capitulo 15 -dia família

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Não sei como aconteceu, mas depois de um tempo percebi que ele me colocou de pé, na frente da poltrona, e depois, muito gentilmente, me deitou no sofá, pressionando o corpo contra o meu.

Uma de minhas pernas entrelaçou a perna dele que estava em cima da minha, e suas mãos começaram a percorrer meu corpo devagar. Tudo muito devagar, mas não com se ele tivesse algum medo. Era mais como se ele quisesse prolongar tudo aquilo. Deixar cada toque dele preso na minha mente, com uma intensidade enorme.

Com o tempo, eu comecei a perceber o fim do beijo. Fiquei mais atenta às coisas que aconteciam ao meu redor, aos barulhos e a todo o resto. Mas isso era só parte de minha atenção. Eu ainda conseguia me concentrar no sabor do beijo dele, no calor que passava do corpo dele para o meu, na música que nossas línguas dançavam juntas, em um ritmo perfeito, em tudo ali. E principalmente no fato de que, nenhum de nós queria dar um fim a tudo aquilo. Nós dois sabíamos que já era hora de terminar o nosso contato físico, mas nenhum de nós sabia como, nem queria terminar. Ele então passou os lábios para o meu pescoço e eu finalmente abri os olhos. Era incrível como, apesar de todas as nossas brigas e de todo o ódio, nós nos desejávamos de uma maneira tão igual e tão forte. Era quase... impressionante.

Agora, com os olhos abertos, eu podia realmente perceber o mundo ao meu redor. Perceber como ainda fazia silêncio ali, mesmo com tudo o que estava acontecendo. Só o que se podia ouvir dentro da casa era o barulho do chuveiro, que foi interrompido um segundo antes dos lábios do noah voltarem a encontrar os meus.

- noah... – eu tentei falar entre o beijo. Ele não me ouvia, que novidade.

O barulho da porta do banheiro se abrindo me sobressaltou. Eu não ia deixar absolutamente ninguém me ver ali com ele.

- NOAH! – eu empurrei o corpo dele com toda a força que eu podia e ele se afastou de mim.

- O que foi agora? – ele resmungou irritado.

- O josh, ta saindo do banheiro.

- Está com medo, é? – ele sorriu. O meu sorriso. Me controlei para não o beijar novamente, o sorriso era tão lindo, tão perfeito, tão meu.

Os passos no corredor despertaram o nervosismo em mim.

- Sai de cima de mim – eu falei entredentes, de novo empurrando o corpo dele.

Dessa vez ele colaborou. Saiu de cima de mim com facilidade e se sentou no sofá, a uma distância considerável. Eu encarei a televisão, que ainda estava ligada. Eu ouvi os passos do meu irmão se aproximarem e depois ouvi sua voz.

- urrea, tô quase descendo, beleza?

- Beleza, cara, mas anda rápido aí.

Eu não olhei pra cima pra ver a reação do meu irmão. Estava com medo de que o meu rosto pudesse transparecer alguma coisa.

Por não estar olhando, não vi quando o Josh foi embora, mas outra pessoa viu.

- Psiu.

Era tão ridículo tudo isso, e mais ridículo ainda seria olhar. Eu tinha certeza de que seria completamente idiota olhar pra ele agora. Mas bom, minha parte racional não era capaz de controlar isso. Virei meu rosto para ele, com uma expressão entediada. Ele sorriu pra mim de um modo especulativo.

- Esquece. – silabei.

Ele começou a rir. O mesmo riso de antes, irônico.

- Se você tem certeza de que não vai pedir por isso depois... Eu não costumo fazer a mesma oferta duas vezes no mesmo dia.

Foi a minha vez de rir.

- Por favor, noah – eu me levantei do sofá. – Você tem uma auto-estima grande demais.

- Se é o que você diz. – ele agora sorria. Sorria como alguém que tem a mentira a sua frente, e tinha certeza de não passava disso: mentira.

Eu não me dei ao trabalho de responder. Me levantei do sofá e fui para o meu quarto. Já tinha conseguido o meu momento com ele e isso bastava. Não precisava ficar aturando ele, fingindo que gostava dele pra conseguir o que eu queria. Na verdade, conseguir o que eu queria com ele, no sentido que vocês sabem, era quase fácil demais. Homens.

Tudo tinha mudado pra ele com relação a mim, porque meu corpo tinha mudado. E eu podia muito bem tirar proveito disso, porque não?

Ele estava sempre usando todas as meninas, brincava com elas e depois jogava fora. E ele sempre conseguia isso porque de algum modo que eu desconheço, elas conseguiam se apaixonar por ele.

Agora, ele estava jogando de igual pra igual. Duas pessoas que se interessam apenas pelo físico, sem nenhum outro interesse além desse. Agora, ele seria usado, jogaria como qualquer outro jogado seu próprio jogo, não que ele fosse se importar verdadeiramente com isso. De novo, homens. Eu não queria ver isso como uma vingança pelo que ele fez com a minha ex-amiga. Eu veria mais como uma saciação de um desejo. E sempre seria igual para nós dois, isso era quase engraçado.

A noite passou rápido, sem sonhos de que eu pudesse me lembrar, tinha sido um sonho profundo. O outro dia amanheceu lindo. Eu não consegui ficar indiferente à luz, ao sol, às cores.

Meu irmão e eu brincamos na pequena quadra que ficava nos fundos, (a mesma quadra em que um dia eu fiquei com o pepe), minha mãe fez um almoço diferente, tudo estava perfeito.

Foi o nosso dia família, fazia tanto tempo que nós não tínhamos um dia assim.

o melhor amigo do meu irmão-urridalgo Onde as histórias ganham vida. Descobre agora