O bom de ser a melhor amiga de uma pessoa que você não gosta, é saber coisas importantes sobre ela, mesmo por mais inúteis que essas coisas possam parecer. Graças ao cardápio alimentar que ela me forçou a copiar pelo menos dez vezes, eu sabia que a bonequinha de porcelana virava um baiacu quando ingeria qualquer tipo de castanha.

Dei uma risada interna, enquanto a via caminhar em direção a mesa de sobremesas, da onde Ksenia, Jan e Mahina haviam acabado de sair.

Que pena para a Dudek.

Mais tarde, já em meu dormitório, me preparei para receber Damian pela primeira vez em quase duas semanas

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Mais tarde, já em meu dormitório, me preparei para receber Damian pela primeira vez em quase duas semanas. Comi uma porção de cereal, tomei um banho quente e relaxante para aliviar a tensão de mais cedo e me vesti de forma comportada.

Por outro lado, decidi usar perfume diferente pela primeira vez em nossas aulas.

Logo que Katrine deixou o quarto, ouvi uma batida suave na porta e a abri para que Damian entrasse antes que alguém o visse por perto, mantenho uma postura pouco diferente do que eu já tinha em relação a ele.

Assim que fechei a porta e me virei para olhá-lo, não pude conter o sorriso entre meus lábios. Por mais cruel que as pessoas tivessem sido comigo a minha vida toda, Damian foi capaz de despertar um lado bom em mim, mesmo num momento tão difícil. Mas eu sabia que mais cedo ou mais tarde, teríamos que lidar com a possibilidade de nos separarmos, principalmente porque nossos caminhos eram muito diferentes.

Que droga!

— Você está bem? Não vai se sentar? — perguntou docemente, indicando com a cabeça para a cadeira ao seu lado.

Na cadeira? Me perguntei, negando com a cabeça para mim mesma.

Alcancei a cadeira ao lado de Damian com passos longos e rápidos, me sentando ao seu lado.

Como já tinha deixado meu caderno de anotações preparado sobre a escrivaninha, não precisei me preocupar em pegá-lo do outro lado e folheá-lo, ignorando o fato de que da última vez em que estivemos sozinhos aqui, as coisas saíram um pouco do controle.

Claro, eu sabia que uma hora ou outra isso iria acontecer entre nós, mas o problema é que eu não me sentia preparada para conhecer Damian de uma forma tão... ousada. Quero dizer, naquele dia ele não trouxe sequer um livro com ele para estudarmos.

Passamos a maior parte do tempo conversando e nos beijando, como se não houvesse amanhã. E o pior de tudo é que eu gostei de tudo isso bem mais do que deveria. Só não fui capaz de dar o próximo passo.

— Por que está me evitando? — sua voz apesar de tênue, me intimidava.

— O quê? — perguntei de forma confusa.

— Você sabe bem, não seja cínica, Gretta. — respondeu, mordendo os lábios para evitar um sorriso.

Era óbvio que ele tinha sacado, só não queria dizer. Seus olhos escuros me encaravam feito uma águia em busca de sua presa.

— Juro que não sei do que você está falando! — sorri.

Mentirosa! Você sabe sim!

— Para começo de conversa, me surpreendeu bastante a senhorita estar conseguindo prestar atenção durante as minhas aulas e, inclusive, responder todas as perguntas, mesmo as mais difíceis. — começou a dizer, enquanto remexia o bolso do sobretudo vinho que usava esta noite. — É claro que fico muito feliz em saber que tem se esforçado para atingir seus objetivos, Gretta. Mas, se passar a entender minha matéria, qual outra desculpa terei para ensiná-la em particular?

Então, tirou uma caixinha de dentro do bolso e de lá de dentro tirou outra coisa. Minha nossa, ele usava óculos.

Apertei os olhos ao vê-lo levar a armação redonda em direção ao rosto. A sensação de que eu estava vivendo um sonho e nada isso não era real, me fez sorrir instantaneamente, feito uma idiota.

Puta merda, por que Damian Nowak tem que ser tão bonito e ainda usar aqueles óculos? Isso deveria ser um crime!

— Desde quando usa óculos? — quis saber.

— Isso não vem ao caso agora. Primeiro, responda minha pergunta.

Na verdade, vinha sim, mas quem sou eu para pestanejar contar ele?

Antes que Damian argumentasse qualquer outra coisa, me coloquei de pé rapidamente, dando alguns passos na direção dele me sentando em seu colo, apoiando uma das mãos em sua nuca e a outra no encosto da cadeira.

— E qual é o problema de fingir que não sou boa na sua matéria? Isso mudaria alguma coisa? — inclinei meu rosto em direção ao dele, quase colando nossas testas.

Chegava a ser engraçado estar tão próxima de Damian quanto agora. A poucos dias atrás, ele nem sequer me dava sinais de interesse. Se continuasse com toda aquela firula por muito tempo, eu teria desistido de tentar.

Como ele permaneceu em silêncio absoluto, me atentei a perguntar outra vez:

— Mudaria algo, professor Nowak?

— Desculpe, mas não consigo me concentrar em muitas coisas, quando você está literalmente em cima de mim. — sussurrou apertando os lábios.

O sorriso que ameaçava aparecer em meus lábios, se intensificou, me provando que era mil vezes melhor ouvi-lo dizer aquilo para mim, do que para outra pessoa.

Então, eu o beijei.

E mais uma vez foi como se o meu corpo finalmente encontrasse a melhor coisa do mundo. Mais uma vez tive uma sensação que não me pertencia. E nem Loren Dudek ou Klementyna me fariam desistir de Damian Nowak, por mais ameaçador que nosso relacionamento pudesse parecer para uma das duas. Isso, se é que eu podia chamar de relacionamento. Não era nada sério ainda, mas esperava que um dia pudesse ser.

Enquanto nossas línguas encontravam a melhor forma de estarem juntas, um grito feminino agudo vindo do outro lado do corredor, me fez sorrir internamente.

Acho que a Loren deve ter acabado de descobrir que mexeu com a pessoa errada. E que se dane as consequências dos atos de hoje, eu estava com Damian e não havia nada mais intenso que isso.

Boas Garotas MalvadasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora