Seventeen

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Go YongSuck


Hoje completavam exatos três meses em que eu era completamente livre, desde o momento que eu havia oficialmente me escolhido. Apesar de eu me encontrar desfrutando além da barreiras que me cercavam, ainda haviam as marcas das correntes que me prendiam, as quais apenas o tempo poderia amenizar, mas ele nunca as levariam, agora estas marcas eram parte de mim.

Nesse tempo, eu tentei fazer uma única análise introspectiva, rever meus conceitos, nomear meus erros, ressaltar o que eu havia perdido e traçar uma linha de volta para quem realmente eu era. Anos foram necessários para me tirar de mim, eu não iria conseguir restaurar a antiga YongSuck tão rápido, tão pouco voltaria ser a mesma. Destruições podem ocorrer em segundos, as reparações geralmente levam décadas.

Mais um final de semana estava prestes à começar, ao contrário de antes, eu não tinha uma agenda determinada por alguém nos dias que eu deveria ter a liberdade para fazer o que queria. Confesso que no início foi muito difícil me localizar sem um roteiro, era estranho demais poder escolher estar em casa lendo um livro qualquer, ao invés de ir á lugares luxuosos, ao quais eu não sentia falta alguma.

Mesmo longe de DoHyun em determinados lugares, eu ainda me pegava tentando agir de uma maneira que lhe parecesse certa, me portando da maneira que ordenava. Levava um tempo até eu perceber que não haveria ninguém para me punir caso eu agisse do jeito que realmente era. Ninguém iria dizer para eu me sentar reta, acertar minha coluna e levantar meu nariz; Ninguém iria brigar comigo por sair para jantar usando um jeans; Ninguém iria chamar minha atenção caso resolve comer um lanche calórico ao invés das tediosas saladas.

Aos poucos eu entendia: não havia um script para seguir e, se houvesse, eu mesma o escreveria.

Eu dirigia de volta para casa, após um longo dia de trabalho, mesmo que se passe uma semana toda, as crianças ainda tinham energia suficiente em plena sexta-feira para construir um prédio. Quando viro a rua do meu apartamento, avisto a figura bem conhecida, se aproximar em sua bicicleta. Depois de tudo, eu esperava manter contato com Namjoon, mas não acreditava que nos tornaríamos tão próximos.

Kim era uma ótima pessoa para se conversar sobre os assuntos mais aleatórios do mundo, mesmo que fossem conceituais, não era como uma conversa ensaiada, mas sim o que nos surgia diante fatos apresentados. Era em um simples ponto que chegávamos nos assuntos mais profundos e complexos, e as horas simplesmente se passavam, sem percebermos.

-Dia de folga? - pergunto enquanto tranco o carro.

-Tivemos sucesso no último lançamento, eu acho que mereço. - transparece seu típico sorriso fechado, descendo da bicicleta.

-Mais que merecido! - concordo, enquanto Namjoon prende sua bicicleta no local adequado.

Eu já havia me acostumado com a presença repentina de Kim aos finais dos dias, quando não, eram as mensagens que chegavam nos dias em que Nam ficava até mais tarde em sua empresa.

-O que iremos comer? - pergunta já tomando parte do sofá, segurando seu celular, pronto para fazer o pedido delivry.

-Sem pedidos, Kim. Eu irei fazer!

Prendo meu cabelo, indo para cozinha, o que faz com que Nam se levante e me siga, com seus lábios entre abertos, apontando certa surpresa.

-Não está cansada?

-Quando se trabalha com crianças, por mais cansando que esteja, você termina o dia com a mesma energia que elas. E também, fast foods ainda irão te matar, Kim!

-Poderíamos pedir comida no restaurante em que Jin trabalha! - dá de ombros se encostando na parede com azulejos brancos. -Você nunca comerá um Kimchi melhor que o dele.

LoveWhere stories live. Discover now