Cap. 05 ‎──‎─ Guarita

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Após um dia do desaparecimento de Belinha, Any e Sabina ainda continuavam as buscas pela floresta. Não desistiriam tão cedo de procurar. Mas ainda sem nenhuma pista, as duas encontraram uma cabana montada em meio algumas árvores. Estava fechada, mas pensando que ela poderia estar lá dentro, não hesitaram. Sabina se aproximou, enquanto Any vigiava. Muito calmamente, Sabina a chamou. As duas se conheciam, por isso, se Belinha ouvisse a voz dela, não ficaria com medo e sairia de dentro da barraca. Sem obter respostas, ela abriu lentamente o fecho que dava acesso à parte de dentro da barraca. Com uma faca em punho ela entrou. Sentado em uma cadeira, a garota encontrou um homem já morto com um tiro na cabeça e apodecendo. O mal cheiro era grande, então ela pegou o sinalizador que o homem tinha em mãos e logo saiu de lá.

Avisou para Any que não havia encontrado nada, e a garota mais uma vez ficou desapontada. Em meio ao silêncio, as duas ouviram um sonar de sinos ecoar pela mata. Correram em direção ao som rapidamente, na esperança de que fosse a pobre garotinha a tocá-los. Mas era difícil encontrar a origem do som, pois a vasta floresta tornava aquilo um grande amplificador. Mas não desistiriam. Continuaram à procurar.

Após sair em um campo aberto, as duas encontraram uma pequena capela, mas sem sinos ou campanário. Ainda com esperanças, as duas atravessaram correndo o cemitério que havia em frente à Igreja e se colocaram em frente à porta de entrada. Pegaram suas facas e lentamente Any a abriu. Lá dentro, puderam encontrar, além de objetos muito conservados da casa de Deus, dois zumbis sentados nos bancos, que ao ouvirem o som da porta se abrindo, se levantaram e olharam na direção das duas. Sabina tirou sua faca do coldre e foi em direção ao primeiro patife que vinha até ela, acertando com bastante força em sua cabeça. Ainda vivo, ela o acertou mais vezes, até ele cair ao chão. Any foi até o outro zumbi que estava na capela e enfiou a faca em crânio, e ele logo caiu ao chão.

Já lá dentro, sozinhas, Any gritou pelo nome da irmã, na esperança de que ela estivesse em algum lugar ali escondida. Any e Sabina interpretavam aquele lugar de jeitos diferentes. Para Sabina, aquele lugar era a casa do senhor, e ter matado aqueles zumbis, por mais que eles já estivessem com seu caminho traçado para o fim, ainda era difícil. Já para Any, eram só quatro paredes e um telhado.

Em meio à todo aquele silêncio, Sabina pedia ao Todo Poderoso pela segurança de Belinha, enquanto Any estava sentada ao seu lado, ouvindo cada palavra de sua prece. Deram um grande pulo do banco ao ouvir novamente o som do bater dos sinos, mas como não havia campanário, sabiam que era automático e que aquele som estava programado para tocar naquele horário. Ainda assim, era importante desliga-lo, pois atrairia zumbis para perto, o que foi justamente o que aconteceu.

Muitos zumbis entraram pela porta da frente da capela, e as duas logo se levantaram, indo até eles para matá- los. Mas, como carregavam apenas suas facas, não era o bastante parar parar aquela multidão. Sabendo disso, as duas correram para uma porta ao lado do altar. Entraram e a fecharam rapidamente, colocando o máximo de objetos que conseguiram para retardar a passagem dos zumbis.

