V I N T E

1.3K 176 38
                                    

— Eu queria que estivéssemos juntas, porque não volta logo? — a voz de Lena corta o telefone.

— Eu não sei... eu sinto que se eu for embora, nada de Albert existirá. — esfrego minhas têmporas. — Parece estranho voltar para um lugar que me causou tanta dor. — suspiro.

— Eu te entendo... — sua voz triste me faz querer chorar.

— Vocês foram a única parte boa da minha vida em Portland. Acho que da minha vida inteira, para ser honesta. — murmuro.

— Você virá ao meu casamento, certo? Eu juro que vou até Londres de vestido de noiva para te arrastar se tentar furar. Você é nossa madrinha. — ela ri.

— Claro que sim. Tenho que arrumar um acompanhante já que Ash quer levar Petra. — suspiro. — Foda-se, eu irei lançar a moda da madrinha solteira. — protesto. — Mundo machista.

— Sinto sua falta, Ali. — ela sussurra. — Fico preocupada com você sozinha aí.

— Onde eu estiver eu estarei com vocês, e também posso me livrar do pela saco do Rodrick. — ralho. — Vou mandar a quantia inteira para ele logo, quero paz.

— Em outras circunstâncias eu diria para não fazer isso, mas agora você tem dinheiro para limpar o rabo com notas de cinquenta. Quando sai o glow up? Não que você precise de algo, mas gente rica fica chique e podre.

— Eu não pretendo me encher de ácido hialurônico, se é isso que está perguntando. — ralho.

— A pizza chegou, amor! — escuto a voz de Trevor no fundo da ligação. — Mande um beijo para Ali!

— Mande outro para ele. — respondo antes mesmo de Lena passar a mensagem para mim.

— Ela mandou outro. — a linha fica muda por alguns segundos. — Eu preciso ir comer antes que Trevor devore tudo sozinho, amiga. Me ligue mais vezes.

— Pode deixar. Amo você. — sorrio.

— Também te amo. — ela desliga.

A escolha de ficar em Londres foi totalmente motivada por medo. Toda a dor que eu suportei nos meses em que fiquei desempregada, a maneira que fui usada e descartada por uma coisa que considerava tão pequena. A maneira a qual Alex me descartou sem se preocupar se aquilo me machucaria.

Tudo foi cruel.

Meu celular toca novamente e atendo, o número é desconhecido e não sei de quem se trata.

— Alô.

— Bom dia, Alicia. — a voz de Oliver corta o telefone.

— Ah, bom dia, Sr. County. — respondo. — No que posso ajudar? — me levanto do confortável sofá e ando em direção a cozinha, pensando no que preparar para o café.

— Por favor, me chame de Oliver. — ele diz. — E eu estou ligando para saber se gostaria de vir almoçar conosco hoje, a Ophelia gostaria de se desculpar com você pelo mal comportamento.

Uma pontada estranha de desconfiança me atinge. Um pedido de desculpas enquanto estivéssemos trabalhando seria o suficiente para que eu deixasse a história para trás, na verdade eu nem mesmo havia ficado chateada. Ela não mentiu, e tem motivos para ter raiva. Não seria eu a aceitar que ela fosse obrigada a me tratar com cordialidade se não quisesse. 

— Não é necessário, Sr. County. — mantenho a forma cordial. — Eu tenho um compromisso hoje no almoço, mas eu agradeço a oferta. Se Ophelia sentir que realmente precisa se desculpar, ficarei feliz em ouvi-la na hora da orientação.

O Conto de Alicia (Repostagem Revisada)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora