O Renascer

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Escuridão.

De repente era só o que eu sentia, e não sei por quanto tempo estive assim. Comecei a sentir as partes do meu corpo, como se o conhecesse agora. Tais partes pareciam ser de uma máquina enferrujada há muito esquecida e paralisada, pois suas juntas estalavam.

Uma voz me chamava, e eu não sabia há quanto tempo.

— Guardiã! Olhe para cima guardiã! Khiva...

Com certo esforço eu direcionei meu olhar à voz, meus olhos cruzaram com o sol e senti minhas pupilas queimarem. Levei minha mão adormecida acima do rosto e o vi.

— Aí está você! Funcionou, você está viva! Não sabe por quanto tempo eu te procurei. — senti o alívio em sua voz, que me pareceu estranhamente reconfortante e familiar.

Eu ainda estava recuperando a visão, que estava embaçada. Era uma pequena espécie de robô, pequeno e branco. Sua metade de trás girava aleatoriamente, mexendo com outras partes triangulares, fazendo com que parecesse um quebra-cabeça flutuante que girava em torno de si mesmo. O som de seus movimentos eram finos e eletrônicos. No centro havia o que podemos chamar de olho, que era azul e me encarava e escaneava frequentemente. Parecia inquieto e ansioso esperando por alguma reação minha. Só então percebi que passei tempo demais o encarando de volta. Minha voz finalmente saiu.

— O que é você?

— Eu sou um Fantasma. O seu Fantasma na verdade e você, bem, você esteve morta durante muito tempo então verá muitas coisas as quais não irá entender.

Agora quase totalmente em pé e firme eu olhei um pouco o que havia a minha volta. Um terreno abandonado com uma terra vermelha e poucas áreas de mata baixa, e em sua posse um certo volume de veículos enferrujados espalhados, como se há muito tempo um furacão tivesse passado por ali e só deixado isso como lembrança. Ventava bastante, como se estivéssemos em uma área elevada. Era tão imprevisível que era como se fizesse a própria melodia, a qual era bem dramática. Apesar do sol, ele tinha o toque gelado e trazia consigo um aroma puro de ferrugem, água salgada e poeira.

Olhei para mim e me vi vestindo alguns trapos de uma velha armadura. Os braços cobertos por uma longa manopla acinzentada, com pequenos reforços nas juntas. Eram de algum tipo de borracha, mas que duraram tempo o suficiente para não desintegrarem e conservarem meu corpo indefeso. Meu manto estava curto de um lado pois a metade do joelho pra baixo estava rasgada em diagonal. Minhas botas eram até confortáveis, aparentavam ser como aquelas que os humanos usam para explorar suas minas atrás de riquezas. Capacete? Ah sim! Eu estava de capacete. Como não lembro quando o vesti, achei que já era parte de mim. Meu visor estava sujo de terra, o que explica não ter ainda uma visão totalmente limpa do pequeno ser à minha frente.

Um rugido se elevou no horizonte, estávamos sendo observados. O Fantasma se virou em alerta para a direção do som, com o olho vermelho. Voltou para mim normalizado.

— Não estamos a salvo aqui. Eles vão nos despedaçar. —disse ele, ainda mais agitado.

— Eles quem? — eu ainda precisava me acostumar com minha voz.

— Não se preocupe, você terá muito tempo para conhecê-los. Agora tenho que te levar à cidade. — ele deu um rodopio em volta de si para checar a área — Não se mexa.

E então sumiu em pequenas partículas azuis na minha direção. Senti um pequeno calafrio por estar sozinha.

— Calma, ainda estou com você. Temos que ir, rápido. — dei um pulo. A voz dele era ainda mais alta e clara, como se viesse da minha própria mente. Nada estava muito claro pra mim. Mas o que era certo é que eu preferia seguir os conselhos dele a esperar que forma tinha aquele rugido grotesco. —Este território é dos decaídos. Não vamos durar muito expostos assim, vamos para trás da muralha.

A Luz de KhivaTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang