XVIII - 18

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— Desde que comecei a andar com você, minha vida parece ser um livro de ação e suspense. — Mahina foi bem indelicada falando com a boca cheia, mas fingi não me importar.

— Obrigada pela parte que me toca, senhorita Kamínski, me sinto muito melhor. — a minha ironia não passou despercebida, mas ela conteve o sorriso que ameaçava escapar dos seus lábios.

— Disponha!

Revirei os olhos.

— Então, Greta... como foi lá na sala com o diretor? Ficou muito encrencada? — Jan não escondeu sua curiosidade.

Ela está ansiando tanto por uma mísera informação, que esmagava o pobre canudo do seu suco de morango com as mãos, enquanto mexia a poupa de um lado para o outro.

Suspirei por tamanho interesse. No pouco tempo que estou andando mais intimamente com ela, notei o quanto Jan comenta sobre a vida alheia. Não é à toa que, quando ela andava com a Loren, era a rádio do grupo. Digo, nunca falávamos da nossa vida para a Jan, mas ela sempre sabia tudo o que acontecia.

— Não fiquei encrencada como achei que ficaria. — dei os ombros e bebi meu café forte. Afinal, era só o que me faltava a Dudek conseguir me ferrar com uma encenação malfeita daquela.

De certo modo era verdade.

Claro, levei uma advertência e Klementyna seria avisada sobre o que aconteceu. Fora isso, nada conseguia me fazer esquecer o pequeno momento que tive com o Damian no banheiro feminino, nem mesmo o fato de que eu fui obrigada a olhar para a cara da Loren por meia hora na diretoria. Isso me incomodaria em outras ocasiões, mas não hoje.

Durante o dia, eu só pensei em como seria quando acabasse as aulas e eu fosse para o meu dormitório. Hoje era um daqueles dias em que eu tinha aulas particulares e  se ele comparecesse, seria a resposta definitiva de que eu consegui fisgá-lo.

Em toda minha vida, nunca fiquei tão ansiosa para uma aula de história, como estava me sentindo agora. Com um sorriso alegre, me levantei e olhei para as meninas.

— Já vou indo.

— Já? Mas ainda está cedo, Gretta! — Ksenia me olhou com os olhos cerrados.

— Depois desse longo dia, tudo que eu preciso é de um banho quente e de descanso. — falei, me esforçando para parecer convincente.

As três concordaram, afinal, não tinha motivos para elas negarem, já que meu dia havia sido bem agitado. À propósito, todos os meus dias têm sido agitados, desde aquele domingo na cafeteria.

— Coma mais um pouco! Você comeu tão pouco, Gretta... e também não comeu de manhã. — Jan me advertiu.

— De verdade, estou sem fome. Até amanhã. — dei os ombros e me afastei da arquibancada, indo na direção dos dormitórios.

Como o dia havia sido longo para todas nós, fui com as meninas para as arquibancadas e lá, comemos ao ar puro, onde distraímos nossa mente um pouco desse dia conturbado.

Contra a minha vontade, os boatos do ocorrido mais cedo, se espalharam muito rápido. As palavras da Loren Dudek me chamando de 'irmãzinha' não passaram despercebidas pelas fofoqueiras.

Em pouco tempo já haviam inventado tantas histórias que até me diverti com o fundamento de algumas. Em uma dessas histórias medonhas, elas diziam que minha mãe adotou a Loren, porque seus pais verdadeiros morreram em um acidente no oceano Atlântico, em um cruzeiro.

— Cruzeiro... isso só seria legal se ela estivesse à bordo. — murmurei, entrando no corredor dos dormitórios.

Andei com a cabeça erguida em direção ao meu dormitório, evitando os olhares que recebi no corredor. Assim que cheguei no meu quarto, abri a porta e a fechei com pressa começando a tirar minha roupa. Falo sério, quando digo que preciso de um bom banho!

Boas Garotas MalvadasWhere stories live. Discover now