IV - 4

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É estranho parar e pensar em como a minha vida mudou em apenas uma semana.  Sejamos honestos, sair do conforto de fazer parte do grupo da Dudek foi uma tacada impulsiva, mas bem aclamada pela minha deusa interior.

Havia alcançado o meu limite, e de certo iria surtar se continuasse fingindo ser amiga da Loren, embora temos um passado juntas, a nossa história precisava de um ponto final.

Por outro lado, o professor Nowak se instalou na minha cabeça como um passageiro repugnante que está nos meus pensamentos. Sua virilidade tem me tirado o sono — ou me dado sono. Bom, se levarmos em conta que dormir em duas aulas por ter perdido o sono na noite, soa compreensível pensar dessa forma.

Damian Nowak, esse nome tem me deixado bastante dispersa me recuso a acreditar, que estou tendo uma paixonite pelo meu professor de história. Certo! Eu, e metade da escola.

Alguns dias se passaram e tudo se manteve normal demais  com as fiéis escudeiras da Dudek, isso me preocupa, espero uma tacada da Loren, e isso não acontece. Odeio ter que esperar. Apenas trocamos olhares, e como a conheço bem, sei que ela está tramando algo. Aquela ruiva padronizada não me engana.

Fora isso, Jan e Ksenia têm mostrado que são boas colegas e que dividem bem o mesmo espaço. Parece repugnante pensar dessa forma, mas não as vejo como amigas.

Vivo desconfiada, e isso nunca mudará. Já Mahina tem demonstrado ser uma pessoa confiável. Acho que ela será o mais próximo que terei a minha vida toda, daquilo que todos chamam de amiga. Parece deprimente pensar assim, mais não é.

— Gretta? — acordei dos meus devaneios com a voz de Jan.

— Oi? — respondi constrangida.

— Estávamos falando sobre nosso passeio amanhã. Você vai, não é?

Havia me esquecido que hoje era sexta. Por que eu prometi isso mesmo? Claro, foi justamente para elas calarem a porra da boca.

— Claro, à noite, como disse. — concordei sorrindo sem vontade.

As três voltaram a conversar sobre algo que não fiz nenhuma questão de prestar atenção. Eu não sou fã dessas manhãs cercadas dessas tagarelas, mas posso me acostumar com isso.

Levei a xícara com o café expresso até meus lábios, sentindo o gosto amargo. Havia separado uma fatia de bolo caseiro e dois biscoitos integrais para fazer o desjejum. Olhei para o prato da Ksenia, e senti meu estômago revirar pela quantidade d e gordura que havia em seu prato. Ainda não eram nem 08:00 da manhã, e sua refeição matutina tinha tanto açúcar que me deu diabetes só de olhar.

Desaprovei mentalmente, mas não disse nada, não tenho o direito de dizer! Isso seria o que a Loren faria, e não sou nenhuma nutricionista formada em alimentação para sair taxando o que as pessoas ao meu redor comem, gosto de estar no controle, mas não sou maluca.

O nome do professor Damian na conversa delas, me fez prestar atenção.

— Eu daria vinte e quatro anos! — Jan disse com o rosto apoiado em suas mãos.

Supreendentemente todas as alunas parecem falar dele a semana toda. E olha que estamos na primeira semana de aula!

— Não, ele precisaria ter no mínimo dois anos de trabalho para o governo em colégios do estado para que o diretor Monrov deixasse ele dar aulas na nossa escola. — Ksenia parecia pensativa.

— Talvez vinte e cinco... — Mahina deu os ombros e me olhou. — E você Gretta? Acha que o professor Damian tem trinta anos?

— Trinta? — sussurrei pensativa. — Não, talvez uns vinte e sete, ou vinte oito.

Trinta anos? Acho difícil. Damian não aparenta estar na casa dos trinta, mas também não aparentar ter vinte e sete. Se eu o visse fora do colégio, acreditaria que ele teria a minha idade.

Voltei a prestar atenção no debate elaborado que as meninas formaram para descobrir a idade do professor apenas com teorias. Segurei a vontade de rir da situação em determinados momentos, mas me mantive centrada nas "provas" que Jan falava sobre o professor ter trinta anos.

— Senhorita Teadele? — todas pararam de falar.

Olhei para o lado, vendo o diretor Monrov ao lado da nossa mesa no refeitório me olhando.

— Bom dia, senhoritas! — cumprimentou todas com um sorriso educado.

— Bom dia, senhor Monrov. — falei em um fio de voz, ainda desconcertada por termos sido pegas em flagrante falando do professor de história.

— Senhorita Teadele, pode me acompanhar até minha sala por gentileza?

— Claro. — me levantei e o segui, recebendo alguns olhares.

As meninas ficaram apreensivas, como eu. Tentei repassar durante o caminho até a sala do diretor, se havia feito algo de errado, mas não me recordei de nada, — nada além daquele dia onde dei uns tapas na Loren, entretanto, Arthur já conversou comigo, e foi fora dos territórios do colégio, então não, não é isso.

Meu corpo começou a responder minhas teorias com uma ansiedade sufocante.

Engoli em seco, contorcendo meus dedos e tentando me manter calma enquanto seguia o senhor Monrov pelos corredores movimentados.

— Desculpe, mas eu fiz algo de errado? — perguntei passando pelas portas da diretoria.

De longe notei o sorriso meia boca do senhor Arthur Monrov.

— Está temendo algo? Não fez nada de errado, pelo menos não que eu saiba, Gretta. — suspirei de alívio, o observando. — Sua mãe está em uma chamada, querendo falar com você.

— Minha... mãe? — arqueei uma sobrancelha.

Um tapa teria surtido menos impacto.

Boas Garotas MalvadasWhere stories live. Discover now