Peque

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PARTE 4

Futricar sobre confidências mal guardadas, que antes era um deleite pernicioso na vida de Gregori, agora passara a ser somente uma memória distante e saudosa.

Após o seminário e todo o desfecho de sentimentalismo com o presbítero, sossegou. Acalentou-se na ideia de que para estar com Taehyung seguiria seus passos, pois cônscio estava que daquele caminho ele não desvirtuaria, por mais que pecasse. O medo de viver e ser julgado, bem como o arrependimento dos desregramentos, o levariam sempre a se prostrar e pedir perdão, fosse erro ou não.

Entretanto, dentro do coração de Hoseok residia amargura. Amava Taehyung sim, trilhou contra seus princípios em nome do amor que sentia por ele, mas estava cada vez mais difícil conviver lado a lado, quando se encontravam, com o padre sem poder tocá-lo como ansiava, sem poder vê-lo sem nada, sem poder fodê-lo até que toda a cidadela ouvisse seus prantos de prazer.

Gregori estava insano.

Não se evocava de quando havia sido a última vez a bater uma para o sacerdote, mas já fazia tempo o suficiente para que seu pau lhe traísse em momentos mais inoportunos possíveis, como agora.

Por Deus, estava salivando ao observá-lo degustar a hóstia, quão pecaminoso e em quantos níveis diferentes era?

Estava presente na missa como visitante, viajara depois de tanto tempo para dar as boas-vindas, no entanto, no momento, estava arrependido de estar ali. Observar cada passo ensaiado e fluído do mais velho lhe corroía a alma, beirava a loucura o quanto se aguentava para não pular em cima dele e lhe arrancar as vestes.

— Senhor eu não sou digno que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e serei salvo — ele firmou sem dureza, no automático.

A edícula estava cheia, mas conforme a missa acabou esvaziou-se. Restaram-se minguadas pessoas conversando entre si, outras com o padre.

Taehyung estava ainda mais pulcro desde a última vez que foi visto. Seus cabelos estavam maiores, mas em camadas na parte de trás, os olhos amistosos sorriam com graça e júbilo. Sorrisos incontidos, singelos e charmosos despontavam de sua face sempre que um novo alguém lhe pedia a benção.

Então Gregori se aproximou, chegando de mansinho, e fora como se o mais velho sentisse na pele a contiguidade. O que o denunciou? Eflúvio ou portentos?

— Boa noite, Padre — saudou Gregori, com sua reverência hiperbólica beirando o ilícito da gentileza. Os luzeiros negros ataram-se aos de cor mel, tanto sendo dito em silêncio enquanto seus lábios macios contemplaram o calor da destra dele.

A senhorinha ao lado do padre, que debatia sobre as necessidades de se pagar o dízimo, os deixou a sós. Quando se deram conta, a igreja estava vazia e somente eles dois permaneceram.

— Não seja tão formal, isto nunca combinou consigo — Taehyung disse, o puxando para um abraço caloroso e apertado.

Aspirou fervorosamente o odor do outro, inebriando-se da fragrância delicada, tão discrepante da personalidade dele.

— Agora as coisas são diferentes. Devo-te respeito — Hoseok sorriu, afastando-se do Padre. Jurou ter enxergado uma chispa de orgulho brilhando no olhar alheio.

— Sempre deveu, mas raramente acatava — lembrou-o — Devo confessar que estimava o Gregori provocador?

— Se vai fazê-lo, creio que devamos estrar no estande. — aconselhou sugestivo, o canto da boca elevando-se em seu mais belo sorriso, conquanto banhado por intenções intensas e acintosas.

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