34 - A lua e o sol - part2.

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Abracei seu corpo trêmulo quando ela o deitou sobre o meu, ofegante e suada, tentando recuperar o controle que se perdeu. Fechei meus olhos e aspirei o cheiro de seus cabelos, deslizando as pontas de meus dedos por sua coluna até o começo de sua bunda, tornando a subir. Meu coração acelerado denunciava o prazer vivido, e ele não terminava com o orgasmo, se estendia ao após, apenas com o simples fato de tê-la em meus braços. Era um misto de sentimentos que me deixavam louca, e eu gostava, amava ficar louca. Amar Camila, estar com ela, fazer amor, foder com ela era e sempre seria uma eterna loucura. Não importava quantos anos eu passasse ao lado dela, sua essência jamais deixaria de me inebriar.

: - Não dorme não... – Sussurrei na escuridão, afagando seus fios de cabelo, sem conseguir abrir meus olhos tamanho o relaxamento. – Não dorme não, linda...

Eu senti ela sorrir contra o meu pescoço, um sorriso preguiçoso que me arrepiou a pele. Seus dedos atrevidos correram sobre a minha clavícula.

: - Não vou. – Ganhei um beijo no pé do ouvido, e não consegui segurar o sorriso, seguido de uma mordida de lábio que denunciava a minha apreciação a qualquer gesto seu. – Eu senti tanta saudade, tanta... – Ela sussurrava, como se estivesse me confidenciando um segredo, com aquela voz doce e sensual ao mesmo tempo, que me fazia sentir tesão e paixão. Eu amava demais aquela dualidade. – Não aguentava mais esperar para ver você, beijar você... gozar você. – Soltei um suspiro longo, pois aquela sua frase me deu uma pontada no ventre, e a apertei mais contra mim, como se quisesse nos fundir. – Você conseguiu me enlouquecer. Lauren, Lauren... não sei o que eu faço com você.

Eu não aguentei e acabei rindo, um riso suave e feliz, que confirmava a veracidade de suas palavras. Eu enlouqueci a nós duas, mas em minha defesa, não tive escolhas.

Há um pouco mais de um mês atrás, fiz uma viagem de emergência aos Estados Unidos, para resolver alguns problemas da Microsoft que não poderiam ser resolvidos a distância. Camila não pode ir comigo, por conta da faculdade, então prometi que faria o que fosse para voltar o mais rápido possível. Mas não foi bem assim que aconteceu, a viagem se estendeu mais do que o previsto, tive que ficar lá por mais tempo do que eu queria, e para completar, no dia em que marquei a minha viagem de volta, recebi uma ligação de mãe Vitória para ir direto ao Terreiro assim que desembarcasse no Brasil. E assim o fiz. E veja bem, lá fiquei por duas semanas.

Duas semanas recolhida dentro do terreiro, para cumprir com algumas obrigações que ficaram atrasadas por conta da viagem aos Estados Unidos. Eu poderia ter ido para casa ao término dos meus afazeres, mas optei por cumprir o resguardo de todas as limpezas e obrigações que eu fiz, no terreiro mesmo, ou eu tinha certeza que iria quebrá-lo a partir do momento que visse Camila. Como eu poderia resistir a ela? Era praticamente impossível manter minhas mãos longe dela, ainda mais depois de tanto tempo sem vê-la. Sendo assim, optei por ficar isolada no meu local sagrado, aonde Camila e sua doce tormenta não poderiam me distrair.

Quando o resguardo acabou e fui liberada, já totalizava dois meses sem vê-la. Eu só não surtei porque tenho certeza que mãe Vitória deve ter "macumbado" a minha cabeça para eu não pensar em Camila nos dias que fiquei no terreiro, pois caso contrário, eu estaria no manicômio já. Isso soa engraçado, mas eu só soube o quão urgente era e quanta falta eu sentia dela, quando a vi.

E quando eu a vi naquela noite, depois de tanto tempo, foi euforia total. Não trocamos nem mesmo um 'oi', eu mal abri a porta de casa e ela já estava nos meus braços, me beijando, me abraçando e arrancando as minhas roupas. Tudo o que fiz foi responder com a mesma urgência, pois eu sentia a saudade doer, sem me fazer pensar em mais nada. Toda aquela falta, toda aquela necessidade que sentíamos uma da outra nos levou até aquele momento, aonde a saudade ainda existia, mas já podia ser aplacada.

Águas de MarçoWhere stories live. Discover now