6º Capítulo: A profissão da família e a maldição da garota

12 1 0
                                    


Rudy não estava gostando nem um pouco daquilo. Alicia nunca fora assim. Ela era uma garota alegre e vinha se tornando uma mulher maravilhosa, então, por que de repente ficara tão taciturna e dedicada aos seus treinamentos como assassina?

- Alicia! – chamou assim que a viu sair do campo de treinamento que ficava nos fundos de sua casa. – Alicia! – voltou a chamar, pois ou ela não o estava ouvindo, ou o estava ignorando. – ALICIA! – definitivamente o estava desprezando!

Irritado, foi atrás dela. A garota não precisou nem mesmo se virar para saber que ele pretendia abordá-la. Há semanas o vinha evitando, desde o seu primeiro assassinato, não sentia vontade de conversar com o garoto e não queria envolve-lo em sua vida amaldiçoada. Quanto mais distante ficassem, melhor!

- ALICIA! – gritou assim que a viu apertar o passo e começar a fugir dele.

Inicialmente, a menina pretendia ir dar um mergulho rápido no riacho que havia ali perto para lavar o corpo do suor e tentar relaxar um pouco, contudo, com aquele persistente perseguidor grudado em seus calcanhares, não seria nada prudente manter o seu plano.

Controlando a respiração, Alicia começou a usar o seu treinamento e analisar o ambiente ao seu redor. Como vinha se aperfeiçoando com voracidade, suas técnicas haviam melhorado formidavelmente. Todos tinham notado o quanto evoluíra desde que resolvera se dedicar totalmente á vida de assassina.

Agora, era Layla quem insistia para que parasse de treinar um pouco e fosse descansar ou viver. Mas ela não podia parar! Precisa se tornar forte! Precisava se tornar letal! Precisava se tornar a pessoa que iria cumprir a vingança!

Além disso, se ela houvesse parado, não poderia escapar com tanta facilidade de Rudy como estava fazendo...

Usando suas recém-treinadas habilidades, Alicia usou uma pedra para impulsionar melhor o corpo e, num salto certeiro, agarrar o galho mais próximo. É claro que aquele era um dos vários que ela analisara com rapidez e sabia que não quebraria com facilidade.

Smerald a havia ensinado muito bem a reconhecer os sinais e a sobreviver dentro da mata ou numa selva de pedra. Ela a estava ensinando a usar qualquer coisa a seu favor e a saber interpretar o ambiente ao seu redor. Por isso, não fora difícil traçar um plano de fuga envolvendo a copa das árvores.

Uma vez no alto, Alicia foi se locomovendo com sutileza dentre os galhos, usando a vegetação mais densa como uma ótima camuflagem. Assim que encontrou um lugar perfeito para se esconder, parou e ocultou sua presença. Em total silêncio, aproveitou para observar o garoto que a procurava com determinação.

- Alicia! – olhou para cima, no entanto, não conseguia ver nada além de folhas e galhos. – Eu a vi subir. – parou de andar e tentou prestar atenção aos sons também. – Sei que está aí em cima me observando. Posso sentir! – ainda escondida, Alicia acabou sorrindo com o comentário. – É melhor você descer, não quero conversar aos berros.

- Então, não berre... – respondeu e logo em seguida mudou seu esconderijo sem que ele percebesse.

- Eu te escutei! – exclamou irritado. Tentou localizá-la pelo som, entretanto, era inútil. Ela com certeza já havia mudado de lugar a fim de dificultar seu trabalho em encontra-la. – Pode ir descendo! Já cansei desse joguinho e quero conversar. – desta vez, a única resposta que obteve foi o silêncio. – FLORA! – gritou impaciente.

- Ela não existe mais! – respondeu mal-humorada.

- Para mim ainda existe. – continuou a procura-la, mas desistiu e zangado, baixou o olhar e cruzou os braços. – Se você não quiser que mais ninguém saiba sobre Flora, recomendo que desça para a gente conversar. Ou vou ficar berrando para quem quiser ouvir!

Sem NomeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora