Prólogo

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Era mais um dia normal na minha vida.

Eu havia entrado suspirando e frustrado, batendo a porta do meu quarto com força. Baguncei o edredom da minha cama, numa tentativa de descontar a raiva.

Fora mais uma discussão mal sucedida. Como que minha mãe não entendia que nós não podíamos largar nossas vidas aqui?

Eu tinha a Violet aqui. Tinha o resto da minha vida. E... O corpo do meu irmão estava embaixo da terra dessa bendita cidade.

Meu irmão.

Abro a minha primeira gaveta, e retiro a foto que estava no fundo.

E lá estava Joe. Ele usava uma típica camiseta de uma banda estrangeira, uma calça larga e tinha um sorrisinho meio torto nos lábios, com uma pose engraçada.

Era a última foto que eu tinha tirado dele. Quando ele fez dezoito anos. Uma semana antes de eu encontrar seu corpo sustentado por uma corda, e os seus olhos sem vida.

Minhas mãos começam a tremer e meus olhos a marejar. Eu precisava fazer aquilo.

Guardo a foto aonde ela sempre fica, e ando rápido até a minha sacada. Me escoro na grade de proteção, e tiro o maço de cigarros do bolso da minha calça, acendendo um.

Começo a observar a mesma paisagem rotineira de sempre: ao lado esquerdo, a rua daria para uma avenida que era repleta das lojinhas pequenas mais adoráveis do mundo inteiro, ao direito, a famosa praia dos amantes: onde vários casais adolescentes e idosos faziam piqueniques, e apenas um senhor ficava no píer pescando sozinho.

Coisas típicas de Laranjeiras.

E a minha frente, havia uma outra sacada, do prédio vizinho, que sempre estava fechada.

Eu abro um sorriso. Ao que parece, esse sempre tinha acabado.

Caixas estavam espalhadas por todo o quarto, e uma cortina azul pendia pelas portas da sacada, agora aberta.

Não sabia que havia gente de mudança.

E então, essa foi a primeira vez que eu vi ela.

Uma garota ruiva apareceu na porta da sacada, com um pano, os cabelos praticamente vermelhos completamente bagunçados, enquanto seu rosto que era repleto de sardas estava corado, a dando um ar adorável. Ela usava uma roupa velha, meio suja de várias tintas.

Quando ela finalmente nota minha presença, seu semblante muda. Ela me olha de baixo para cima, e ela estava com um meio sorriso, até que seus olhos param no cigarro na minha boca.

Eu abro um sorriso e ergo uma sobrancelha. A feição dela muda completamente. Eu tiro o cigarro da boca, e solto a fumaça.

— Por acaso você quer morrer mais cedo seu idiota? — Ela grita, antes de bater as portas da sacada.

E foi assim que eu havia conhecido Kate Collins

All Star's e TangerinasWo Geschichten leben. Entdecke jetzt