A Última Matriz

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— Ok, Tyler. Qual será a piada? — perguntou Ash. Eu também já estava esperando uma.

— Não tem nenhuma piada... — disse ele, dando as costas. Eu e Ash nos olhamos fingindo surpresa, e de repente Tyler voltou. — Vou mirar bem na cara do sujeito e dizer... Por favor. Minta para mim! Haha.

Todos em volta riram. Tyler simplesmente não se acanhava em nada. Era de se admirar. Ash se aproximou da bancada e aguardou sua entrega.

— Checando. Teoria da Conspiração-D. Faça bom uso, Guardiã. Obrigada, obrigada.

Ashra recuou com sua nova aquisição, e de repente a desmontou inteira.

— O que está fazendo?! — O quê essa doida está pensando?

— Reciclando. Não gosto de escopetas. São barulhentas, e não são precisas. Um estilhaço a menos e estou morta. Brutalidade e barulho é com Tyler.

Ah sim, por que você é uma assassina silenciosa, pensei. Chegou então a minha vez. Não estava criando expectativas porque, nesse momento, qualquer coisa seria melhor do que eu tinha. A Chefe acenou pra mim e sumiu atrás de imensas prateleiras e arquivos.

— Checando. Soldado da Auto-Estrada. A sobrevivência da civilização depende da nossa determinação em escolher consciência sobre conveniência. É a assinatura vinda com este fuzil. Use-o com responsabilidade, Guardiã. Obrigada!

Isso era uma indireta para Ashra? Bom, fiquei satisfeita com o Batedor. Parecia ter sido escolhido a dedo pra mim. Mas em uma coisa eu não parava de pensar.

— Quem escolhe os nomes dessas armas?

— Alguém com muito senso de humor! — ressurgiu Tyler — Vai por mim, você vai escutar nomes bem melhores que esses!

— Acho que nem consigo imaginar.

— Ashra tem um canhão de mão que é a fuça dela: Rebelde.Solitário, Não serei domado. Não é uma graça?

Ashra já estava atrás dele com o tal canhão apontado para a sua cabeça.

— Tem sorte de ser proibido o uso de armas na Torre, ou veriam seus miolos aos ares. — disse ela, e pra ficar ainda mais sombrio, estava sorrindo.

— Pra quê se dar o trabalho de me matar se vai ter que me ressuscitar depois. — e mostrou a língua pra ela. Era muito divertido ver a discussão deles.

— Bom eu vou ver se os mentores precisam de algo. — foi o melhor que consegui dizer.

— Não acabamos ainda! —Tyler olhou pra mim com os punhos na cintura. — Melhor do que receber uma entrega no Correio, é decodificar engramas! Vamos ao Criptoarque!

— Criptoarque? — eu me sentia um peixe fora d'água. — Fantasma?

— Ah sim, o Criptoarque. A insaciável curiosidade do Mestre Rahool o levou à Torre, onde ele trabalha como um cripto-arqueólogo residente lidando diretamente com os Guardiões que retornam da fronteira. Ele decodifica engramas como um serviço gratuito, e assim que passa a confiar em algum Guardião específico, ele passa a oferecer engramas raros à venda. Devido à escassez desses artefatos, ele é obrigado a pedir Lúmen como compensação. O verdadeiro amor de Rahool é história. Ele trata cada nova descoberta como uma chance de entender a glória da Era Dourada ou a terrível verdade do Colapso. Ouça atentamente aos seus murmúrios: ele pode ser o primeiro a entender.

— Ash, vem com a gente? — perguntei a nossa sombra caçadora.

— Pode ser, não tenho nada melhor pra fazer, por enquanto.

A Luz de KhivaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora