63-Correntes.

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Vejo tudo acontecer na minha frente como se estivesse acontecendo em câmera lenta, e a cada vez que fecho e abro os olhos, é como se um corte de cena acontecesse.

Primeiro vejo Harry subir as escadas e colocar Louis contra a parede, Niall vem atrás de mim e no segundo seguinte estou sendo levada para o quarto de Harry, aonde Niall me trás um copo de água para me acalmar.

Mas dessa vez tudo acontece diferente. Não consigo ouvir nada, nem a voz grossa de Harry que briga com Louis, nem Niall que tenta falar comigo, nem as palavras. Não escuto nada, só um barulho agudo, que me faz fechar os olhos fortemente e eu noto o quanto isso me deixa mais desesperada, do que ouvir elas ecoarem na minha cabeça como um holofote.

O que está acontecendo?

Harry surge no quarto, liberando Niall e eu percebo que seu nariz sangra. Vejo ele segurar meu rosto com as duas mãos ainda ofegante.

-Por Deus, por Deus, por Deus Clhöe. Olhe para mim - ele diz se agaichando na beirada da cama - acho melhor te levar para casa - ele anuncia mas balanço a cabeça e ele suspira preocupado - você precisa tomar um remédio, precisa...o que eu tenho que fazer?

Não quero ir para casa, não quero precisar explicar para minha mãe, nem para mais ninguém sobre isso, mas sei que precisarei ir.

***

No momento seguinte, eu estou em casa. Para minha sorte, minha mãe está em seu escritório, tio Will deve ter saído com meu pai e Liam deve estar na empresa.Eu subo para me quarto junto com Harry e vou direto até a primeira gaveta aonde guardo meu comprimidos. Eu tomo espero descerem pela minha garganta, e me encaro no espelho.

Trêmula, pálida, fraca.

-Acho melhor você voltar, o Niall precisa... de você - digo olhando para ele pelo espelho.

-Niall precisa de mim? - ele ergue a sobrancelha - vem cá - ele me chama me puxando para ele - sinto muito pelo Louis pequena. Ele não vai mais voltar naquela casa - ele se explica me puxando para o seu peito e eu não consigo conter um soluço que escapa por entre meus lábios.

-Eu estou tão cansada disso - digo entre um soluço.

-Eu sei pequena, eu sei - ele suspira, e me guia até a cama me cobrindo.

Harry se deita ao meu lado e ficamos um bocado de tempo em silêncio, enquanto ele acaricia meus cabelos e eu me encolho junto dele.

Sinto que a cada minutos que passa ele tenta tomar iniciativa para tentar falar alguma coisa, mas desiste e continua em silêncio. Porque sabe que não adianta falar que vou ficar bem, porque por mais que eu fique, uma hora ou outra vou cair. Alguém vai me quebrar por mais que eu tome cuidado.

Os meus olhos se fecham depois de alguns momentos e depois de um dia cheio, eu finalmente adormeço no peito dele, acordando algumas horas depois que a noite já caiu.

Harry já foi embora, e eu me sento na cama ainda sonolenta e com uma enorme dor de cabeça. Meus pés tocam o chão gelado e eu calço os chinelos caminhando até o banheiro. Decido tomar um banho quente e assim que abro o chuveiro sinto meu rosto arder. Eu toco a região e percebo que arranhei o rosto mais cedo, mordo o maxilar relembrando do episódio hoje mais cedo e me frustro.

Já fazia alguma dias desde a última vez que aconteceu, eu quase não me lembrava como era. Mas por mais que eu não me lembrasse, sempre parece a primeira vez.

Como uma avalanche passando por cima de mim sem dó, me sufocando, querendo transbordar por cada parte do meu corpo. A sensação de adrenalina que dispara meu coração e ao mesmo tempo um freio que contrair todos os músculos de meu corpo, como correntes me prendendo e eu não pudesse sair.

Nunca tive tanto medo de algo do que aquilo que tem dentro de mim. E que, uma hora ou outra vai me consumir de vez e eu não vou aguentar segurar.

Como uma coisa pode ter tanto controle em você? Por Deus, será que vou ser assombrada por algo que aconteceu a muito tempo e que não foi minha culpa?

Como alguém que já morreu pode estar tão presente na sua vida?

A única coisa que eu queria era seguir em frente sem sequelas do que Zayn fez comigo, mas cada vez que eu tento fazer isso, a Onomatofobia sempre servirá como um lembrete, como um castigo que eu vou carregar enquanto não colocar um ponto final, assim como Harry fez.

E é o que vou fazer. Não irei mais esperar ninguém me derrubar novamente para lembrar disso.

Ando apressadamente até o consultório de Doutora Nora, com o celular no ouvido, ela não atende, mas sei que ela mora ao lado de seu consultório, foi aonde ela pediu para tio Will deixar ela hoje mais cedo.

E por mas que Harry tenha me pedido para não sair sozinha ainda mais a noite, eu corro até, como se minha vida não fosse passar de hoje. Eu preciso contar para alguém o que aconteceu naquela tarda, na casa de campo dos avós de Zayn. Não posso mais segurar isso sozinha, eu não aguento mais um fardo tão grande como esse.

Paro por um momento em frente ao pequeno portãozinho para tomar novamente o fôlego e aperto o pequeno botãozinho da campainha, ninguém atende.

Bato palma chamando pelo nome dela e espero mais alguns minutos, porém novamente ninguém atende.

Um detalha chama minha atenção e eu arqueio a sobrancelha: A corrente que fecha o portão maior de lanças enferrujadas, está quebrada e o portão que dá para a passagem do carro na garagem, - carro que ela não tem - está entreaberto.

-Doutora Nora? - chamo passando pela brecha portão maior.

A pequena casinha nos fundos está toda escura, e eu caminho lentamente pelo quintal de grama com alguns anões de jardim.

-Olá? - chamo novamente empurrando a porta que entreaberta range.

Ligo a lanterna do celular para poder enxergar melhor e mordo o maxilar ao ver marcas de sangue no chão.

-Olá? - dessa vez como num instinto de alerta eu sussurro entrando dentro da casa.

Tem revistas jogadas no chão, e a mesinha do centro da sala está virada como se houvesse tido uma luta no lugar, o sofá também está fora do lugar como se alguém tivesse esbarrado com força nele.

Só agora percebo que estou prendendo a respiração  enquanto caminho pelo estreito corredor da casa com alguns quadros pendurados na parede enquanto sigo o rastro de sangue pelo chão. Chego a um quarto e ouço a respiração de alguém falhada.

Gelo.

Olho ao meu redor e no chão encontro um pedaço da cadeira da cozinha, eu pego, como se aquilo fosse realmente fosse me defender de alguém que pelo visto não conseguiu ser parado nem com o sofá, nem com uma cadeira, nem com nada.

Eu tomo coragem antes de me mostrar para quem quer que seja que está no quarto. E num movimento brusco, eu me ergo o pedaço de madeira para acertar quem quer que possa me atacar, mas largo o pedaço de madeira quando vejo a doutora Nora ao pé do criado mudo com o abdomem ensanguentado, cheio de rasgos.

Rasgos de alguém que a atacou com uma faca.

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Helloo amores

Uma década depois eu apareço, com o mundo de quarentena

Tem alguém lendo a fic ainda?

Em breve a fic chega em sua reta final, então aguardem que muitas emoções estão vindo por ai.

Até o proximo capítulo, prometo não demorar tanto

𝕺𝖓𝖔𝖒𝖆𝖙𝖔𝖋𝖔𝖇𝖎𝖆  ➼ʜᴀʀʀʏOnde as histórias ganham vida. Descobre agora