64.

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Manu.

Acordei bem cedo hoje, tomei um banho me troquei e desci na sala.

Estavam todos dormindo ainda.

Sai de casa, montei na minha moto e parti pra padoca, mó fome irmão.

Manu: Bom dia, faz um pão na chapa aí e café com leite - falei indo em direção a uma mesa.

Passou cinco minutos e ela trouxe oque eu pedi.

Agradeço a mesma e comi tudo, paguei e fui direto pra boca.

Nem tinha amanhecido ainda, estacionei a minha bebê e fui falar com moleques que ficavam ali na contenção.

Manu: Se o JH chegar aí, não avisem que eu estou. - entrei na sala e fechei a porta.

Fiquei fazendo uns cálculos mo loco, ainda bem que meu pai me ensinou tudo. Se não eu estaria perdida pá porra aqui.

Depois de umas duas horinhas terminei o cálculo, acendi um baseado e fiquei sentada na cadeira atrás da minha mesa.

Por incrível que pareça eu estava pensando em várias formas de matar o João Henrique, o ódio que eu estou sentindo dele não tá escrito nem na bíblia irmão.

Por falar nele, olha só quem acabou de abrir a porta da sala e deu de cara comigo.

Manu: Surpreso? - debochei vendo a cara de assustado dele.

JH: Tá fazendo oque aqui?

Manu: Tô na minha sala e ainda pergunta oque eu tô fazendo aqui? - traguei a fumaça do baseado.

JH: acho que precisamos conversar - sentou na cadeira a minha frente.

Manu: Ah cê jura? - ironizei.

JH: Sem brincadeiras agora Emanueli. - falou bravo.

Manu: E eu estava brincando desde quando?

JH: Volta pra casa neguinha, leva nossa filha pra lá, vamos ser uma família novamente - falou na maior cara de pau.

Manu: Aaaa João Henrique, faça mil favor. Tá achando que eu sou otária caralho? - gritei - Não fortaleceu em nada desde quando fui presa, não compareceu no velório do MEU PAI QUE TE CONSIDERAVA UM FILHO, abandonou a minha filha quando ela mais precisou de você. Seu merda - apontei o dedo na cara dele.

JH: Me desculpa, eu tava num momento ruim onde as drogas me chamava de longe. - abaixou a cabeça.

Manu: É? Morta! - debochei - Enquanto as drogas te chamavam de longe, a criança que você chamava de filha tava te chamando chorando dentro de casa. Não vem com papo de futuro pro meu lado que não cola mais comigo não. Tu virou uma pessoa desprezível, um bosta de moleque, por que nem de homem podemos te chamar.

JH: Manu me deixa te explicar por favor - se levantou e ajoelhou na minha frente, eu quis rir mas segurei.

Manu: Num fode irmão. Levanta daí, pega as suas coisas da minha sala agora!

JH: Oque... Por que? - falou desesperado.

Manu: Tu vai aprender a virar homem na marra amigão, vai voltar desde o começo como fogueteiro. - fui até a porta e antes da sair olhei pra trás - Não venha atrás da Luz, a vida dela tá melhor sem você. Tenha um bom dia amadoh.

Sai de lá e não fiquei pra escutar a sua resposta, como pode fazer isso comigo? Por que ele foi um filho da puta comigo?

Sai de lá na disparada, subi na minha moto e fui pra casa. Uma vontade imensa de chorar, de botar tudo pra fora, de desabar no choro.

Estacionei a moto e fui correndo pro meu quarto. Estava na mesa a minha mae, PH, bárbara e a Luz.

Subi na disparada e não falei com ninguém, deitei na minha cama e chorei...

A minha única vontade era essa, chorar muito, até ficar desidratada.

Eu dei minha vida por ele, eu construí planos com ele, eu amo tanto ele.

Mas eu me amo mais!!!!

Dói, dói muito você colocar a mão no fogo por uma pessoa e acabar se queimando.

Escutei alguém batendo na porta e não fiz questão de responder pra entrar.

Não sei quem é mas abriu a porta e sentou na ponta da cama, meu rosto estava afundado no travesseiro. O soluço era alto, o choro era baixo mas a dor é maior que tudo.

Ph: Tudo passa Manu, não se sinta insuficiente pra uma pessoa que não merece um pingo do sei choro.

Levantei a cabeça e olhei pra ele.

Manu: É fácil falar quando não foi você que passou por isso. Estou carregando mil e uma coisas nas minhas costas e eu não aguento mais de tao pesado que está.

PH: Acredite, eu passei por isso. Passei por coisas piores e estou aqui, firme e forte seguindo a vida como se nada tivesse me atingido no passado - fez cafuné no meu cabelo.

Manu: Não tô aguentando essa dor, tá me matando por dentro. Eu perdi meu pai, eu perdi a minha liberdade de poder andar na rua sem preocupações, eu perdi o meu marido, eu perdi a porra da minha felicidade cara - deitei a cabeça em seu colo enquanto eu chorava.

PH: Seu pai tá vendo o seu esforço, não se preocupe com isso. Você pode ter perdido tudo isso, mas ganhou uma coisa que vale mais que o mundo. A sua filha, ela é luz na vida de todos, agora eu entendi o porque desse nome, ela ilumina o caminho que é pura escuridão. - enxugou minha lágrima.

Manu: Eu tento ser forte mas nem sempre consigo... Minha filha é tudo oque eu tenho, a minha vida todinha ela.

PH; Levanta, lava o rosto e desce para dar um beijo nela. Ficou toda xoxinha quando viu vc subir sem falar com ela.

Concordei e fui pro banheiro, ele tem razão. As únicas pessoas que merece a minha lágrima é a minha família.

Aquele baile funk Onde as histórias ganham vida. Descobre agora