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YOONGI

Havia passado quase duas semanas. Quase duas semanas e eu sozinho naquele apartamento. Tudo me fazia lembrar o Hoseok, tudo tinha a cara dele ao mesmo tempo que faltava sua presença. Faltava sua risada escandalosa, sua postura elétrica, sua vida, sua energia. Faltava ele. E isso doía.

Havíamos trocado apenas algumas mensagens em que eu pedi para ele voltar para casa, que ficaria no Jungkook, enquanto procuraria outro lugar para morar. Ele respondeu que não precisava, que eu morava ali tanto quanto ele e que ele tinha família na cidade, enquanto a minha estava longe, etc, etc, etc.

Não conversamos sobre a gente e eu não sabia mais o que éramos. Namorados? Ex-namorados? Roomates? Ex-roomates? Amigos? Ex-amigos? Ninguém havia colocado um ponto final, mas também não fazia sentido dizer que namorávamos se não trocávamos nem cinco frases seguidas.

Talvez essa fosse a ideia do Hoseok de terminar. Talvez ele estivesse apenas esperando aparecer outra pessoa, se aproximar, ter um encontro e aí terminar comigo. Talvez ele quisesse me manter em banho maria. Ou nem isso. Apenas guardado na despensa, isolado e sozinho.

Eu não conseguia dormir direito. Acordava no meio da noite e relembrava nossa briga ou os momentos bons que tivemos, então me arrastava até o quarto dele e dormia ali, sentindo pelo menos um pouco daquele cheiro e presença tão familiares e cotidianos para mim.

Jungkook e Namjoon tentavam me fazer sair, me chamavam para beber, ver filme, jogar basquete ou qualquer outra coisa e eu negava. Por mais difícil que fosse ficar ali naquele apartamento, parecia ainda pior sair dele. Eu queria fazer alguma coisa para ocupar a cabeça, mas não conseguia fazer nada e aí continuava nesse ciclo vicioso de vazio, apatia, solidão e incapacidade de sair de casa.

Os únicos lugares que eu havia ido a semana inteira tinham sido o supermercado e três apartamentos que estavam para alugar. Mas nenhum deles parecia bom o bastante, porque nenhum deles tinha o Hoseok como roomate. E aí eu sempre inventava alguma desculpa: está caro, longe da faculdade, pequeno, grande, etc. A verdade é que eu ficava esperando o minuto, a hora, o dia seguinte para decidir, na esperança de que Hoseok iria me ligar e pedir para esquecermos tudo. Mas esse dia não chegava. E por mais que ele dissesse que não tinha problema eu ficar ali, eu sabia que tinha. Não daria mais para morarmos juntos depois daquilo. Não se não conseguíamos nem ao menos trocar um bom dia ou um oi sem nos sentirmos magoados e machucados um com o outro.

Eu havia pedido. Várias e várias vezes, para que ele ficasse. Eu sabia que se ele saísse naquele dia, não saberíamos mais consertar e nossa relação continuaria quebrada. Mas ele saiu. Me deixando sozinho e chorando por tanto tempo, que eu dormi chorando, sonhei que estava chorando e acordei ainda chorando.

Eu estava deitado no sofá, ainda de pijama, mesmo já sendo duas horas da tarde, quando a campainha tocou. Claro que meu coração parecia um carro da Fórmula 1, agitado, correndo, na esperança de ser o Hoseok. Mas não era. Abri e porta e dei de cara com o Jungkook.

Ele me obrigou a tormar um banho, praticamente me colocando embaixo do chuveiro, trouxe uma mala cheia de roupas de neve para me emprestar, jogou umas cuecas minhas dentro e, quando me dei conta, eu estava no carro com Jungkook dirigindo, Namjoon no banco do passageiro e eu atrás sozinho, vendo a paisagem coberta de neve e a estrada curva e íngreme da montanha passar.

Jungkook conversava sobre ele e Jimin e eu me cocei para perguntar se eles haviam visto o Hoseok.

- Eu não o vi - Explicou me olhando pelo retrovisor como se conseguisse ler meus pensamentos - Ele também não tá saindo muito.

Era difícil ouvir o nome dele e Jungkook parecia notar isso, então sempre tinha cuidado de não menciona-lo na minha frente.

Eu realmente não queria ter vindo, mas Jungkook e Namjoon insistiram tanto que não tive como negar.

Lado a lado || SopeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora