Cap 4 - Força da Natureza

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Por sorte, Jaskier acabou encontrando um celeiro abandonado, pra dizer a verdade aquilo era uma ruína de um celeiro descente que já foi um dia.

Quando chegou à frente dali, olhou em volta, não havia ninguém e nada naquele lugar, a não ser um monte de feno e coisas velhas quebradas ou enferrujadas, nada mais que isso.

E então decidiu passar uma noite ali, afinal, que mal podia lhe acontecer em um lugar tão deserto?

- Ao menos é confortável... - disse ao encontrar um local entre fenos que parecia já ter sido usado por algum outro andarilho que passara por ali.

E assim como fazia em todas as vezes que encontrava um local do meio do nada para dormir, escondeu seu alaúde. Ali era mais fácil, pois somente pôs seu instrumento embaixo de um monte de sucatas, coisas de plantação, tratamento de bovinos e até algumas velas postas em configuração interessante ao redor daquela "cama" de feno.

Talvez alguém tenha tido uma noite muito romântica ali...

Suas costas e pés agradeceram quando finalmente se deitou, esticando-se e relaxando em seguida todos os músculos que foram usados durante um dia inteiro, praticamente.

Suas botas é que podem dizer algo a respeito...

O silêncio era apaziguador, só se ouvia o som dos grilos e o vento nas folhagens da copa das árvores. Apesar de ele não ser um homem que curtisse tanto a monotonia e o sossêgo da vida de interior, de vez em quando gostava de estar em seu canto relaxando ao som dos melodiosos e afinados passarinhos nas florestas por onde passava...

- Oh merda... - quando estava prestes a pegar no sono, se levantou num pulo ao ouvir vozes lá fora. Isso mesmo, vozes, no plural.

- Olha, veja só o que encontramos aqui... - disse um homem entrando ali com uma besta na mão.

- Uma carninha nova? - chegou outro, mirando logo seu olhar para onde seu amigo olhava.

- Senhores, não precisamos criar confusão. Sintam-se a vontade para se deitar onde quiserem, não tenho com que me opor. A bastante espaço por aqui. - disse Jaskier, já se levantando daquele ninho de fenos.

- Quem disse que queremos confusão? - o olhar do homem da besta pairou sobre o bardo dos pés a cabeça, e em seguida, deu-lhe um sorriso tão malicioso que fez Jaskier se arrepiar por advinhar o que se passava em sua mente - Quanto será que dão por ele?

- Cem ducados? Pode ser mais se for virgem.

- Ah, meus cavaleiros... - riu um pouco nervoso - Posso lhes dizer que este corpo já visitou os mais belos aposentos de damas das mais...

- Quem disse aqui em damas? - disse um outro homem, um terceiro, chegando ali com um sorriso pior do quem estava com a besta. Fez a mesma coisa que o outro, olhando-o da cabeça aos pés - Esse aí deve valer uns duzentos ducados. Cento e cinquenta no mínimo.

Jaskier as vezes ouvia falar sobre traficantes de seres místicos, ou até mercadorias ilícitas, mas também ouvira sobre os piores, os quais raptavam qualquer pessoa que eles achassem que valeria um ganho considerável. E para quê? Ah, pessoas também são usadas para os mais diversos tipos de trabalhos: magia negra, teste de novos fármacos, cobaias de magos e o pior de todos eles... Ser vendido para bordéis ou para saciar os desejos mais absurdos dos nobres. E pelo seus instintos, a última opção era a mais provável.

O bardo ficou parado e calado por alguns segundos, olhando para todos os lados tentando arranjar uma forma de sair daquela enrascada. Desejava absurdamente que tivesse algum poder como dos magos, ou pelo menos a habilidade de um guerreiro que valia por dez.

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