Hold my hand

473 86 94
                                    

"A comida daqui é horrível" Nico levantou as mãos para dizer "Americano nenhum sabe fazer uma boa comida italiana"

Will ainda mastigava a lasanha, então apenas encarou Nico com uma cara de quem dizia "De novo isso?"

Ele continuou a comer, mas Nico se viu obrigado a dizer:

"Um dia eu ainda vou te levar pra Itália e te apresentar a uma refeição decente"

Will sorriu, ainda com a boca cheia de comida, e respondeu:

"Eu vou cobrar isso"

"Espera até eu ter o meu próprio dinheiro"

Algumas pessoas no restaurante encaravam os dois. Nico já tinha, de certa forma, se acostumado com aquilo. Mesmo assim, achava um saco. Toda vez que saía com Will, era a mesma coisa. As pessoas agiam como se a comunicação por língua de sinais fosse algo de outro mundo.

Isso acontecia desde que, aos dez anos, Nico se mudou da Itália para a América e acabou virando melhor amigo de Will.

Ele não saberia dizer exatamente quando aprendeu a língua de sinais. No início, ele e Will se comunicavam por bilhetinhos no meio da aula. Nico era o garoto excluído da turma, tinha um inglês meio ruim, não conseguia criar uma boa amizade com ninguém. Quando Will chegou, acabou ficando excluído também. Ninguém na turma sabia língua de sinais, Will era o único garoto surdo da escola inteira. Aos poucos, foi ensinando Nico, até que ele ficasse fluente.

E ali estavam os dois, aos dezessete anos, se comunicando muito bem.

Desde o ano passado, eles criaram o costume de irem a restaurantes italianos e provar a comida. Era sempre a mesma coisa: Nico detestava. Will achava uma delícia.

Sabia que Will insistia para que fossem em um restaurante quase todo fim de semana porque Nico sentia falta da Itália. Isso era amável. É o que fazia aquelas noites de sexta valerem a pena: a intenção de Will. A comida ruim não importava realmente, Nico só gostava de reclamar.

Will estalou os dedos, chamando a atenção de Nico, que estava ocupado comendo aquela coisa que os americanos tinham coragem de chamar de alimento.

Ele estava apontando para algo atrás de Nico. Parecia entusiasmado. Nico se virou na cadeira.

Havia uma placa, logo na recepção, que dizia "sobremesa grátis para casais". Provavelmente alguma promoção do mês do dia dos namorados.

Nico se virou para Will novamente.

"Pena que a gente é solteiro"

Will levantou as sobrancelhas com isso, com um pequeno sorriso nos lábios.

"Mas eles não sabem disso"

Nico não entendeu o que Will quis dizer, então ficou encarando ele, confuso.

"A gente pode fingir que namora" Will disse, meio rindo "Ninguém vai saber"

"Isso é meio antiético"

Will bufou.

"É sobremesa grátis. Não existe ética quando se fala em sobremesa"

"Eu não vou fingir que namoro você"

"Por quê? Isso fere a sua masculinidade? Agora você é um hétero frágil?"

Nico, como a pessoa madura que era, mostrou o dedo do meio para ele. Will sabia muito bem que Nico era gay, assim como Nico sabia que Will era pansexual.

"E se eles forem homofóbicos?" Nico perguntou.

"Aí você bate neles" Will sugeriu "Você faz aulas de luta pra que? Além disso, você é alto, forte e assustador"

Hold my handWhere stories live. Discover now