A Morte da Sereia

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A balsa ferruginosa atravessava as ondas, que espumava ao de encontro às paredes dela. O teto acinzentado de nuvens em que mal se via um raio de sol sequer, completavam a paisagem opressora do que viria ser uma viagem breve, mas tensa.

Os poucos passageiros escoravam-se no que podiam, pois a balsa ondulava de tal modo a quem não estava acostumado, sentiria mal certamente.

Apenas um passageiro punha-se firme em sua posição, admirando a paisagem que mantinha-se contínua há algum tempo. Seus cabelos e sobretudo negros eram menires visuais às cores sisudas da viagem. Seu cachecol azul esvoaçava, que adornava seu pescoço alongado e jovem. A placidez de seus olhos de cor clara escondiam os pensamentos que flutuavam em sua mente, a confabular dados e informações que eram trazidos a todo momento a seu privilegiado cérebro.

Outro passageiro surgiu no convés, meio cambaleante. Sua palidez evidenciava que algo não estava bem. Sentou a um banco próximo ao homem de sobretudo negro. Segurava-se na murada da balsa, com mais insegurança que a maioria. Sua palidez competia com a cor dos cabelos alourados e curtos. As cores mais escuras de sua vestimenta deixavam-no mais pálido que o usual.

Um sonoro apito soou, alertando que chegavam ao destino final da viagem.

A linha do horizonte finalmente surgia o destino deles. E era a ilha que alguns ansiosamente pretendiam chegar.

Poucos barcos estavam ancorados no porto feito de vários píers construídos de madeira. No horário que encostavam para desembarcar, os trabalhadores do mar já foram a seus postos, para trazer o suprimento dado pela natureza.

A prancha de acesso à rampa principal fora montada e aos poucos os passageiros prosseguiam seus caminhos por ali adiante.

Ambos os homens foram os últimos a descerem da balsa. Quando o homem que passara mal pisou em terra firme, sentiu-se aliviado.

- Melhor assim? Disse o acompanhante de sobretudo negro.

- Ah, agora sabe o quanto gosto dos meus pés em terra firme! Disse enfático.

Ambos os homens caminharam pelo píer a até um agrupamento de construções. Pelas fachadas coloridas e letreiros peculiares, já por diziam que estavam na parte turística da ilha. Antes de alcançarem o calçamento de pedra, um homem trajado de monge, recepcionou-os sorridente.

- Bem vindo à Ilha da Santa Sereia!

E para cada um, foram depositados pequenas conchas em suas mãos.

- Santa Sereia? Mas não é a Ilha de Iona?

O homem de sobretudo negro nada falou, apenas revirou os olhos para cima. Sinal de que ouvira algo absurdo.

Viram um home de trajes escuros e  quepe com uma faixa em sua lateral xadrez. Este prontificou em alcançá-los e na formalidade de sua função, chamou-os:

- Senhores detetives?

Os dois cumprimentaram-no com um aperto de mãos breve.

- Sou o policial Lowers e  fui designado a levá-los até o delegado Hemingway

O policial subiu em um veículo peculiar, um carrinho de golfe. Pequeno e sem portas, logo tomaram seus assentos. Em uma arrancada suave, logo seguiram pela rua sinuosa.

Logo seguiram pelas curvas da rua estreita, que seguia a até um morro acima das construções de lojas do porto. Pela inclinação, seria um bom exercício aeróbico. Logo estacionaram diante de uma pequena casa de madeira, sobriamente pintada de cinza. As floreiras em tons avermelhados davam um certo ar de graça. Se não fosse pela placa não saberiam que era o posto policial da ilha.

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⏰ Last updated: Dec 03, 2014 ⏰

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