— Acho justo essa troca.

Começamos a caminhar, atravessando o centro do pátio até uma escada que descia até um piso coberto. Naves partiam e chegavam na Torre constantemente. Havia uma certa agitação civilizada de cidade grande. Uma sensação em mim me dizia que um dia eu até poderia chamar facilmente aquilo de casa.

Descendo, havia uma espécie de salão, de teto alto, porém escuro, e em um dos cantos estava um guardião, pomposo, nitidamente orgulhoso e otimista. Vestia uma armadura branca com partes alaranjadas, com ombreiras peludas e um colar no pescoço. Seu capacete tinha um estreito visor vertical, dividindo suas duas cores, e pelo visto, tinha perdido um dos seus chifres em batalha. Estava empinado, com os punhos fechados na cintura, como se para intimar alguém.

— Quem é ele? — cochichei.

— Aquele é Lorde Shaxx, um dos heróis da Batalha da Fenda do Crepúsculo, tendo liderado o contra- ataque que empurrou os Decaídos das muralhas da Cidade. Temendo que outro ataque de tal proporção fosse mais do que a cidade podia aguentar, Shaxx escolheu ficar na Cidade para orientar os Guardiões no Crisol. Um dia ele promete retornar à guerra além da Cidade, mas isso só depois de sentir-se confiante na nova geração de guerreiros que o Crisol está forjando.

Ao lado dele erguiam-se bandeiras vermelhas, cujo símbolo era uma águia de duas cabeças, e em cada garra uma espada. Um posto de recrutamento para uma guerra?

— O que é o Crisol?

— O Crisol é uma série de desafios intensos que coloca Guardiões uns contra os outros em combate aberto. Utilizam munição real, tendo os Fantasmas por perto para reviver os mortos. Seja a sós ou com um Esquadrão, Guardiões entram no Crisol para adquirir habilidades vitais de sobrevivência, construir suas reputações e conquistar a proteção de facções da Cidade. Acima de tudo, o Crisol permite que Guardiões treinem contra adversários formidáveis sem o medo da tragédia. Eu particularmente não gosto muito. Talvez seja bom para me acostumar a ver você morrer.

— Não me subestime, moço. —dei uma última encarada para a bandeira. Pode ser que um dia eu prove o meu valor.

— Ei! Você! — essa não. A voz forte de Shaxx ecoou por todo o lugar, como se estivesse prestes a narrar um show. Ele acenou com a cabeça pra mim, não movendo um músculo, e mesmo assim, me senti puxada por um imã. — Bem vinda, Guardiã! A batalha sempre estará presente em sua vida. Está se preparando?

— Errr... —olhei para o Fantasma, pedindo socorro.

— Sim! — obrigada — Sempre, Lorde Shaxx. Encontrei Khiva nos arredores da Antiga Rússia, do outro lado da muralha, perto da Brecha. Acordou há pouco, mas se saiu muito bem em seu primeiro confronto com os Decaídos, uma apresentação e tanto! — preciso de socorro, não de uma carta de recomendação!

— Ah! Muito bom! Precisamos de Guardiões assim para fortalecer o Crisol. Fazer a batalha ficar séria, porque assim é que é lá fora! — Ele socou um estômago invisível de tanta empolgação — Quando quiser testar os seus limites, me procure!

— Certo! —afirmei como um soldado para seu capitão. Fantasma se moveu como se fizesse uma reverência, e seguimos caminho.

O salão escuro abriu-se em uma grande sala. O meio era alguns degraus mais baixo, onde havia uma longa mesa de reunião, acima em volta alguns computadores, e no fim uma sacada fechada com vista para o mundo exterior. Na mesa estavam três guardiões. Pelo o que vi, um de cada classe e raça. Fantasma chegou no pé do meu ouvido para fofocar.

— Esses são os mentores da Vanguarda. Ikora Rey, a arcana humana como você, com manto rosa na ponta direita da mesa; Zavala, o imponente titã desperto com altas ombreiras, na outra ponta; e debruçado ao acaso, no centro esquerdo, Cayde-6, caçador exo.

A Luz de KhivaWhere stories live. Discover now