White as light

1.5K 113 16
                                    

Os dias se seguiram silenciosos. Lucia se sentia a pessoa mais feliz de todas, passava grande parte do tempo na poupa jogando xadrez com Rip, ficava também, parte do tempo, fazendo companhia a Eustáquio, que ocasionalmente parecia menos desagradável. E o que Lucia adorava mais ainda eram suas conversas com Elizabeth, contavam sobre histórias vividas, as quais ambas adoravam contar e escutar. Parecia já, que se conheciam a anos.

fazia mais ou menos dez dias, desde a passagem deles por felimante. E infelizmente a calmaria não durou muito mais.

Na tarde do décimo quarto dia dos Pevensie em Nárnia, o céu passou por um tom rosado do crepúsculo para um azul escuro em um instante, as ondas foram ficando cada vez mais agressivas e o navio passou a se mover com dificuldade.

- Todos para o convés! - Brandou Drinian. Os marinheiros trabalhando freneticamente.

- Chamem Elizabeth! - Gritou Caspian, enquanto ajudava um marujo no leme.

Lucia foi em disparada chamar a amiga. Eliza tinha tirado uma hora para descansar, estava no quarto, agitada, se atrapalhava para colocar uma das botas. Lucia foi ajuda-la, e logo as duas subiram rapidamente, escadas rangiam de dois em dois degraus, as duas quase cairam com o balanço do navio.

Eliza conseguiu chegar na amurada do navio sem nem escorregar no piso encharcado, a chuva tinha começado a poucos, mas a menina já estava completamente encharcada.

Ela deveria acalmar os ânimos, se não, não conseguiria parar a agitação das águas. Começou recitando algumas palavras, como se conversasse com o oceano, lembrou-se da mãe e das tias, era exatamente o tipo de coisa que elas diriam. Estendeu as mãos esguias e com calos, deveria sentir o que estava ao seu redor, a água na pele, o balanço do mar, os deuses parecem revoltados... Mesmo assim, a magia antiga não falha, está presente na terra a mais tempo que nós... A mais tempo que os próprios deuses... Criada pelo próprio leão... Está nas nossas raízes. Ela se entregava ao mar, acolhendo-o como um velho amigo, sentindo toda sua solidão e a vastidão. É assim que Elizabeth imaginava o que as ninfas faziam, elas escutam e então acalmam, seja com encantamentos, com palvras ou com alguns truques. A tempestade continuou forte, mas agora o balanço do oceano tinha melhorado, o navio já não estava tão instável.

Se sentiu um pouco tonta, já tinha feito esse tipo de coisa em Lagos... Mas o oceano era grande demais. Deveria estar muito pálida, porque Edmundo lhe foi perguntar;

- Você está bem?

Ela só assentiu. Demonstrava que ainda estava brava com ele, mesmo não estando, achava mais fácil assim, sabe se lá o porque.

Edmundo levou um pouco para o lado pessoal, quando ele achou que tinha conseguido se aproximar um pouco dela em Felimante, descobriu que só estava mais longe.

- A tempestade me deixa um pouco dispersa... Mas eu consigo. - Disse assim, apenas para assegurar a si mesma.

***

A tempestade durou o dia todo, o dia seguinte e mais outros... Não havia descanso para ninguém. Não conseguiam cozinhar, e nem secar a roupas. O navio estava quase que completamente alagado.

O mar estava mais revolto do que no início, e Elizabeth se sentia esgotada e abatida, em frequência maior ainda que o resto da tripulação.

𝑨𝒔 𝒄𝒓𝒐𝒏𝒊𝒄𝒂𝒔 𝒅𝒆 𝑵𝒂𝒓𝒏𝒊𝒂 - 𝑨 𝒇𝒂𝒅𝒂Onde histórias criam vida. Descubra agora