michael decidiu que o odiaria

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Era domingo e Luke passava pelos portões da igreja com seus pais, sorrindo e cumprimentando algumas pessoas que passavam perto dele. Adentrando o local, o loiro de olhos azuis imadiatamente se direcionou para o local onde as crianças ficavam, pois aquele era seu dia de cuidar delas enquanto seus respectivos pais assistiam ao culto, e de certa forma ele se dava bem com elas, mas aquele dia foi  um pouquinho diferente. Tinha alguém diferente.

Um pouco antes das crianças chegarem, Sierra, quem também ficava com Luke ali, abriu a porta e entrou com um garoto que nunca tinha visto por ali. Ele tinha cabelos vermelhos, olhos verdes vidrantes - que Luke podia jurar que ele tinha passado lápis de olho - e sua boca era fina, bem avermelhada. Analisando melhor seu rosto, ele tinha um piercing na sobrancelha, Luke estranhou. Não é o esteriótipo de alguém que frequenta a igreja na verdade, mas não podia deixar de pensar na beleza que ele continha.

— Luke, esse é o Michael Clifford e ele vai ficar aqui te ajudando hoje, ensine tudo para ele, ok? – Disse Sierra, com um sorriso um pouco forçado no rosto, provavelmente pelo físico de Michael, ela já o julgava. – Hoje eu não fico aqui, então sua responsabilidade. Com licença.

Sierra saiu do local, deixando um Luke desconcertado para trás e um Michael emburrado. Luke continuava a olhar para Michael, talvez por tempo demais, mas estava hipnotizado.

— Pois é, deve ser terrível me ter como sua responsabilidade. – Michael quebrou o silêncio, mostrando que também tinha uma linda voz. – Não é seu dia de sorte.

— Eu tenho certeza que sua presença vai ajudar

— Então você tem algumas certezas um tanto duvidosas.

— Não se subestime desse jeito.

— Eu não tô me subestimando, eu só odeio esse lugar. – Relatou Clifford, cruzando seus braços. Agora sua cara emburrada fazia sentido, ele não queria estar ali. – Ou você, mesmo olhando pra mim, achou que eu gostasse daqui?

Luke ficou sem reação, não sabia o que podia dizer para o garoto, afinal por qual razão a igreja colocaria alguém para cuidar das crianças que nem ao menos queria estar ali? Não ficava ali apenas quem se voluntariava? Não fazia sentido, e ele não esperava por isso, logo então não sabia o que poderia dizer naquela situação. Só esperava que ele realmente não o arrumasse problemas, não estava com cabeça para isso. O loiro suspirou, pensando em que atitude poderia tomar quanto aquilo.

— Você não precisa me ajudar de verdade, tá bom? Pode se sentar ali e esperar o culto acabar, passa bem rápido.

— Ótimo. – Falou de forma mais ríspida que poderia ter dito aquela palavra, logo tirando seu celular do bolso e caminhando para o local que Luke disse que poderia ficar. – Eu não saio daqui pra fazer nada.

Luke estava preocupado, mas era engraçado como Michael era o jovem esteriotipado e rotulado como rebelde, tanto que chegava a ser ridículo, não pode evitar de dar um sorriso contido enquanto o olhava digitar rapidamente em seu celular com seus olhos vidrados no aparelho.

Eu aposto que ele não costuma a ser assim, só quer dar uma de durão por estar fazendo algo que ele não quer.

Pensava ele, quando seus pensamentos foram interrompidos com a primeira criança chegando ao local. Abriu seu melhor sorriso, indo cumprimentar a mãe e a criança, fazendo algumas palhaçadas para fazê-la de sentir melhor, já que sabia que era tímida e se sentia intimidada por pessoas desconhecidas. E a garotinha abriu seu melhor sorriso envergonhado para Luke, que pegou em suas mãozinhas e a guiou para onde deveria ficar.

Pela primeira vez desde que sentou-se onde Luke havia indicado, Michael tirou seus olhos do celular, e viu a cena mais adorável que podia ter visto naquele dia. Luke, ou como ele pensava: o garoto da igreja, sentado com "perninha de índio" no chão, enquanto conversava com a menina. O de olhos verdes nunca confessaria para ninguém, a não ser Calum, que aquilo aqueceu seu coração mesmo estando com o pior humor que poderia ter. Michael sentiu orgulho de quem Luke parecia ser, um ser humano doce e ainda por cima de rosto angelical, ele conseguia ser a prova viva de que Deus existia, porque ninguém no universo seria capaz de criar um ser tão lindo, apenas Deus com suas próprias mãos. Soltou um longo suspiro, ainda observando o loiro, talvez o orgulho tivesse dado local para uma pequena inveja.

Meus pais seriam felizes se Luke fosse o filho deles ao invés de mim, é tudo o que eles queriam que eu fosse.

Ele pensou, logo se levantando e saindo dali, Michael resolveu que o odiaria, pois ele era exatamente o que seus pais queriam que ele fosse, e ele odeia o que seus pais queriam que ele fosse.

Foi caminhando rapidamente em direção à saída da igreja, sabia que receberia a maior bronca de seus pais por não ter ficado, mas ele não se importava naquele momento.

can love be a sin? :: muke Where stories live. Discover now