- Como assim? Você o encontrou? Falou com ele?

- É, falei. Fique tranquila, Mike logo estará aqui.

Ela fica calada, analisando meu rosto.

- Você está bem, menina?

- Sim. Eu preciso entrar agora, minha família deve estar preocupada - eu recebi algumas ligações e mensagens dos meus pais enquanto não estava, eles pareciam bem preocupados. Mas eu fiz questão de responder e dizer que já estava chegando.

- Tudo bem - ela não parece nenhum pouco convencida, mas não insiste. - Quando ele chegar vai receber uma bronca, vou dizer que fiquei doida de preocupação e que você também, até saiu feito doida para procurá-lo.

Prefiro que ela não diga nada, mas simplesmente lhe forço um sorrisinho e vou em direção minha casa, espero que ela não veja a trilha de cacos que deixei no caminho.

Mal coloquei meus pés dentro de casa e já fui anunciada pelo tia Duda.

- A Margarida apareceu, Gabriel.

- Aonde você se meteu, Malu? - meu pai questionou, irritado.

- Estava com o Mike, desculpe.

- Isso não te ajuda muito.

Não estou com muita paciência, ainda menos para o ciúmes do papai.

- Não se preocupe, pai. Nós não estamos mais juntos, ainda mais depois de hoje.

Não percebi que estava trazendo para a realidade sobre o término até ver a expressão de todos os meus familiares presentes. Mesmo os meus amigos, que já sabiam, parecem chocados pelo o que eu revelei. 

- O que aconteceu? - mamãe perguntou, ela com certeza foi a primeira a perceber que estou estranha.

- Nada que deva ser lembrado - passo por eles, indo em direção as escadas. No último segundo eu sorrio, não quero que pensem que estou sofrendo. - Vou apenas tomar um banho e colocar uma roupa confortável que daqui a pouco desço novamente.

Não espero respostas, apenas subo depressa. Faço questão de trancar a porta do quarto assim que entro. 

Sento na cama, tirando minhas chuteiras e a medalha de ouro em meu pescoço, acho que esqueci os troféus no carro. Sorrio com a lembrança de um dos momentos mais felizes da minha vida. Nem parece que foi hoje, parece que foi em um dia bem distante. 

Aperto a medalha em minhas mãos, me lembrando do Mike. Solto-a em cima da minha cama, quando estendo minha mão noto a brilhante aliança de prata em meu dedo. Já chega disso. Mike já estava sem a dele desde ontem, eu, boba e inocente, pensei que ainda havia chances. Mas agora eu cai na real. 

Arranco a aliança de uma vez fechando meu punho com ela, mas em um determinado momento, assim como minha primeira lágrima, ela caiu e rolou para debaixo da cama. Não faço questão de pegar. 

Deixo meu corpo cair sobre a cama, com os olhos voltados para o teto as lágrimas vão caindo e se perdendo no colchão. Já chega disso, quando me permiti ser tão fraca? 

Me levanto com um salto, a primeira coisa que faço é tirar minhas roupas e correr para o banheiro, preciso lavar o dia de hoje e superá-lo. Como pode ter sido o melhor e pior dia ao mesmo tempo?

Fico parada uns bons minutos embaixo do chuveiro, esperando que a água leve embora todas as lembranças com o Mike. Esfrego cada parte do meu corpo, em especial nas regiões avermelhadas nas quais ele me tocou hoje, como eu havia imaginado, ficarei alguns dias com as marcas, mesmo meu pescoço está com um chupão enorme. 

Amor MalucoWhere stories live. Discover now