capítulo 1

114 12 0
                                    

          passaram-se anos desde que Mariana e Heitor tentavam ter um filho, anos angustiantes e deprimentes.
Desde que casaram, sonhavam em ter uma família grande, mas esse sonho pareceu estar cada vez mais distante com o passar dos anos.

    O problema não era Mariana conseguir engravidar, ela engravidava.. o problema é que suas gestações nunca duraram para fazer o fruto do casal vir ao mundo, mas em algum momento, isso mudou.

    Foram os sete meses mais cuidados da vida de Mariana e Heitor, descobriram a gravidez já no segundo mês de gestação, e desde então, os dois se esforçavam ao máximo para que dessa vez tudo desse certo, bem.. Heitor se esforçava, Mariana evitava fazer qualquer coisa, qualquer movimento, que vinhesse a comprometer o bebê.

   Ao fim dos nove meses, vinheram as contrações, era o dia mais feliz da vida daquele casal, o sonho deles enfim, se realizaria.
Foram horas de trabalho de parto, e mesmo com toda dor, Mariana não desistiu, ela não desistiria daquilo que tanto quis tão facilmente, ela suou, chorou e sofreu até ouvir um " ela nasceu" era uma menina! Tudo que ela sempre quis foi uma menininha para fazer dela a sua bonequinha, e então ela percebeu algo.. o silêncio.

- por que ela não chora? - perguntou Mariana claramente confusa

- eu sinto informar, ela nasceu morta.. - soou uma voz vinda de algum lugar naquela sala de hospital

  Mariana já não via mais nada, suas lágrimas embaçavam sua visão, e enquanto ela chorava, Heitor segurava o corpo da pequena menina em seus braços.

    Depois que Mariana se recuperou da crise de choro, seus pais foram a visitar ainda no hospital para falar sobre o enterro da menina, Mariana não conseguia aceitar, demorou tanto tempo para conseguir dar a luz, não abriria mão daquela criança assim.
Disse ao pais e aos familiares que precisava de um tempo para aceitar tudo aquilo, e todos acharam bem compreensível.

     Passou-se uma semana, Mariana e Heitor tratavam o corpo da menina com muito cuidado e preocupação, como se ela estivesse mesmo viva. Eles davam banho, brincavam e a vestiam de acordo com oque iriam fazer no dia. Eles levavam o corpo da pequena menina para passear, para tomar sol, para comprar novos brinquedos para a mesma.
     Outra semana se passou, e depois outra, e depois, mais uma. Era o primeiro mesversário da pequena Laura, esse foi o nome que os pais deram a ela.
      E então.. mais um mês se passou, a pressão dos familiares para eles era perturbadora, eles só sabiam falar de como aquilo era morbido e de como o corpo da pequena cheirava a formol.
   Mas eles não entendiam.. apenas Mariana e Heitor compreendiam, não era um corpo, era a filha deles! Somente eles viam os avanços da menina, o corpinho dela havia se esticado, ela estava crescendo! Para Mariana, no fundo no fundo, a sua menina não estava morta!
    Num lapso de consciência, Heitor percebeu que aquilo era um pouco estranho, como poderia crescer? A filha deles não tinha cor, não respirava! Eles sabiam que como algo morto, ela não comeria, e ao longo desses dois meses, eles não enfiaram comida naquele pequeno corpo, mas ainda assim, ela crescia. Ele então convenceu Mariana de que era um check-up, e levaram o corpo da pequena Laura ao médico.
   Obviamente não deram muitos detalhes ao pediatra, apenas falaram que para enterrar o corpo da filha precisavam saber oque tinha acontecido, mas não queriam abrissem a menina, então seria um exame normal, como o feito a qualquer paciente.
      O diagnóstico do pediatra, mesmo com ajuda de outros, foi inconclusivo, apesar de ser um cadáver, o corpo ainda produzia células, oque é algo absurdo, e nenhum deles havia ouvido falar ou estudado sobre aquilo, em algum momento daquela consulta, o médico até pediu para que os pais pensassem em doar o corpo da pequena para um centro de estudos, oque Mariana achou repulsivo, eles não cutucariam o seu pequeno bebê!

      

  

Laura..Where stories live. Discover now