‎Sabina segurou a porta enquanto Any procurava por uma passagem. Ao encontrar algumas tábuas soltas no chão, ela logo soube que havia um porão em baixo da Igreja. Tirou as madeiras, liberando espaço suficiente para as duas passarem, chamou Sabina, a mostrando a saída que havia encontrado. Ela concordou com o plano e Any se sentou no chão para descer. Ao pular, acabou furando sua bota e seu pé em um prego que estava ao chão. Mesmo sentindo dor, ela o puxou pra fora, para que conseguisse andar. Logo depois dela, pulou Sabina. As duas saíram de dentro da Igreja, dando de cara com uma grande horda de zumbis, uma bem maior do que a que havia invadido a capela.

Assustadas, as duas correram para dentro da floresta, desviando do máximo de zumbis que conseguissem. Com o pé machucado, Any as atrasava, e por um momento até pensou em pedir para que Sabina continuasse sem ela, mas ela nunca faria isso. As duas continuaram à correr por metros dentro da mata, sempre sendo atacadas por zumbis que vinham aos montes na direção das duas.

Em meio às árvores, Sabina pode enxergar uma guarita bem alta, onde, com todas certeza poderiam se proteger. Ficaram aliviadas ao vê-la, e por isso correram mais rápido, agora não mais matando zumbis, apenas se afastando deles. Ao chegar mais perto da guarita, as duas arregalaram os olhos ao ver a quantidade de zumbis que estavam em volta da mesma. Sem mais saída, começaram a matar zumbis que vinham até elas.

Quando estavam ficando sem saída, ouviram uma voz pouco distante dali. Vinha de dentro da guarita. Ao olhar em direção à porta vermelha que sinalizava a entrada, viram um homem fazendo sinal para que elas corressem para lá. Rapidamente o fizeram. Acertando os zumbis no caminho com facadas. As duas entraram na guarita e a porta foi fechada. Logo ouviram batidas vindo do outro lado, eram os zumbis querendo entrar.

— Sabem qual é o conceito de sobrevivência? Entrar e sair sem escândalo. Chamaram a atenção de todos os zumbis da região. Vocês tocaram o sino do jantar. Estamos presos aqui. Essa porta não vai aguentar por muito tempo. — Comentou o homem, enquanto ouvia batidas muito fortes na porta, que com certeza aguentaria apenas mais alguns minutos. — Estou sem sinal. Não consigo usar o walkie-talkie. ‎Talvez na cabine tenha. — Os três se assustaram ao ouvir um barulho de tiro vindo da parte de cima da guarita. — Ai não. É o Hype. — O homem correu pela escada em caracol que havia na guarita, chegando em poucos segundos até o topo.

Ao chegar lá em cima, as duas encontraram um homem armado, de pé no parapeito, atirando nos zumbis que estavam no campo aberto. O homem loiro que havia permitido a entrada de Any e Sabina na guarita, foi até ele e os dois começaram a trocar farpas, pois ele estava gastando as balas, que segundo o outro homem, eles já não tinham.

— Já não basta eu ter que escutar seu bichinho de estimação me enchendo o saco o dia inteiro, agora eu vou acatar ordens de você? Eu acho que não. Tá pra nascer o dia. Eu devia matar vocês duas por nos colocarem nesta situação. — Ele apontou a arma para as garotas, que congelaram por não saber se ele estava drogado ou era mesmo um idiota. Também não sabiam qual seria pior. — Que tal a gente falar sobre quem está no comando? Eu voto em mim. É a democracia. Todos a favor? — Perguntou colocando a arma no queixo de Any, o levantando um pouco para que ela o olhasse diretamente.

— Ei, Lamar! — O homem o olhou, e rapidamente acertou a arma em sua cabeça, o fazendo cair no chão desmaiado. — Ele fala demais. Sou Josh. E bom, esse é o idiota do Lamar. Eu não sei quem vocês são, mas nós temos que sair daqui. Antes que aquela merda toda lá em baixo piore quando aquela porta cair. — Any e Sabina se olharam, mas presas ali dentro, não teriam outra escolha a não ser confiar naquele estranho que havia salvado suas vidas.

𓂅

The Rain
@lilywritting | 2024

The RainWhere stories live. Discover now