Capítulo XV

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Katherine on

Medo é pouco para definir a sensação de minutos atrás. Tem uma fera horrenda em cima de mim, meu ombro sangra e arde de um jeito absurdo e a dor mais é a forte que já senti em 500 anos de vida.

A cada minuto que corria pela floresta fazia o possível para despista-lo mas por algum motivo ele era mais poderoso do que qualquer ser sobrenatural que já vi em minha existência.

Quando finalmente sai do rio estava pronta para virar as costas e ir embora. O deixaria cair da cachoeira na maior tranquilidade e ter lindos sonhos à noite.

Já tinha feito o suficiente o deixando longe da alcateia e quase me afogando naquela merda de correnteza. Meus pulmões ardiam e o ar faltava na porra do meu cérebro

Foi aí que ele me encarou... e por um microssegundo seu olhos voltaram a coloração azul que me hipnotizam.

Foi instintivo quando pulei naquelas águas ferozes para ajudá-lo mesmo sendo ferida por ele como agradecimento. Quando o mandei para o tronco esperava morrer pela queda mas o mesmo me agarrou. Por algum motivo ele me agarrou e eu não acho que tenha sido só para continuar a caçada

-Você não me tirou do rio para me matar-digo entendo a situação e sentindo o medo desaparecer num piscar de olhos

Seu lobo ruge em minha face com maior intensidade. Ele quase mordeu meu pescoço mas quando toquei seu focinho e voltei a forma humana algo mudou.

O mesmo continuava feroz, com uma aura esmagadora e assustadora mas por algum motivo não o via como inimigo. Não mais.

Sua besta era tão primitiva que não era capaz de falar, apenas me encarava como se esperasse que eu a entendesse.

-Poderia ter me matado lá mesmo-afirmo- podia ter o feito no rio quando pulei para te ajudar.

Ele ficava mais irritado quando apontava seus erros e situações nas quais a presa escapara.

-Você não o fez-constato me levantando e ficando frente a frente a ele sem nenhum medo nos olhos

Ele balança a cabeça com brutalidade como se lutasse contra algo invisível. Sorrio verdadeiramente ao encarar seu lobo com outros olhos.

As vezes o medo nos cerca com tanta intensidade que nos impede de ver as coisas bonitas e raras a nossa volta.

Ele me encara e paralisa. Sua respiração se regula e o mesmo olha fixamente para meu rosto sem mover um músculo. Estendo minha mão e toco seu focinho sentindo o pelo macio do animal. Acaricio sua cabeça e atrás de suas orelhas desfazendo a figura maligna que ele impunha sobre mim.

Ele não é um monstro

Assim que o mesmo parece voltar a si, ruge alto e se afasta de mim. A fera encara meu ombro e abaixa a cabeça antes de correr entre as árvores e desaparecer.

O supremo não fará mal a ninguém agora

Solto o ar de meus pulmões que nem sabia que havia prendido. Me sinto cambalear assim que a adrenalina presente em meu corpo passa subitamente. Com respiração ofegante me assento na grama e me encosto no tronco da árvore mais próxima.

Coloco um dos dedos sobre a ferida sentindo-a arder mais que antes. Quando os retiro vejo que se encontravam com sangue assim como todo meu braço.

A loba e a morteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora