Abrindo os olhos, com a vista meio turva, mente desnorteada e o corpo muito fraco, ainda em decorrência dos acontecimentos da noite anterior, Benício encontrou-se à beira do mar. A cabeça estava latejando, não conseguia identificar sua localização. Todavia, para sua surpresa, o corpo, cabelo e roupas; completamente seco. A respiração funcionava normalmente, corroborando sua teoria de que estava na superfície há um bom tempo.
Quanto tempo se passara? Foi fácil de descobrir, o crepúsculo era iminente. Olhando ao redor, percebeu que a pequena cidade encontrava-se a poucos metros de distância. Aonde teriam ido os policiais? Melhor ainda, quem o tinha salvo?
Subitamente, quebrando a linha de raciocínio do garoto, Wunderschön apareceu. Benício estarreceu-se, pois o estado da pequena ave era decadente. Como não conseguia voar, arrastou-se até ali caminhando, provavelmente foi bem cansativo, ainda mais para alguém do tamanho dela. Aproximando-se de Billy, disse:- Benício, você precisa sair daqui antes que o encontrem.
- Se não me encontraram até agora - respondeu Benício - com certeza não encontrarão. E você? Como conseguiu chegar até aqui?
- A Rosa me trouxe.
- Rosa? - Benício estava boquiaberto e de olhos esbugalhados - mas como assim? Ela conseguiu te entender? E onde ela está?
- Pedi que voltasse. E respondendo à sua outra pergunta, sim. Ela me entende.
- Então não sou só eu... mas quando tentei voar, não funcionou.
- Mas é claro que não, a magia enfraquece quando está cercada de céticos.
- Isso me faz lembrar de alguma coisa... mas não sei exatamente o quê - Benício esqueceu-se da gigantesca visão que tivera - Antes de sairmos, preciso testar a magia.
- Como?
- Vem cá, vou curar sua asa.
Pondo Wunderschön no colo, Benício, com convicção, tocou a asa quebrada. Fechou os olhos e, com tamanha destreza, parecendo até que havia praticado magia por anos, sabendo exatamente o que tinha de fazer, sentiu uma forte energia dentro de si, então curou a pequena ave. Até Wunderschön admirou-se.
- Queria poder fazer isto em frente a todos - disse Benício.
Levantando-se e a limpar a terra em suas roupas, ao virar-se, Benício avistou Josefina, Carlota e os dois policiais aproximando-se. Não correu, pretendia conversar civilizadamente, já que a confusão não resolveu o conflito. Denotavam calma, não diminuindo as aflições do garoto.
- Onde você estava todo esse tempo? - indagou Josefina.
- Não sei como vim parar aqui - respondeu Benício - algo ou alguém me tirou das águas.
- Sua mãe nos disse que foi um mal entendido, desculpe pela confusão - disse um dos policiais.
- Mal entendido? - perguntou Benício, indignado - essa mulher tentou me matar.
- Benício, para o seu bem - disse Carlota - esquece essa história maluca.
- E não foi só isso, Roberto Wilson deixou-me a mercê da morte em um enorme buraco no Vale da Raposa.
- Deixe os mortos em paz - disse Carlota.
- Mortos? - muito confuso, com o coração começando a acelerar, Benício perguntou.
- Isso mesmo. Roberto Wilson faleceu há algumas horas, caiu de uma árvore.
- Aaaaaaaaaaah!
Benício ajoelhou-se no chão desesperadamente, assustando Wunderschön, a qual estava em seu ombro. Lágrimas, lamúrias e tormentos surgiram instantaneamente. A visão não falhara, a premonição realizou-se. Era horrível a sensação de impotência que o cercava, a respiração estava descontrolada. Odiava Roberto, mas não ao ponto de apetecer sua morte.
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O Penúltimo
FantasyBenício, um jovem sonhador em meio a uma legião de céticos, descobre que possui poderes mágicos, visíveis apenas aos seus olhos. Não acreditavam em suas palavras, sendo seu único amigo um rapaz que vivia em seus sonhos, chamado Ragnar. Porém, ele pa...