Capítulo 6 - Marcelo

36 4 0
                                    

O nascer do sol aqui é mais cedo do que no Rio de Janeiro. A Ella me acordou às quatro da manhã, para que eu pudesse ver essa beleza natural.

      O espetáculo do nascer do sol está diferente hoje. O céu aos poucos vai deixando de ser escuro, para dar lugar as cores mais vivas. O sol está mais para o fogo no meio da escuridão, manchando e clareando o ambiente a sua volta.

      Estou sentado no primeiro degrau da escada que leva à praia. A visão para a praia esta mais bela.

      "Lindo, né?" Ella me pergunta alegre e ao mesmo tempo maravilhada.

      "Maravilhoso", a minha resposta não em nada a vê com a pergunta dela. O que eu acho maravilhoso, é estar um pouco à sós com a garota que eu amo.

      Os seus cabelos voam um pouco com a brisa da manhã, e seu semblante parece acordado. Nem parece que essa garota acordou à meia hora atrás.

      Como eu já falei antes, parece mais viva. Mas algo nela agora, está lhe deixando preocupada. Quero lhe perguntar, mas a oportunidade nunca aparece. Quem vai esperar oportunidade? Eu é que não vou.

        "O que está te deixando preocupada?" Ella abre a boca para falar, mas antes que sua voz saia, eu dou um aviso: "Me responda com sinceridade. Não quero escutar um nada vindo de sua boca, porque eu sei que esse 'nada', é na realidade nada de bom."

         Ela me encara por pouco tempo e suspira. Sua frustração é evidente em seu suspiro.

         "Estamos na minha terrinha. Uma hora, meu pai vai saber que eu estou aqui e vai nos chamar para ir na casa dele. Quero adiar essa conversa, mas está cada dia mais difícil", ela encara o oceano, vasto e imenso. Seus olhos escuros se misturando no céu escuro que se ilumina aos poucos.

     "Eu não quero te dar esperanças, porque é cruel dar esperanças quando não se há nenhuma. Mas eu espero que um dia seu pai me aceite", murmuro, colocando minha mão em suas pequenas costas.

     Ela se levanta e vai direto para o mar. Ela entra na água até o nível de suas coxas. A sua calça de moletom riscada está molhada agora. Os desenhos feitos de caneta permanente estão clareando, por causa da grande quantidade de sal.

     Minha namorada mantém seu olhar na água escura, que aos poucos clareia em algumas partes. Seus olhos se misturam com as poucas partes escuras desse vasto oceano.

      Entro no mar e fico atrás de minha namorada. A água fica nos meus joelhos. Abraço o seu pequeno corpo por trás, minhas mãos se fecham embaixo de seus seios pequenos.

      A água está gelada, mas a proximidade dos nossos corpos aquece o ar entre nós. Espero que ela reflita sobre tudo que está acontecendo em sua vida. Deixo seus pensamentos se perderem no céu azul, que vária de tons escuros para tons mais claros.

       "Espero que sim", ela fala entre suspiros depois de muito tempo com seu olhar mantido no horizonte. Ela se vira pra mim e fica me encarando.

       "Não pensa muito nisso, pode não ser legal", aconselho, vendo o seu desespero no olhar.

       "Vou tentar não pensar", ela fala por fim, baixando sua cabeça.

       Levanto seu rosto com os meus dedos. Meus dedos se encaixam perfeitamente em seu queixinho minúsculo. Seus olhos encaram os meus, e na claridade da luz do sol nascendo, seus olhos ficam mais parecidos com bronze escuro, deixando de ser o ônix de sempre.

       "Você não vai tentar. Você simplesmente não vai pensar", falo com facilidade. Ver seu belo rosto dessa forma, me deixa desesperado.

       Ela se vira para o horizonte novamente e me faz abraçar o seu corpo.

Agora e Sempre, Minha Rainha - 2ª Temporada de De Repente Princesa do MorroWhere stories live. Discover now