Capítulo 32

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Nicole Vinhedo

       O beijo se aprofundava cada vez mais , estava bom muito bom. Eduardo começou a me deitar no sofá e cair sobre mim puxando meu cabelo devagar. Estava muito gostoso e eu já não aguentava mais. Quando mais o beijava , mais tinha necessidade de nunca parar. Nada nos impediria , se não fosse o seu celular tocando sem parar. Nas primeiras vezes ele deixou tocar e continuamos com nossos amassos , mas a pessoa do outro lado da linha insistia em acabar com o nosso " momento" . Eduardo bufou e pegou o telefone para ver quem tanto o ligava.

  Eu tive um curiosidade em saber quem é , mas lembrei que a vida dele não é da minha conta. Ele atendeu e ficou calado por alguns segundos.

Eduardo: O QUE ? - gritou - Onde ela está ?... Que hospital cacete - xingou bravo , ele parecia muito nervoso e agoniado...  pausa -  Eu estou indo.

    Ele jogou o celular no sofá com força e colocou as mãos na cabeça andando de um lado para outro. E eu não estava entendendo nada.

Nicole: O que aconteceu ? - me intrometi - Você está bem ? - perguntei preocupada

Eduardo: A minha mãe está no hospital , parece que ela está sentindo muita dor - caramba isso realmente é preocupante - Eu vou pro hospital - ele se levantou e começou a calçar seu tênis.

    Ele estava um pouco bêbado e como eu sei que ele é meio esquentadinho quebraria o hospital inteiro. Tenho que ir com ele , eu também não estou muito sóbria , mas não importa , eu não posso deixá-lo sozinho nesse momento.

Nicole: Calma , eu vou com você - sem ouvir sua resposta corri para o quarto e troquei de roupa rapidamente. Pegando qualquer trapo que eu vi.

        No caminho até o hospital ele parecia nervoso. Puxava seus cabelos a cada minuto e apertava o volante com força. Ele não estava parando em nenhum sinal vermelho e eu já estava começando a ficar com medo.

       Coloquei minha mão na perna dela para tentar tranquiliza-lo , por mais que isso seja inútil , ele realmente pareceu mais calmo. Ele estacionou o carro de qualquer jeito e saiu na frente que tive que correr para alcança-ló.

          Eu nunca passei por isso , mas já posso imaginar o quão seja difícil saber que sua mãe está mal. Só de imaginar alguma coisa acontecendo com meu velhinhos , já me dá uma vontade enorme de chorar. Eduardo entrou na recepção do hospital e foi ao encontro de sua vó , que estava sentada em uma cadeira .

Eduardo: Cadê a minha mãe ?  - perguntou rapidamente.

Vera: Eu não sei , não tive notícias de nada até agora - sua feição parecia chateada. - Seu pai está com ela. Vão ter que tirar o bebê e a gravidez é de risco. E os dois podem não sobr... - ela começou a falar , porém Eduardo a cortou.

Eduardo: Chega - pediu para que ela não continuasse.

A gravidez é de risco e a mãe dele e o bebê podem não sobreviver.

   Tomara que Deus os ajude. Começo a fazer um oração em pensamento.

Por favor , não deixe nada acontecer com os dois.

    Eduardo se sentou e colocou a mão no rosto e abaixou a cabeça. Ver ele desse jeito me dói , eu faria de tudo para vê-lo sorrindo agora. Me sentei ao lado dele e coloquei uma mão em seu ombro em forma de conforto.

Nicole: Eii - chamei e ele não me olhou - vai ficar tudo bem. - fiz carinho em suas costas por um tempo.

       Meu coração está doendo tanto. Eu sou tão fraca pra essas coisas que comecei a cogitar que foi uma má ideia ter vindo junto com ele. Eduardo levantou a cabeça e seus olhos estava vermelhos , ele estava chorando. Me levantei para pegar um copo de água para mim e aproveitei e peguei um para Eduardo e sua vó.  

      Já estamos mais de duas horas na recepção sem notícias , Eduardo está inquieto , balançando a perna freneticamente. Perdi as contas de quantas vezes ele foi na recepcionista. Sua vó deitou em um sofá confortável e acabou dormindo. Uma movimentação de paramédicos começaram a entrar na área privada correndo com algumas caixas em mãos. Eduardo ficou ainda mais nervoso.

   
Eduardo: Eu preciso sair daqui - ele se levantou e saiu para fora.

    Fiquei sentada olhando para o nada. Talvez Eduardo precise de ar e de um tempo sozinho. Mas eu sinto que ele precisa de mim agora. Me levantei e comecei a procurá-lo. Eu não sei onde ele foi parar e estava desistindo de tanto procurar. Talvez ele realmente queira ficar sozinho e eu igual uma idiota o caçando.

       Passei pelo estacionamento e reparei que tinha uma porta aberta. Se eu não o achei em nenhum lugar ele só pode estar aqui. Olhei para cima e observei as diversas escadas. Se eu não estivesse tão preocupada , diria que estou morrendo de medo.

         Subi as escadas e no final dela , deu em uma porta também aberta. Percebi que dava no telhado do hospital e um pouco mais a frente Eduardo estava sentado olhando para o céu e fumando seu cigarro . Me aproximei dele e me sentei ao seu lado , ele não me olhou e continuei calada o observando .

Nicole: Oi - quebrei o silêncio depois de um tempo.

Eduardo: Como me achou aqui ? - disse e tragou o cigarro.

Nicole: Digamos que você me deixou algumas pistas - tentei descontrair e ele esboçou um meio sorriso. - Como está se sentindo ?.

Eduardo: Um merda - falou simplesmente.

Nicole: Está com raiva ?

Eduardo: Não é raiva - fala como se fosse óbvio - Eu estou com medo - ele me encarou  de relance e parecia envergonhado em dizer isso.

Nicole: Eles vão ficar bem - eu tenho esperança que eles vão ficar bem.

Eduardo: Eu não sei... Eu sou um péssimo filho. Eu senti repulsa pelo meu próprio irmão durante esses sete meses. - abaixa a cabeça.

Nicole: Está arrependido ? - pergunto e ele assenti - Você terá muito tempo para de desculpar com ele , sua mãe e...seu pai - demoro alguns segundos para dizer a última palavra.

Eduardo: E se eles não sobreviverem ? - observo seus olhos encher de lágrimas novamente.

Nicole: Não tenha tantos pensamentos negativos. A sua mãe e seu irmão vão ficar bem - pego em suas mãos. - Confia e Deus fará o resto.

Eduardo: Obrigado - pede se levantando. - por ficar do meu lado nesse momento  - fala e me surpreende com um abraço apertado e aconchegante. 

Nicole: Independente de tudo eu sou sua amiga - dou um sorriso e ele também. - Agora vamos descer e ver se já temos alguma notícia.

Eu queria não me importar tanto assim. Eu queria ser mais insensível. Eu queria ter a metade da frieza que as pessoas acham que eu tenho. Eu sei que pareço ser toda durona , dona dos meus sentimentos . Mas, se for pra ser sincera ,  eu não sou nada disso. Eu sou bem vulnerável e bem sensível. Eu sou o tipo de pessoa que se importa tanto com as outras pessoas. Eu choro, eu sinto, eu tenho um turbilhão de sentimentos aflorados dentro de mim. Só que, nem parece.
Afinal eu fico com o nariz empinado, exalando confiança e dizendo para tudo e todos o quanto eu sou forte, o quanto eu sou equilibrada. E até tento ser, e as vezes até sou, mas tem hora que simplesmente não dá.

Boa tarde ♥️

     

   

   

Aqui do Lado [ Concluído ]Where stories live. Discover now