Polise [Sendo Reescrito]

Capítulo VI

Polise – capítulo VI

Aonde um duelo toma início

Pelo resto daquela tarde abafada de verão, Valerie procurou desesperadamente por algo para distrair a cabeça, ele barateava sutilmente pela casa tentando conter a ansiedade, atacava ferozmente as cutículas, porque àquele ponto já não haviam mais unhas para roer em sua mão.

Estava nervoso. Nervoso sobre a situação em que se encontravam com os contrabandistas, sobre o desaparecimento de Korle, e, mais do que isso, não tirava as palavras cruéis de Cartan da cabeça.

Ele viajou pelo continente à procura de outros Mesnos, à procura de conhecimento sobre sua própria raça, e acima de tudo: à procura de si mesmo. Passou por experiências nada boas no Oeste até ser preso, pra no final ver toda a sua jornada ser em vão, pra ouvir que era um escravo de estimação.

O pior é que tudo aquilo era verdade.

O que Allister disse sobre perder a humanidade... Esse discurso, já lhe foi dito no passado. O pior é que também estava certo, não importava o quanto ele negasse.

"O mundo é um lugar cruel pra quem é fraco, garoto. Os mais fracos sempre vão morrer cedo pra que os mais fortes fiquem vivos, essa é a lei da natureza. por isso se quiser sair vivo, você vai ter que, apesar de tudo..."

— O que está fazendo?

O garoto deu um pulo. Foi só quando se deu conta de que estava na varanda do segundo andar, inclinado sobre a balaustrada de madeira, encarando o nada. Há quanto tempo já estava daquele jeito?

— E-eu- É que as vezes acabo-

— Não. Cale-se, eu não aguento mais! Por que faz isso consigo mesmo?! — As rugas do rosto de Rossi se esticavam para baixo numa mistura de infelicidade e preocupação.

— Isso? — O Mesno repetiu.

— Por que está agindo desse jeito? Por que ignora o que está acontecendo lá fora? Nós nem deveríamos estar tendo essa conversa. Será que não entende, ou só se faz de bobo?

Valerie ficou em silêncio, olhando confuso para aquele apelo repentino.

— Eu juro que estou tentando, mas... — As mãos da senhora cobriram a boca e ela desviou o olhar. — Como o Jimmy conseguiu? Depois de tudo que seu povo fez pra nós, eu mal consigo te olhar nos olhos sem meu estômago revirar.

— ... Do que... A senhora está falando? — A voz dele vacilou ao perguntar. Seu coração palpitava dentro do peito já sabendo que não gostaria nada da resposta, sua mente gritava para que voltasse atrás ou fugisse dessa conversa.

Rossi o encarou por alguns segundos surpresa com a pergunta, e então sua carranca se aprofundou ainda mais, com seu rosto se avermelhando de raiva.