VI

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Estava deitada sobre a grama, o cabelo espalhado pela zona vazia do parque, que estava iluminado pelos postes e estrelas, eu me sento e suspiro, olho para os lados vendo apenas algumas folhas caídas no chão que planavam com o vento como a única forma de som e movimento no local, não sentia cheiro, não via minhas mãos direito, e de fundo como cenário o céu havia estrelas que pareciam desenhadas a mão, eu detesto sonhos. Reviro os meus olhos e me levanto, o vestido folgado que eu usava era na cor azul escuro, delicado como uma flor diria eu. Eu começo a andar pelo parque.

— É um lugar bem bonito não? — A voz clara que eu imagino que devo decorar escoa atrás de mim.

Taeyong estava sentado por baixo de uma roseira que derramava seu lindo choro cor de rosa, suas pétalas caiam por volta do garoto magro e alto de pernas cruzadas como uma criança alegre, nos sonhos ele não parecia tão amedrontador, na verdade, era algo de quem eu me aproximaria facilmente. Eu olho para o menino observando cada detalhe de sua expressão calma.

— Se ficar mais tempo com esta careta o vento bate e congela o seu lindo rosto assim — Ele zomba soltando um riso nasal logo após.

— Certo me perdoe por isso — acompanho sua risada.

— Eu tenho uma dúvida — Ele diz e bate a mão no chão ao seu lado me chamando.

Isso era apenas um sonho, ele não poderia fazer nada comigo, certo? Acabo aceitando o desafio e me sentando ao seu lado. Não poderia mentir, o garoto de perto era tão mais lindo quanto ele é de longe, é estranho poder me aproximar de meu possível inimigo.

— Dependendo da dúvida eu posso responder — Cerro meus olhos e boca com medo de que pergunta viria.

— Você me odeia? — Ele pergunta sério mas não deixando de sorrir.

— Eu acho que não? — Faço um leve bico pensativa.

— Nunca fiz nada para você — Ele vira sua cabeça em minha direção — Kun sem dúvidas me odeia, mas ele faz a sua cabeça pra me odiar também — Ele ri soprado.

— Tem razão, mas ele é meu amigo, me ajudou por muito tempo na faculdade e sempre me protege, então confio nele, digo, se ele diz que você pode me prejudicar, a algum motivo — Digo certa de minhas palavras.

— Você está praticamente dizendo "eu deixo ele me manipular! Sou cega perante a isso" — Ele satiriza.

— Não é verdade! Eu sei o que eu faço — Olho para frente, para o horizonte de estrelas falsas — Ele me protege.

— Se ele te protege por que ele te meteu no meio de uma competição tão perigosa? — Ele pergunta.

— Como assim? — Me virei para o garoto, que como sempre, tinha desaparecido — Cada dia que passa eu detesto mais os mágicos — Suspiro fundo.

— Não diga isso! — Ele surge novamente saindo de trás da árvore.

Eu me levanto rápido limpando as minhas roupas, encaro o garoto jogando a minha cabeça para o lado.

— Pare de fazer isso, por favor — Supiro profundamente cansada dessas coisas.

— Me desculpe, é divertido — A risada do garoto era agradável.

— E extremamente irritante — Reviro os meus olhos e ele já não estava mais lá.

— Não é tanto assim — Ele cochicha atrás de mim.

Eu me assusto e ando para frente me afastando do garoto que ria de minha reação.

— Graças a Deus você é só um sonho, por que na vida real você é distante, nunca agradeci tanto por uma pessoa ter problemas com meu amigo — Dou uma risada.

— Me machucou — Ele põe a mão no peito um tanto quanto brincalhão — Mas Hyeri — Ele chama minha atenção — Não é engraçado você sonhar comigo? Digo, não consegue me tirar da cabeça? — Ele ergue uma de suas sobrancelhas.

Acordo com o despertador, me levanto abro a janela e pisco diversas vezes pra me acostumar com a claridade, "o que aquele louco disse mesmo?" Me perguntei enquanto me arrumava, droga de memória curta. Termino de me arrumar e vou para o trabalho.
Estava treinando no palco a música da próxima semana, sinto que, desta vez, ela não sairá 100% como todas as vezes que faço ela, por isso estou me empenhando tanto.

— Hyeri! — Ouço me chamarem no meio das cadeiras.

— Kun! O que faz aqui — Digo rindo dele fugindo dos seguranças — Meninos! Está tudo bem, ele é meu amigo — Digo para os meus colegas de trabalho.

Os seguranças saem deixando ameaças e olhares feios para Kun, o garoto se aproxima se sentando em uma das cadeiras da primeira fileira.

— Está tudo bem? — Ele pergunta sorrindo.

— Estou sim — Me sento na berada do palco — E com você? — Pego minha garrafinha e beberico de leve a água que havia lá.

— Melhor agora — Ele dá uma piscadela pra mim e não deixa de sorrir — Aqui é realmente bonito.

Ele joga suas costas para o encosto da cadeira e observa atentamente cada detalhe do teatro.

— Bonito, pequeno e caindo aos pedaços — Suspiro triste — Não vejo a hora de ir para algum muito maior e que me paguem melhor — Dou um sorriso de lado pensativa.

— Ah para com isso, você pelo menos se apresenta em algum teatro, olha pra mim Hyeri, quando não me jogam bolo pisoteiam meu sapato, estou cansado de crianças — Sua expressão brava era um tanto quanto encantadora e engraçada.

— Você cansado de crianças? Nunca pensei que ouviria você dizer isso — Dou uma risada nasal — Olha, se você quiser eu posso te indicar aqui no teatro, tem lugar para mágicos também — Ofereço para o garoto a oportunidade de se livrar de crianças.

— Você faria isso por mim? — Os olhos do garoto brilham ao meu ver, o sorriso vai se abrindo aos poucos.

— Claro! Por que não? — Digo rindo de sua reação — Melhor não, caso você seja contratado terei de ver a sua carinha mais do que eu quero! — Faço uma piada e o garoto ri.

— Que belo palco — Ouço uma voz atrás se mim.

Eu viro rápido minha cabeça, um completo desconhecido, ele caminhava em direção ao meu celular, em um ato rápido eu tento pega-lo, minha mente sabia que ia ser falho, já que o homem era mais rápido e estava mais perto da mesa, já era, me perdoe Kun seremos eliminados por um descuido meu.
Eu fecho meus olhos triste por acabar com tudo, os pressiono rapidamente.

— Não tão rápido Woonjun — A voz de Kun escoa nervosa.

Abro lentamente meus olhos, isso só pode ser brincadeira, em um sentido literal e amedrontador meu celular flutuava sobre o chão, os homens estavam com mãos levantadas em direção ao aparelho, que vibrava rapidamente. Eles estavam realmente levitando, realmente... Não me impressiona eu querer socar os mágicos. Me levanto do chão e pego meu celular da disputa de mágicos, corro para os bastidores, era um verdadeiro labirinto por ali, labirinto que por sorte, eu sei todos os detalhes, no meio da corrida encosto na parede, olho para os lados e armo um plano rápido.

Oito de copasWhere stories live. Discover now