"Save You" - Temporada Um
Sacrifício, palavra forte e que causa temor, mas livramento a alguém.
Todos nós já tivemos que nos "sacrificar" um dia. Por que entre aspas? Porque foram "sacrifícios" que nos deixaram vivos.
Alguns momentos difíceis podem...
— "Antes da sua concentração para acordar, meu amor, precisamos dizer algo... Você não lembrará dessa parte da nossa conversa, ok? Por isso precisamos que você siga seus instintos com Bruna. Há uma pessoa entre vocês, ela ajudou nesse mal, ela está muito abalada, com problemas psicológicos... Quando descobrirem levem essa pessoa para o seu tratamento, e tentem a ajudar, lhe concedam o perdão!" - mamãe diz e eu concordo. Não quero me vingar de ninguém, apenas quero minha irmã.
— "E-eu só quero minha g-gêmea!" - digo e eles me abraçam forte.
— "Acredite, confie e ore... Ela voltará, filho!" - ele diz e eu concordo.
— "Nós amamos vocês, querido. Agora se concentre... Ouça!" - ela diz e começo a ouvir uma voz que conheço bem... Meu filho!
Sinto suas mãozinhas em minha bochecha. Abro os olhos, vejo Felipe, Vovó e Jéssica no quarto junto a Liam.
— "Papai, meu belu 'adomecido'!" - ele diz alegre e eu sorrio, ainda me acostumando com a claridade.
— "Ei... Você acordou, finalmente!" - ela me abraça com cuidado, e eu retribuo.
— "E-e Bruna?" - pergunto ao médico que acabou de chegar. Estou rouco e com um incômodo na garganta. Liam já não está ao meu lado, ele percebeu minha dor mal disfarçada.
— "Você está muito preocupado, não pediu nem ao menos água..." - ele diz e eu sorrio fraco.
— "Q-quero água!" - digo e ele ri, me entregando o copo d'água.
— "Tivemos que fazer uma Intubação Endotraqueal, pois você apresentava problemas respiratórios, já está sem ela, por isso o incômodo e irritação nas vias respiratórias!" - ele diz e eu concordo com a cabeça.
— "O-onde está minha irmã?" - pergunto com medo da resposta.
Felipe está segurando Liam que relaxa em seu colo, mas está atento assim como Jéssica e Vovó.
— "O estado é crítico, ela teve quatro tiros, sendo: um na coxa, mas não atingiu o fêmur, ou qualquer osso essencial; um na coluna, que resultará em três semanas de fisioterapia, apenas para fortalecer, ela teve sorte; Os mais preocupantes são os próximos: um na cabeça, mesmo passando de raspão no sistema central poderá deixar sequelas temporárias ou permanentes, como perda de memória, esquecer atividades cotidianas, por exemplo escrever, falar, andar, comer... E um de raspão no coração, o que pode prejudicar mais são as doses do veneno que ainda estavam no seu organismo, mesmo reduzindo para cinco porcento pode agravar a situação." - ele diz e eu choro, assim como todos que já pareciam saber — "Ela recebeu uma transfusão de sangue do Felipe. Você é compatível, mas como está em processo de recuperação não pôde doar." - ele diz e eu estou em choque. Thiago, o médico, é nosso amigo desde que somos pequenos, sinto sua preocupação e isso não ajuda.
— "E-ela vai sobreviver, não é?" - eu digo e ele me olha com um olhar indescritível — "Espera, quanto tempo eu dormi?" - pergunto e ele suspira.
— "Quatro semanas..." - Thiago diz e eu sinto meu coração acelerar — "Ela não obteve melhora alguma, está em coma induzido para recuperação total das operações realizadas." - ele diz e eu começo a chorar novamente.
— "Sabe por que ela está assim? Porque ela me salvou, ela se jogou na minha frente, ela tomou os tiros por mim, sabia? SE ALGO ACONTECER COM ELA A CULPA É MINHA!" - grito e sinto uma tontura, estou chorando, estou desesperado.
— "Anthony, você sabe que ela faria isso, ela não o fez por obrigação, fez por amor. Logo vou liberar visitas, Liam está ansioso para conversar com a tia, isso dará ânimo para ela. Bruna ainda escuta, respira, vive. Está em coma induzido para seu bem, para sua recuperação!" - ele diz e eu suspiro.
— "Como está Richard?" - eu digo e ele logo responde.
— "Richard está em observação, mas a cirurgia foi um sucesso, ele está bem. A bala não alcançou nenhum órgão, apenas atravessou alguns tecidos, e foi removida com sucesso." - ele diz e eu suspiro aliviado. Agora falta minha irmãzinha ficar bem, ela vai ficar.
Thiago saí do quarto depois de me examinar, e Liam deita ao meu lado, seu cheirinho de bebê me acalma.
— "A moça malvada mi tilou titi, p-papai?" - ele pergunta e eu estou confuso.
— "Qual moça malvada, filho?" - pergunto e seus olhinhos enchem de lágrimas.
— "Sonhu luim!" - ele diz e eu entendo agora.
— "Do seu sonho ruim? Quando titia saiu com titio?" - digo e ele concorda. Devia ter escutado meu menino — "Titi Boo não nos deixou, apenas está dormindo bem tranquilinha, e precisamos do Lili para ela acordar bem feliz!" - digo e ele sorri.
Como queria ser criança, seu otimismo, sua pureza, sua inocência..., fazem com que ele não se desista, ele acredita que as coisas podem ficar boas. E espero que eu também sinta isso. Que eu possa acreditar nisso. E que, no fim, isso realmente seja concretizado.
Felipe estava abalado, Felipe está se jogando em um posso interno.
Liam o anima, pelo menos um pouco, por isso, pedi para Felipe cuidar do meu menino... Meu cunhado queria ficar aqui comigo, mas acho melhor que Jessi esteja aqui, até porque se Felipe ficar, Liam também vai querer. Meu amigo está muito cansado e, ficar aqui, iria apenas esgotar mais ainda sua sanidade.
Liam disse que não quer deixar seu papai, eu o amo tanto, foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida.
— "Deus, não sou bom nisso, talvez porque eu apenas lembre de falar com o Senhor quando me vejo em uma situação dessas, mas mesmo assim sempre fui abençoado por Ti, ganhei Liam, uma família linda, felicidade, amor e milhões de razões para viver sorrindo sempre, afinal viver, respirar, enxergar, ouvir, andar..., já são enormes motivos para isso. Hoje eu peço pela minha irmã, mas também agradeço... Agradeço por ela ter me perdoado, por ter me amado incondicionalmente sempre, e por mais uma vez, ter me mantido em segurança e bem. Ajude-a, Senhor, por favor, eu preciso dela. Eu sou Teu Filho, e entrego minha vida em Suas Mãos, Meu Pai!" - digo baixinho, olhando as estrelas pela janela do quarto. Jessi dorme segurando minha mão!
Fecho os olhos lentamente e logo pego no sono, não sentindo mais a dor que comecei a sentir nesses minutos.
"Relaxado, sem dor, sem problemas, e sem preocupações."
Eu até concordaria, se não fosse atormentado pelos pesadelos.
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