8 - morning, mom...

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Huening Kai

Na tela do meu celular, mensagens de um número desconhecido, mas que eu sabia serem de Soobin, brilhavam.

Precisei desbloquear o aparelho para que pudesse ver o conteúdo da última mensagem, que dizia:

Unknown number: Desculpa qualquer incômodo, é que eu sou meio tímido, e eu não te conheço muito bem...

Ah, acabei por sorrir. Ele era fofo até por mensagem. Eu poderia facilmente me apaixonar por alguém assim. Ainda com um sorriso bobo estampado no rosto, comecei a digitar para respondê-lo.

Você: não tem incômodo algum, e também não precisa ficar tímido, a gente passou umas horas perto um do outro e parece que eu te conheço faz muito tempo :p
Você: e mais uma vez, obrigado pela ajuda. foi essencial e eu me sinto realmente muito grato.

Antes que ele respondesse, bloqueei o telefone, deixando-o onde estava, mas não sem antes verificar o volume do meu próprio alarme, me certificando de que não tocaria tão cedo, sem correr o risco de acordar meus amigos cedo demais.

Andei na ponta dos pés, pois já podia ouvir o ressonar dos meninos. Rapidamente, me acomodei ao lado do Beomgyu, ainda tentando não acordar nenhum dos dois.

Já coberto e "confortável" ao lado dos meninos, tentei dormir. Pensamento atingiram minha mente enquanto eu me concentrava em dormir, roubando minha concentração.

Quando me dei conta, lembrei da mensagem que eu havia digitado para Soobin, mais especificamente de uma parte dela.

"E parece que eu te conheço faz muito tempo"

Por incrível que pareça, eu não estava falando das minhas inúmeras conferidas em seu Instagram, que nunca atualizava, nem das vezes que eu, por coincidência, ouvia a respeito dele durante conversa dos meus amigos ou dos outros estudantes. Ele era bem famoso no campus, afinal.

Mas era como se eu realmente o conhecesse, como se, por algum motivo, antes do acidente, eu já tivesse cruzado com ele em algum momento da minha vida esquecida. Não que eu desconsiderasse a possibilidade, eu nunca tive coragem de perguntar muita coisa para os meus pais ou pessoas da cidade que eu me lembrava conhecer. Mas possibilidades são pequenas, digo, eu morava numa cidade pequena, se levar em conta o tamanho de Seul, era quase impossível que alguém que conheci por lá, também esteja aqui.

De certa forma, eu me sentia tranquilo. Em Seul, ninguém sabia do que tinha acontecido, então mesmo com a pressão de ser mais maduro do que realmente sou, estar aqui até que me faz bem. As pessoas só vão saber do meu acidente se eu contar, e eu só vou contar se achar necessário e seguro.

[...]

As cortinas... — ouvi um murmurar perto de mim, sentindo os olhos doerem com uma luz forte. — Não fechou as cortinas, Kai.

Logo depois, passos lentos e destrambelhados foram ouvidos, trazendo minha consciência de volta e me fazendo perceber onde e como estava. A luz sumiu com o puxar das cortinas que fizeram barulho das passadeiras correndo pelo varal de madeira. Por fim, ouvi Taehyun voltar à passos lentos e ainda um pouco atrapalhados, quando finalmente o barulho cessou e eu deduzi que ele já estivesse deitado na outra extremidade da nossa cama improvisada.

Contra minha vontade, levantei, quase que me arrastando, seguindo até o banheiro principal da casa. Ainda no escuro, tateei a parede buscando o interruptor. Já acostumado com luminosidade, abri a torneira do pequeno gabinete, tomando um pequeno susto quando eu mesmo joguei água fria em meu rosto. Era o conhecido efeito torradeira¹.

Passei um café, sem saber se os meninos gostavam, talvez fosse mais para mim do que para eles, mas eu não me importava realmente. Com o café fumegante em mãos, vasculhei pelos armários o cereal que comprei assim que me mudei, era uma daquelas caixas gigantes, essas que se compra quando se é um Huening Kai preguiçoso que odeia fazer compras.

Talvez café e cereal não seja uma combinação comum, porque a maioria das pessoas gosta de misturar com leite, mas eu estranhamente gosto, e muito, de só o café amargo com o cereal doce, não me pergunte o porquê.

Com a passar do tempo, Beomgyu se levantou, reclamando da claridade da casa (que sequer tinha janelas abertas ou luzes acesas), mas logo cessou, iniciando uma série de comentários sobre o meu gosto peculiar para cafés da manhã.

— Tem leite, estranho? — perguntou abusado, enquanto corria os olhos pela geladeira. — Meu senhor, não tem uma verdura na tua geladeira, só come besteira! Vamos sair para comprar depois.

— Não vamos, não. — respondi, dando de ombros. — É tem leite no armário, só procurar.

— Leite no armário estraga, burro! — exclamou. — Eu vou ter que ligar para a sua mãe, Huening.

— Você não conhece minha mãe, McDonald's.

— Aposto que não demoro muito para conhecer, estranho. — confuso, encarei seu rosto até dar de ombros de novo, desistindo de continuar aquela "discussão".

— É meu dia de sorte! — Beomgyu exclamou depois de algum tempo. — Olha quem está ligando, vou conhecer agora! — não demorou muito para que eu percebesse que era o meu celular tocando, tampouco que era a minha mãe ligando, então, antes que ele atendesse, comecei a correr (lê-se "tropeçar em cada canto do trajeto") para impedir sua ação. — Oi, tia! — ah, não. — O Kai está bem sim, não se preocupe, aliás, ele está até tentando me impedir de conversar com a senhora. — ele riu um pouco, virando-se de costas para mim. — Já passo para ele, só preciso contar umas coisas... Sabe, tia, eu estava aqui olhando ajudando Kai a arrumar e organizar os armários, e adivinha? Ele está guardando leite no armário há dias! E não é? Eu disse a ele! Mas espera, não acabou... Acredita que quando eu fui colocar o leite na geladeira, percebi que ele não tem sequer um legume em estoque? Só besteira, tia. Pois é... Pois é. Não, não é incômodo algum... Ah, também foi um prazer falar com a senhora, vou passar para ele.

Ele estendeu o telefone em minha direção, sorrindo. Já eu, por outro lado, estava de cara fechada, sabendo o que me esperava do outro lado da linha.

— Bom dia, mãe...

[...]

cês reclama que eu sumo, mas ó eu aqui de novo. nunca nem sumi

Forgotten • [csb + hnk] Where stories live. Discover now