Consequências

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-... irresponsável e sem qualquer senso de preservação. Tem noção do perigo que você correu? Não pensou no que poderia acontecer? Se ele te alcançasse antes da polícia? Você podia estar jogada em uma vala nesse momento. Sair de casa como uma maluca foi a pior coisa que você poderia ter feito. Eu quase enfartei várias vezes, Amanda. Você não pode nunca, jamais, fazer algo remotamente parecido com isso de novo. Me prometa. Nunca mais.

A esse ponto eu chorava junto com meu irmão, que estava agarrado a mim naquela cama de hospital a horas. Ele não havia me dado tempo pra nada e eu já acordei ouvindo o sermão histórico, que ele repetiria a cada momento que a raiva e o medo voltavam a surgir na sua cabeça pelos últimos dois dias.

Depois de passar algumas horas desacordada, eu voltei a meus sentidos para descobrir algumas escoriações nos braços, cortes de vidro na bochecha, osso da canela direita fissurado e o lábio partido. Porém as dores que eu sentia no corpo não eram nada comparado ao peso do que eu havia causado não apenas a mim, mas à minha família e aos meus meninos. Joanne, pobre Joanne, que foi arrastada para tudo isso, pelo menos não sofreu nada mais grave que alguns arranhões. Eu nunca me perdoaria pelo meu momento de loucura irracional.

- Me perdoe, Robert.

- Vai ficar tudo bem, agora. - Drew falou ao entrar no quarto com dois copos de café e ofereceu um ao meu irmão. - Duncan está preso e não nos representa mais perigo. Amanda logo se recuperará e então teremos uma conversa bastante séria sobre essa atitude totalmente irresponsável que ela teve.

Eu baixei os olhos, envergonhada.

Sabia que seria difícil com eles, afinal não coloquei apenas a mim em perigo, mas a mãe deles também. Jonathan deveria estar mais chateado do que todos, afinal eu não o vi desde que acordei a dois dias atrás. Lauren não veio porque estava com Bettany em casa - não queria minha sobrinha no Hospital -, mas Jonathan sequer ligava para mim. Ele só falava com Drew. Eu estava louca para vê-lo, mas com muito medo do que ele diria para mim.

- E quando vou poder sair daqui?

O médico entrou, então, como se tivesse lido meu pensamento ou mesmo escutando atrás da porta para um efeito dramático. Eu votaria na segunda opção. Ele tinha essa tendência ao drama desde sempre e vinha fazendo muito isso nos últimos dias.

Doutor Finnick Davis foi amigo dos meus pais por muitos anos e nos ajudou quando os perdemos. Ele era como um tio pra nós, mesmo que não fossemos mais tão próximos, o que não o impedia de nos tratar como família quando estávamos juntos. Mesmo na atual situação.

- Bom dia, Mandy. Como está se sentindo hoje?

- Entediada e com uma coceira na canela.

- Alguma dor?

- Sempre. Mas esses remédios são ótimos para fazer a mente viajar.

- Muito bom. Você está bem para ir embora. Descanso e o uso dos remédios para dor é tudo o que será necessário em casa. Quanto à coceira, você pode resolver no próximo banho quando puder retirar a bota ortopédica. Mas precisará usá-la por mais duas semanas.

- Eu sei. Vou seguir as instruções sem problemas.

Drew, Robert e o médico traidor bufaram como se me desacreditando.

- Cuidaremos dela, tio Finnick.

- Certo. Então, aqui está a autorização de saída. Você deve entregar uma cópia assinada na recepção. - Finnick entregou alguns papéis para Robert. - Essa é a lista de horários e medicamentos necessários. Esperaremos você em duas semanas para avaliar a necessidade de continuar com a bota, Mandy.

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