Katherine acordou agitada. Não aguentava mais permanecer naquele convento. Desde os dez anos, ela vivia naquele lugar isolado, aprendendo com padres e freiras o significado da vida de acordo com a visão cristã.
Não era freira e nem noviça, era apenas uma órfã amparada por eles. As mais anciãs daquela clausura diziam que ela era a escolhida divina, a futura salvadora e, com base nessa crença, aconselhavam-na a estudar com determinação e se afastar de homens impuros.
Olhou pela janela, satisfazendo-se com a bela manhã que viera junto com o sol. Estava faminta, mas não queria comer a mesma aveia com frutas e pão de todas as manhãs... Queria algo diferente. Saiu do quarto, decidida a mudar a sua monótona rotina de vida.
- Ora, essa! Parece-me que hoje não terei que acordá-la. – comentou a irmã Joana enquanto passava ao lado de Katherine no estreito corredor.
Ela era uma freira de 35 anos, um pouco amarga e rígida com os convivas, mas sempre que se deparava com padre Jorge – o mais jovem e gentil de todos os párocos daquele convento – e ele lhe cumprimentava de modo afável, instantaneamente, seus jeitos mudavam e ela ficava mais tolerante. E, pelo que tudo indicava, o padre já a havia cumprimentado naquela manhã.
- Claro que não, irmã Joana. – olhou-a com o canto dos olhos sem parar de andar. – Já estou acordada... Não é? – e sem aguardar por uma resposta, apertou o passo até o refeitório.
- Bom dia, Katherine! Acordou cedo esta manhã. – cumprimentou uma freira idosa, a qual já lhe estendia uma bandeja farta com os mesmos alimentos de todas as manhãs.
- Sim, irmã Clara. Não consegui permanecer mais tempo em minha cama hoje. – pegou a bandeja, fazendo uma leve careta ao ver a comida.
- Pelo visto, você está finalmente começando a se adaptar à rotina daqui. Logo, logo verá como é satisfatório seguir o mesmo caminho que nós escolhemos.
- Quem sabe, irmã Clara... – afastou-se da senhora com um sorriso gentil no rosto e sentou-se em um canto do refeitório. Tinha mil planos a elaborar naquela manhã. Pelo menos um dia em sua vida deveria ser diferente. – Preciso sair daqui... Mesmo que por alguns minutos. Mas, como? – sussurrava consigo mesma, como se o som de sua própria voz fizesse seu cérebro despertar e criar um novo plano que fosse desprovido de falhas como os demais arquitetados até então.
- Frei Heitor, veja! – a irmã Madalena mostrava um saco vazio ao homem. – As castanhas acabaram e logo será a vez das batatas, do trigo e da aveia. Precisamos nos reabastecer!
- Sim... Sim... – tranquilamente o velho examinou o saco, ponderando diante do relatório dado. – Reúna três de nossas irmãs e vá até o mercado. Compre o necessário.
- Farei isso. – ao virar-se para fazer a convocação das freiras que a acompanhariam, deparou-se com Katherine, a qual exibia um grande e alegre sorriso.
- Não pude deixar de ouvir, irmã Madalena, mas a senhora está precisando de gente para ir às compras?
- Estou. – observou a garota com cautela. O que ela poderia estar tramando? – E eu estava indo atrás de ajudantes antes de você bloquear o meu caminho, Katherine.
- Hm... Desculpe, irmã. – deu mais um sorriso e tentou encenar a sua melhor feição de inocência. – Mas, a senhora poderia deixar que eu as acompanhasse até o mercado? Acredito que a minha ajuda seria de muita valia, afinal, ainda sou jovem, estou no auge de meus 21 anos e poderia carregar com maior facilidade as sacas mais pesadas.
- Ora essa... Como a senhorita mesma disse, está no auge de seus 21 anos. É muito jovem para sair do convento. Ainda possui mente e carne fraca. É muito suscetível ás tentações, não passou tempo suficiente aqui dentro para absorver toda a essência da pureza, devoção e a paixão pelo divino. Sem mencionar que não há a necessidade de nos acompanhar.
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A Protegida e o Príncipe
Fantasy(Capítulos ainda não corrigidos, desculpe pelos erros!) Desde os dez anos Katherine vivia naquele convento. Ela não era freira e nem noviça, na verdade, o seu temperamento e seus planos não tinham nem um pouco do recato que uma freira deveria ter. ...