7º Capítulo: Poderia me contar?

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- Boa noite, senhor. – o taverneiro desviou os olhos de Ângelo e encarou a linda jovem parada atrás dele. – Senhorita. – cumprimentou-a com um aceno de cabeça.

- Boa noite e... – puxou Katherine delicadamente, posicionando-a ao seu lado ante de abraça-la possessivamente. – Gostaria que se dirigisse a minha esposa como senhora. – informou com um sorriso diplomático.

- Claro, como quiser. – sorriu sem humor e voltou a encará-lo. – E no que posso servi-los?

- O senhor ainda possui algum quarto ou leito disponível?

- Um instante, por favor... – abaixou-se brevemente e ergueu debaixo do balcão um imenso livro de registros, depositando-o ruidosamente a frente de todos.

Sem qualquer pressa, o homem calvo analisou as anotações, enquanto alisava distraidamente a barba espessa e negra. A cada palavra lida ele resmungava alguma coisa, mania que acabou divertindo Katherine, que o achou uma figura muito singular.

Estranhamente ele mantinha uma postura calma e tranquila, totalmente o oposto do ambiente ao redor deles, já que a taverna encontrava-se lotada e abarrotada de homens e mulheres aproveitando a noite com bebidas, comidas, cantorias e gargalhadas. Sem mencionar os flertes e hormônios à flor da pele.

- Temos um quarto coletivo com dois leitos disponíveis e um quarto de núpcias.

- E como seria esse quarto mais reservado?

O interesse de Ângelo não era tanto pelo fato de ser voltado para a noite de núpcias – algo que adoraria ter com Katherine –, mas sim pelo cômodo ser, talvez, a melhor opção para o momento, já que ambos saíram fugidos do convento. Além disso, seria muito mais confortável e seguro ter um aposento apenas para os dois e suas bagagens.

- Ele é o quarto mais caro que temos, mas admito ser a escolha mais aconchegante. – ergueu os olhos do livro e encarou os dois. – E acredito que você e sua esposa se sentiriam melhor nele. – voltou a alisar a barba. – Ele é bem espaçoso e fica do lado de fora da taverna. Também tem uma foça apenas para ele, já que possui uma construção própria.

- Isso me interessa muito. E a você, meu amor? – observou Katherine, que apenas balançou a cabeça. – Acredito, então, que estamos ambos interessados. – sorriu para ela e voltou a olhar para o taverneiro.

- Se quiserem mesmo o quarto, posso pedir para as minhas filhas arrumarem tudo para vocês.

- Seria ótimo!

- Mas, preciso que me pague agora, meu senhor. – informou num tom grave. – Não aceitamos caloteiros aqui. – e despreocupadamente, retirou a adaga do cinto e a depositou sobre o balcão, ao lado do livro.

- Sem problemas, senhor. – respondeu, entendendo de imediato a ameaça.

Deu um beijo sutil na testa de Katherine e a soltou de seus braços para poder pegar o dinheiro de dentro das vestes. Puxou a bolsinha de couro de dentro da camisa e sem esperar por um valor, separou algumas moedas e a colocou a frente do homem.

- Acredito que isto poderá pagar por nossa estadia.

- Sim, paga. – recolheu o dinheiro e o guardou nos bolsos, totalmente satisfeito pela quantia a mais que lhe fora dada. Também aproveitou a oportunidade para pegar a adaga de volta e prendê-la ao cinto novamente. – Gostariam de um serviço de quarto extra?

- Como assim? – ergueu uma das sobrancelhas.

- Se me der mais cinco moedas de cobre, poderei solicitar a minha mulher que leve e deixe comida e bebida em seu quarto. – passou os olhos por Katherine, fazendo com que instintivamente Ângelo a abraçasse de forma protetora mais uma vez. – Creio que essa alternativa seria mais cômoda para você e principalmente para sua esposa. Afinal, ela não parece do tipo que frequenta lugares como este.

A Protegida e o PríncipeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora