5º Capítulo: O Nascimento de uma Assassina

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- Vamos logo, Alicia! – Layla a empurrou com força, fazendo a garota se desequilibrar por alguns segundos antes de assumir uma nova posição defensiva. – Pare de se defender e me ataque de uma vez! – avançou sobre ela novamente.

- Layla! – Alicia se esquivou e com uma agilidade surpreendente subiu numa pedra baixa. – Eu estou cansada.

- O treino só termina quando acertar um golpe em mim, você sabe disso. – foi atrás dela.

- Mas eu não quero te acertar. – reclamou, sem parar de fugir e esquivar.

Há dois anos Alicia fora resgatada pela família Bane. Logo depois de duas semanas, quando já se sentia melhor e mais forte, a garota aceitou receber treinamento. Segundo Smerald, ela poderia aprender técnicas preciosas para poder se defender quando necessário e salvar a própria vida, ou ao menos não permitir que ninguém mais a violentasse daquela forma. A mulher tentou dar-lhe mais motivos para aceitar os treinos, contudo, Alicia sabia que não precisava tentar encontrar outras motivações. Na verdade, eles a ganharam na pergunta: "gostaria de treinar conosco?".

A garota sabia muito bem quem eram. Desde o inicio, os Banes não esconderam quem eram, foram sinceros e honestos, lhe explicaram como os trabalhos funcionavam, como cada um entrara naquela vida, o porquê de terem optado a continuar como assassinos e – depois de alguns meses – até a levaram para uma de suas missões para que pudesse ver com os próprios olhos como as executavam.

De imediato, Smerald fora contra levar a pobre coitada, afinal, além de perigoso, vê-los matar uma pessoa poderia ser ainda mais traumático para ela. Contudo, a própria Alicia insistira na ideia e a mulher acabou cedendo, o que acabou se tornando algo conveniente, pois a assassina notara o quanto a jovem poderia se tornar promissora na profissão, se aceitasse, é claro.

Os olhos de Alicia analisavam tudo com uma frieza objetiva. O assassinato não a assustou, pelo contrário, a macabra familiaridade que a garota adquirira com a morte a tornara imperturbável diante de sangue, uma pessoa propensa à profissão... Uma boa candidata caso aceitasse ser treinada e respeitasse as leis dos assassinos.

Portanto, não fora surpresa para ninguém quando Alicia aceitara de pronto a proposta dos treinamentos. Os Banes queriam incluí-la mais em suas vidas, já que para eles a jovem estava se tornando alguém especial, um membro da família. E a garota, por sua vez, queria aprender a matar e se defender, não só para saber o que fazer caso se encontrasse em outra situação de vida ou morte, mas também para poder se vingar...

Ela possuía de fato um pacto que precisava ser cumprido, entretanto, Alicia esperava que um dia, seus algozes recebessem o que realmente mereciam, de preferência pelas mãos dela.

- Preste atenção, garota! – Layla ralhou antes de acertar um chute nos pés da meia-irmã e derrubá-la.

Com o impacto, Alicia sentiu o ar escapar de seus pulmões. Ela amava Layla como uma irmã e sabia que o sentimento era recíproco, porém, durante os treinamentos, a mulher parecia se esquecer da ligação que tinham e se tornava impiedosa. Distrações como aquela, há muito tempo, não eram mais poupadas.

- Ai... – gemeu ao se levantar.

- Alicia, você precisa acertar um misero golpe. – suspirou. – Já fez isso tantas vezes, por que hoje está assim? – colocou as mãos na cintura e observou a garota se erguer devagar. – O que está te segurando?

- Não sei... – bufou e fez uma careta de dor. A pancada a deixara ainda mais dolorida. Com certeza demoraria para poder se sentir melhor de novo.

- Andou se encontrando com o Rudy de novo? – sorriu ao vê-la arregalar os olhos surpresa, entregando-se antes que pudesse responder.

Depois do primeiro ano como uma Bane, Alicia resolveu voltar a interagir com o mundo e parou de treinar nos fundos de casa ou de dar desculpas para não sair sozinha de casa. Ela também evitava os horários que sabia terem um movimento maior na região: períodos em que todos se dirigiam para os seus empregos ou retornavam para suas casas; momentos em que a maioria aproveitava para ir ao mercado ou às feiras, a fim de aproveitarem algum desconto ou adquirirem produtos frescos e recém-expostos.

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