∅⁹ - É, sou eu...

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Olá de novo, aparentemente não tenho estado presente. Confesso que um grande bloqueio me atingiu, talvez por que eu necessariamente estava me sentindo muito bem, coisas ótimas acontecendo e momentos inesquecíveis se realizando. É... Mas acabou, á deriva na solidão amargurada me deparo com os últimos acontecimentos que deveriam ter me tombado mas por causa da perfeita alegria confinada em mim não percebi que coisas ruins estavam nascendo, crescendo e se transmutando diante dos meus olhos.

Apesar de dizerem que como eu não notei não me afetou... um momento só, eu disse que não afetou!? Estou ansioso pelo próximo motivo a qual vão me chamar de dramático ou insinuar que minha vida está perfeita, realmente eu amo tudo que tenho só que isso não é um motivo para que eu pulei de alegria a cada brisa fresca que eu receber na cara, não é!? Sabe a pouco tempo uma das minhas pessoas prediletas me deixou, ela não morreu mas foi pra muito longe, ela sempre me deu auxílio em momentos como o que estou passando agora, e bom, está meio difícil contatá-la já que não a vejo a muito.
Hoje amado, foi um dia tão desgastante que mal pude me dar o luxo de me sentir bem ao menos para comer, tudo tem perdido o sabor, e não que eu não os sinta, mas se tornou fútil a necessidade de senti-los.

As coisas estão me irritando tanto que até para me estressar eu quero chorar, coisas que não deveriam me afetar estão me chamando, gritando para que eu ás coloque para dentro. Eu sinto que uma coisa dentro de mim clama por justiça, por amor e por paz. Eu queria tanto, tantas coisas, que não consigo mais me querer, a vida tem batido a minha porta com o amigo Futuro, e não sei ao certo se ele é bem vindo. Sinto cheiro do medo que exala de mim quando entro no banho, o medo de ser menos que as gotículas que escorrem sobre a minha pele, como eu almejo ser uma delas para desaparecer entre as outras milhares que escorrem camuflando minhas lágrimas no banheiro.

Agora, eu tenho medo de estar sozinho num mundo onde o qual eu não decidi estar, viver para mim no momento está interligado aos meus pensamentos da vida, doze mil pensamentos diferentes que oscilam entre bom, ruim e péssimo, talvez sejam doze mil motivos para continuar tentando ou só doze mil reais de luto pela morte do jovem suicida. Fiquem cientes que a vida é um troféu rosa no alto de um grande carvalho azul, não faz sentido, viu só? E perante os grandes eu lhes digo, foda-se o que querem que eu seja, um homem, um gay padrão, uma bixa ativa ou só um hétero zuando na multidão de peruca e maquiagem forçada. Eu sou meu próprio demônio desolador, que aflige a si mesmo com o temor nas mãos, eu me sinto como uma ave trancada em uma gaiola em chamas, que se queima na intenção de sair dali e voar mais uma vez tão alto que nem possa respirar.

Eu estou me desintegrando na maior loucura da minha vida, e cabe a mim recolher a areia escura que me torno. No fundo oculto do meu eu, ouço o som de alguém que já não mais se encontra são, que busca como lobo á caçada um amor valente o qual me queira tanto quanto eu o quero. É pecado pedir pra ser ao menos contente ao lado de alguém!? Eu estou no ápice da minha loucura e sinto o cheiro de biscate no ar, eu me arrependo mas não passo vontade, sou como praga a plantação, acabo com tudo.

Vocês que dizem que sou uma boa pessoa, renuncio, pois como o demônio é eu já pensei em ser, já tentei ser e agora transfiro minha degradação em forma de amor. Sou só aquela cereja industrializada que todos odeiam, mas se sobrar alguém acaba comendo... Eu sou pra jogar solo e infelizmente eu não posso aflorar minha estima já que não terei alguém pra demonstrar a minha beleza transcendente á ninguém mais que eu mesmo nessa realidade podre.

Relatos de UMA TRAVESTI PerdidaWhere stories live. Discover now