BUENOS AIRES - ARGENTINA

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Sexta-feira, 20 de Dezembro de 2019, 20H. Em alguma rua da capital argentina.

Torres, sente o coração palpitar quando percebe do volante do seu carro, uma BMW de cor azul santorino, que a frente da sua casa parece uma árvore de natal, tamanha a quantidade de sirenes luminosas piscando. Os estrobos parecem imensos Genius, com suas luzes saltitando de um lado para outro.

A entrada da casa lembra a porta do metrô das dezoito horas, tamanha a quantidade de policiais que passam por baixo dela. O homem careca de queixo quadrado, não contendo o ímpeto, e frente ao desespero que toma-lhe o coração, salta exasperado de dentro do veículo em movimento.

A BMW sobe o meio-fio, parando num gramado verde e bem cortado. Os Zun-zun-zuns que os vizinhos começam a fazer, quando Torres sai abrindo passagem pelo meio deles, parecendo um nadador olímpico que tenta vencer o percurso dos cinquenta metros à sua frente, aumentando-lhe mais ainda a agonia.

Sabe aquele temido burburinho? Que os familiares de vítimas fatais escutam? Quando estão chegando no local da tragédia? Tipo:

"Que Deus o ajude."
"Ela não vai suportar quando ver!"
"Pobre homem";
"Nenhum ser-humano deveria passar por isso."

É exatamente isso que ele escuta.

Os cochichos vão sendo multiplicados a cada segundo que ele vai chegando perto da faixa zebrada. O seu subconsciente capta o que está acontecendo, mas, o marido esperançoso nega a realidade, pegando-se às últimas esperanças que sabe não existir.

Talvez, o cérebro humano faça isso, para que a loucura não domine imediatamente a sanidade que resta. Vai saber.

A verdade é que se ele soubesse o que veria, nunca teria entrado na casa. Os policiais e legistas, deveriam ter tomado cuidados para não deixá-lo entrar porta a dentro.

O delegado Gutierrez está parado na entrada da sala, com as mãos na cintura. Torres, fica ainda mais desnorteado ao ver o delegado fazendo sucessivos movimentos com a cabeça, como quem diz: "Não acredito na porra que estou vendo" . Há um misto de perplexidade, agonia e estranhamento sendo mostrado pelo rosto do homem da lei.

— Meu Deus... por favor... não! NÃO! Por favor não deixe que isso seja verdade! NÃO! — O delegado Gutierrez assusta-se com os gritos proferidos pelo marido da vítima na cena do crime.

O homem da lei, segura-o pelo ombro com toda força. Gutierrez fecha seus olhos, tendo o coração acelerado diante dos gritos transbordantes de desespero de Torres.

— Porra! Ajudem-me aqui! Vocês não o viram entrando? — Grita o delegado. Mas, a ajuda chega muito tarde. Torres, endiabra-se quando ver o corpo da mulher nua, e sem a cabeça.

Alexandra Fullister está deitada de bruços perto da janela.

Ela está quase em baixo da cortina de tons degrade na cor vinho. O blackout branco, massageia a planta do pé desnudo da mulher.

Alexandra, quase conseguiu escapar com vida. Como isso seria possível, não sabe-se. Mas o cenário de guerra, mostra que a esposa de Torres, lutou como pode para ficar viva.

Tudo estava destruído. A mesa de madeira estava dividida ao meio. Exatamente no meio. Rasgões cruzavam as paredes, de um lado para outro. As joias arremessadas, estão espalhadas por todos os lados. O piso de madeira reluz parecendo ouro.

— Meu amor... não! Não! NÃO! — Gutierrez contém o homem, mas com a força que é dada ao marido pela adrenalina, Torres consegue jogar o delegado para o lado, antes que os dois policiais possam ajudar a segura-lo, e corre na direção da mulher

DULLAHAN - A LENDA DO CAVALEIRO SEM CABEÇA - Lançado em 23/10/2019 - COMPLETO. Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora