Cap 20 - Dois Lados de um Percurso

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- O que é de tão importante que você tem para falar para mim que teve que fazer todo esse tumulto? - perguntou Geralt, quando os dois chegaram ali no local dos equinos.

- Acho que sabe muito bem Geralt. Eu já fui muito paciente em esperar, dar espaço, e todo tipo de porcaria psicólogica para te deixar confortável e esperar que você mesmo viesse conversar comigo. Porra Geralt, eu mais do que ninguém sei quando você está com um problema. Eu te criei, sei de todos os seus defeitos e qualidades. E agora fica igual a uma donzela suspirando por aí com um olhar vazio e sofrendo sozinho? Isso é inaceitável.

- Vesemir, você está indo longe demais. - disse num quase rosnado, muito irritado por aquele início de conversa.

- Não Geralt, não estou. Eu estive lhe observando desde quando chegou aqui. Até pensei que fosse por causa daquela feiticeira, Yennefer, então observei suas reações quando eu falava propositalmente em conversas causais fazendo menção dela, e você nem sequer se incomodava. Chamei a Triss aqui também para esse mesmo motivo, pois pensei que com a notícia de sua morte você tenha ficado sentido. E mais uma vez sua reação foi indiferente, a diferença é que você teve um pesar normal quando se morre algum amigo.

- Vesemir. - disse seu nome numa advertência para parar de falar, pois sabia onde aquilo chegaria.

- Mas então, me lembrei das canções, as quais foram feitas para você, as quais eu ouvia em tudo que era canto: estalagens, prostíbulos, castelos, vilarejos... Por todos os lugares! Quem seria tão fanático ao ponto de fazer canções à uma só pessoa?

- Vesemir, chega.

- Cale-se Geralt. - disse em tom sério, apontando um dedo para o rosto do bruxo mais novo - Você vai ficar quieto e vai me ouvir, está me entendendo?

- Isso é assunto meu.

- Não é mais a partir do momento em que está debaixo desse teto. E também a partir do momento em que isso está lhe prejudicando. Geralt, você está ficando doente. Está morrendo e não percebe. Olhe pra você, sua aparência está uma merda.

- Talvez seja esse negócio de ter uma criança sob os meus cuidados.

- Eu tive você sob os meus cuidados desde muleque e não fiquei com essa cara de defunto amargurado. - rebateu - Continuando... Então comecei a estudar aquelas canções, as letras delas. Procurei saber quem as compôs, e descobri o nome... Jaskier. O bardo mais famoso do Continente, o bardo pregoeiro do Lobo Branco, assim como ele é conhecido. Parei então para observar e prestar atenção então às letras... Geralt, aquilo tudo é uma declaração de am...

- Já basta! - rosnou Geralt, cerrando os punhos.

- E foi então que juntei as peças... Todas as vezes que mencionava algo às músicas, bardos, promessas... Eu via o quanto inquieto e perturbado você ficava. Passando até dias sem comer. E depois daquele dia em que ouvi aquelas profecias vinda daquela voz macabra vinda de Ciri... Geralt, eu tive minha confirmação.

- Vesemir, isso não é importante. Foram somente delírios de uma Fonte, como Triss disse que Ciri é.

- Geralt, não se torture mais! Eu já vi de tudo nessa vida. É claro que não esperava isso vindo de você. E também não concordo muito com essas coisas... Mas se isso está lhe fazendo mal, e até essa coisa do além da voz da Ciri está lhe avisando... Vá então atrás de seu destino. Do que é seu.

A mandíbula de Geralt se tensionou a um ponto que seus dentes rangeram, mas não porque estava enraivecido, mas porque não esperava que fosse ouvir uma coisa dessas de Vesemir. Seu coração estava miúdo, encurralado, espremido, tudo pelo medo da condenação e rejeição de seu tutor, que também foi seu pai desde que chegara ali na Fortaleza, e escutar essas palavras de apoio... Foi uma tonelada tirada de seus ombros.

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