Capítulo 3

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O tipo de distração que uma mulher pode causar em alguém

VICTOR

Por alguma ironia do destino, no dia que assisti aula de escrita de trabalho acadêmico ao lado de Cassandra, a professora passou um trabalho em dupla. Seria somente mais um trabalho acadêmico se, ao sortear as duplas, Cassie e eu não fôssemos sorteados para fazermos juntos. O prazo era para entregar em duas semanas. Um tanto contrariada, Cassie sugeriu que trocássemos os números de telefone.

— Nada de mandar nudes – alertou, enquanto salvava seu número – Ou vai ser bloqueado.

Por causa do meu horário do treinamento jurídico nos outros dias da semana, só nos restava trocar mensagens sobre o trabalho e uma longa reunião no final de semana antes do fim do prazo. Após a entrega, voltaríamos a nossa rotina normal de somente socializar juntamente de nossos amigos, até que um certo dia, enquanto andava pela Hosier Lane. Estava voltando do almoço quando vi uma arte na parede inspirada no Sherlock Holmes. Tirei uma foto e mandei para Cassie, por mensagem, e a partir desse dia começamos uma rotina de conversa por mensagem, quase todos os dias.

Eis então que, aos poucos, superei o fato de que não iria rolar nada entre nós dois. O lado positivo são as divertidas mensagens que trocamos nas últimas semanas, desde gifs fofinhos de gatos até vídeos de reações. Pessoalmente ela ainda é um pouco reservada quando saímos, juntos com Theo e Ally. Não a culpo, já que não causei uma boa primeira impressão quando nos conhecemos. Ou em outras vezes que nos encontramos. Entretanto, em certos momentos é difícil controlar os comentários de flerte.

Pego o celular para enviar para Cassie um vídeo que recebi mais cedo: pegaram o clipe de Psychosocial, do Slipknot, e trocaram a música por Baby, do Justin Bieber. O resultado ficou no mínimo interessante. Quando estou enviando a mensagem com o link do vídeo para a minha colega de classe de cabelos ruivos, o celular começa a tocar e eu me espanto.

O susto é causado pela pessoa que está me ligando e a foto que aparece na tela: Cassandra fazendo uma careta. Quando foi que ela fez isso? Esqueço por um momento a ligação e relembro todos os encontros que tivemos nos últimos dias, até que lembro de algo que aconteceu na última quinta, na faculdade.

Ao sair da aula que temos juntos, Cassie pediu meu celular emprestado para poder checar onde seria sua próxima aula, já que o dela havia descarregado. Deixei meu celular em suas mãos enquanto atendia a um chamado da minha bexiga no banheiro. Só pode ter sido nesse momento que ela adicionou essa foto ao seu contato. Para mim, encaro isso um progresso em nossa inusitada... bem, nossa inusitada alguma coisa ainda não definida.

Em meio a esse devaneio, nem percebo que a ligação havia caído. Cassie torna a ligar pela segunda vez, e eu atendo antes que vá para a caixa postal

Victor! Graças a Deus você atendeu – posso ouvir o alívio na voz dela.

— O que aconteceu? – tento esconder a surpresa.

Sabia que você ia estranhar essa ligação – ela responde, rindo – Sabe se a Ally está por aí, na sua casa? Estou ligando para ela a séculos e ela não atende o celular. E nem o Theo.

— Eu acho que eles estão assistindo filme no quarto.

Ótimo. Tem como avisá-la que vou passar aí para pegar a chave do apartamento? Quando fui no mercado, acabei esquecendo a minha e meu sorvete já está em fase de derretimento. Só tenho que deixar minhas compras com alguém e logo chego aí – ouço um barulho de sacolas no fundo.

— Deixa que eu levo para você – falo de repente e sem nem saber de onde surgiu essa ideia. E antes que ela pudesse retrucar, completo – Estava indo nessa direção mesmo.

A Louca Problemática do Nosso Destino [Degustação]Où les histoires vivent. Découvrez maintenant