Capítulo IX - Parte Três

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— Merda, merda, MERDA!

O relincho raivoso e bafos quentes se jogavam contra o vento numa corrida voraz, um rastro alto de terra saia em forma de nuvem de poeira dos cascos, sendo varrido para trás e se tornando uma névoa amarelada que não deixava quem estivesse atrás ver com exatidão o que acontecia. Os músculos dos equinos se tensionavam e contraiam enquanto o corte das rédeas feria o ar, e os cabelos dos homens voavam durante a corrida por vantagem.

Lá longe, um ponto branco se movia em cima da carroça inimiga. Cartan parecia um floco de neve no meio daquela estrada desértica, era coberto do torso aos pés por roupas claras que só não adornavam o seu rosto. Um sorriso cruel se pintou em sua face enquanto ele pegava mais uma lança e mirava nos fugitivos.

— Mire bem nos cavalos, capitão! Assim não vão ter como fugir! — Um dos soldados aconselhou, repreendido logo em seguida.

— Não podemos nos dar ao luxo de matar os cavalos, imbecil! Precisamos deles vivos se quisermos recolhê-los depois! — O Mesno esbravejou, atirando a lança em sua mão com elegância, e ao mesmo tempo um poder descomunal que fez o objeto voar como um raio para bem longe, deixando a todos que o acompanhavam espantados. Essa era a capacidade de seu capitão!

Infelizmente para Cartan, o tiro havia passado bem mais longe do que ele planejava, acertando o chão ao invés de seu alvo.

O de olhos vermelhos trincou com os dentes, e por um segundo, sua aparência pareceu mais animalesca, como se os dentes tivessem ficado como as presas de um javali e as unhas tivessem subitamente crescido como garras, os poucos que estavam mais próximos de Cartan e que perceberam essa mudança logo estremeceram, mas bastou um piscar de olhos e ele estava normal novamente.

Enquanto isso, os três homens em fuga se encontravam desesperados.

Simon tentava forçar os cavalos ao seu limite, mesmo sabendo que aquilo não adiantaria muito, afinal, os pobres animais já deviam estar exaustos e se continuassem assim não iriam muito mais longe. Korle não desperdiçou tempo, alcançando a arma de fogo e tentando disparar contra os desgraçados, mas com a distância isso também não adiantou muito, e vendo isso, James se pôs ao lado do homem conduzindo a carroça.

— Simon, isso não vai funcionar! Estamos longe e ainda assim eles têm a vantagem!

O cabeludo grunhiu, parecendo mais uma fera incomodada do que um homem.

— Você não ouviu o que eu disse?! — O médico puxou-o pelo ombro, o que não foi tão efetivo devido sua falta de força, mas foi suficiente para fazer Simon olhá-lo nos olhos. — Escute, você é o nosso lutador aqui, eu sou só um médico fugindo das responsabilidades, e Korle é um pivete que sabe usar uma arma. Aqui longe nós não vamos ter como fazer nada, mas acho que se chegarmos mais perto deles a gente consegue fazer um estrago!

Nesse momento outra lança veio voando para cima deles, dessa vez acertando a lateral, perigosamente próxima de uma das rodas traseiras.

Simon piscou em dúvida, parecendo surpreso pela atitude do outro homem por um instante, e então ficou sério, voltando seu olhar para os perseguidores que pareciam pontos crescentes no horizonte.

— Se forem muitos a gente vai ter sérios problemas, e algo me diz que Cartan tá entre eles — Simon apontou com o queixo para a direção de onde vinham. — Com essa porcaria de braço machucado eu também não vou poder fazer muito.

— A gente só precisa segurar até o reforço aparecer — James disse decidido, Simon assentiu, trocando assim de posição com o médico, que tomou as rédeas enquanto o duelista corria para ajudar a Korle.

O baixinho se encontrava abaixado, fazendo das paredes do veículo seu escudo enquanto procurava mirar da melhor forma possível em seus inimigos, não parecia estar dando resultados.

Polise [Sendo Reescrito]Where stories live. Discover now