanine.

Cuidava e seu corpo primorosamente, ia à academia e usava produtos de beleza caros e importados. Ela vai aos melhores salões de beleza e às vezes me arrasta junto com ela. E eu admito que poderia me acostumar com aquela vida se eu tivesse a chance.

Peguei um vestido na arara. Não olhei o preço porque isso com certeza iria me deixar abismada, para minha amiga não importava. Se ela gostasse, ela compraria sem nem perguntar quanto custava.

Ela tinha acabado de sair do provador. Os cabelos loiros estavam presos em um coque e ela franziu os lábios pintados de vermelho quando se olhou no espelho.

— Você ficou linda nesse, Jen. — falei, e era verdade.

 O vestido tinha ficado perfeito, parecia feito sob medida. Pela paleta de cores que Jeanine havia me mostrado aquele era o tom certo de dourado, ou melhor, champanhe. O corte era reto e moderno, o tecido parecia grosso, tinha um decote mas era discreto.

— É, é bonito. — disse sem muita empolgação. — Mas ainda não é deslumbrante e de parar o trânsito.

A vendedora olhou para mim com um olhar de quem lidava com clientes exigentes com muita frequência.

— Experimente esse aqui. — me levantei, o vestido balançando no cabide.

O seus olhos azuis brilharam quando ela viu. Sabia que tinha acertado na escolha.

— Onde o achou?

— Estava olhando as araras e peguei, tem o tom correto, certo?

Mesmo depois de um dia inteiro andando pelo shopping eu ainda tinha um sorriso no rosto e uma animação anormal para alguém que estava tão cansada quanto eu. Era minha amiga, e eu queria ajudar.

english love affair • EM PAUSAWhere stories live. Discover now