capitulo 20- você é melhor

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Com quase dez minutos de espera, minha pouca paciência chegou ao fim.

Considerando a quantidade de lugares possíveis para um caderno estar, uma pessoa normal nunca demoraria tanto tempo assim para achá-lo. Ele devia estar brincando com a minha cara, era a única resposta.

- NOAHH, DÁ PRA ANDAR RÁPIDO? NÃO TENHO O DIA TODO.

Nada. Nenhum ruído em resposta. Ele definitivamente estava tirando uma com a minha cara.

Me levantei do sofá e fui em direção as escadas. Eu não ia ficar esperando ele parar de ser infantil, até porque isso talvez nunca acontecesse.

Enquanto ia pro andar de cima, uma pequena pergunta surgiu na minha cabeça: E se isso fosse exatamente o que ele queria? A falta de resposta fez com que eu paralisasse no fim da escada. Ao mesmo tempo em que eu tentava acreditar que ele não seria tão idiota a ponto de criar uma estratégia tão óbvia, eu me lembrava que isso era bem a cara dele. Pela primeira vez desde que eu chegara ali eu não sabia muito bem o que fazer.

Bom, ficar ali parada era a última coisa que eu devia fazer. Olhei rapidamente em volta e escolhi um dos cômodos aleatoriamente.

Depois disso foi rápido. Entrei, fechei a porta atrás de mim, e me virei pra descobrir onde eu tinha entrado. Ok, talvez entrar em um dos cômodos não tenha sido a melhor escolha que eu fiz na vida. Fechei os olhos, uma idéia idiota. Como se depois que eu fizesse isso, toda aquela imagem não fosse estar mais ali.

Com um suspiro, os abri novamente, me forçando a encarar a realidade a minha frente. O quarto do noah. Com cuidado, dei alguns passos, observando os detalhes dali.

Assim como o resto da casa, era decorado com móveis caros e de ótimo gosto. As cores não seguiam o padrão azul de quarto de menino. Os tons eram claros, variações do branco, o que dava ao quarto uma atmosfera quase celestial.
Mas não foi nada disso que chamou minha atenção. A única coisa que conseguiu fazer isso foi um porta-retratos na estante.

Bom, na verdade foi pela foto dentro dele que eu me senti atraída. Um retrato do noah com a mãe dele, quando ele ainda tinha uns dez anos de idade. Incrível como mesmo tão pequeno ele conseguia ser tão lindo. A felicidade era evidente em seus olhos, que brilhavam. Pela primeira vez eu consegui reparar na mãe dele. A alegria também estava naquele rosto, que era igualmente lindo comparado ao do filho. A semelhança era evidente, exceto pelos olhos dela, que eram castanhos.

Ele devia ter herdado os olhos do pai dele. O pai. Eu nunca tinha ouvido ele falando dessa parte da família, nem nunca tinha o tinha visto.

A única coisa que eu sabia era que os pais dele se separaram quando ele ainda era bem novo. Era só. Minha mente começou a bolar teorias, e eu sabia que ela iria muito mais longe se não fosse pela quebra do silêncio.

Um caderno sendo jogado na mesinha do quarto.

-sabia que não é muito educado ir entrando no quarto dos outros assim.

Eu me virei.

- A culpa é sua. Você que ficou enrolando pra me entregar o caderno.

Ele não disse nada, só apontou pro caderno e me encarou com uma expressão irônica.

- É, depois de cinco anos. - reclamei.

Ele riu.

- Você nem exagera, né?

Eu não respondi. Apenas me virei novamente para a estante e coloquei o porta retrato no lugar.
- E ainda mexe nas minhas coisas. - ele riu de novo, dessa vez com ironia.

Me coloquei na posição de sair do quarto, sem me preocupar em responder, de novo. Peguei o maldito caderno no caminho, mas fui obrigada a parar da porta.

- Dá pra sair? - pedi com educação.

- É o meu quarto. Aqui - ele se aproximou, - Eu faço o que eu quero.

-com todas as suas vadias pode até ser mas comigo não funciona assim,você já deveria saber disso.

- O que eu quero. O que você quer. Dá no mesmo, não acha? - aquele par de olhos verdes me dominaram. - Nós dois queremos as mesmas coisas, e você já deveria saber disso.

Nossa proximidade e as palavras dele foram suficientes.

As mãos dele foram para minha cintura e as minhas tomaram sua posição no pescoço dele, o que fez com que o caderno caísse no chão. Ele me encostou na parede, e suas mãos foram responsáveis pela tentativa de tirar minha blusa. Eu entendi o óbvio. Afastei meus lábios do dele e empurrei o corpo dele.

- Não. - coloquei o meu antebraço entre nós.

- Só se você conseguir me convencer de que você não quer. - ele me olhou com um sorriso meio safado.

- Não vem com esse joguinho pra cima de mim. Eu já te disse. Eu não sou como nenhuma delas.

Os lábios dele se aproximaram do meu ouvido.

- É claro que não. Você é melhor.

Meu coração disparou.

- E mais esperta. - falei, sem perder a pose.

Ele riu e se afastou, me dando espaço suficiente pra sair. Isso era algo bom com relação a ele. Apesar de tudo, o noah nunca forçava a barra. Ele devia gostar de deixar com que tudo acontecesse naturalmente.

Peguei o caderno do chão e me dirigi à saída.

- A porta lá embaixo está aberta, e é só apertar um botão pra abrir o portão, acho que você consegue.

Continuei andando sem me dar ao trabalho de responder. Sair de lá foi fácil, como eu já imaginava. Andei rápido de volta pra minha casa, imaginando como eu faria meu irmão compensar esse favor.

o melhor amigo do meu irmão-urridalgo Onde as histórias ganham vida. Descobre agora