- Tá frio, né?

Ele me olhou sem mover a cabeça.

- Hunrum.

Silêncio.

Mordi o lábio inferior me forçando a pensar em qualquer outra pergunta.

- Você e o Jackson vem muito pra cá?

Mais um silêncio pesado, duro, tangível. Sendo quebrado apenas pelo barulho dos nossos pés caminhando na neve.

Tudo bem.

Não é como se ele fosse obrigado a me responder.

- A gente vinha todo ano - Explicou devagar e calmo - No Natal. Com nossas famílias.

Oh!

Ele respondeu.

- Eu também! - fiquei tão animado, que falei sem pensar.

- Sério?

- Não - Meu rosto e orelhas esquentaram - É a primeira vez que eu vejo neve na verdade - Cobri as bochechas com as mãos, cogitando a possibilidade de sair correndo ou de afundar o rosto na neve - Desculpa. Eu não sei porque disse isso.

Eu sei.

É porque eu tô nervoso. E burro. Você me deixa nervoso. E burro.

Hoseok finalmente olhou em minha direção. E riu. Alto, genuíno, vivo e caloroso.

Não lembro dele ter rido nenhuma vez desde que cheguei ali. Será que ele não queria rir perto de mim?

Seu olhar caiu sobre minhas mãos.

- Cadê suas luvas?

A pergunta me pegou desprevenido. Tive que parar o que estava fazendo para entender que ele estava falando comigo e não, sei lá, com qualquer outra pessoa do mundo, mesmo que só existisse eu ali perto dele.

Baixei os olhos e encarei minhas próprias mãos. Elas estavam vermelhas e, veja só, percebi apenas naquele momento que estavam dormentes, muito dormentes.

- Esqueci na casa. Acho.

Eu podia sentir seu olhar em cima de mim. Me julgando.

- É. Eu sei. Eu sou desorganizado.

- Eu não disse nada.

- Mas pensou.

Ele parou de andar e segurou meu pulso, me fazendo parar também. Puxou meu braço para perto de si com delicadeza e apertou meus dedos entre suas mãos.

- Você não sabe o que eu penso.

Ele estava concentrado, suas mãos gentis e cuidadosas trabalhando para esquentar a minha. Eu não podia sentir sua pele, por causa da luva, mas ainda assim minhas veias pareciam derreter com aquela proximidade.

Como se tivesse escutado meus pensamentos, Hoseok tirou as próprias luvas, colocou no bolso do casaco e voltou a apertar minha mão como estava fazendo. Mas agora pele com pele. Tato com tato. Toque com toque.

Meus olhos ficaram presos naquela cena. Hipnotizados. Como se jamais tivessem visto sua mão ou sentido ela acariciar a minha.

Se antes meu corpo parecia fraco como uma geléia, agora eu era todo feito de líquido, borbulhando por dentro, como se meus músculos e ossos não tivessem força para mais nada.

Lado a lado || SopeWhere stories live. Discover now