Angel in Sight

Capítulo 1

Nas horas vagas pratico teatro e, na maior parte do tempo, sou secretária. Não que esteja reclamando, mas ser secretaria aos 22 anos de idade é terrível e eu posso provar: meu chefe é extremamente machista e opressor.

Regularmente faz piadas machistas e acha que mulheres não podem fazer isso ou aquilo. - Mulheres foram feitas para servirem a nós, homens. - diz ele. Fala que sou muito bonita e que estou no lugar errado, de acordo com ele meu lugar deveria ser varrendo uma casa.

Tenho inúmeros motivos para querer sair desse emprego. Se não precisasse tanto desse dinheiro...

— Por que chegou atrasada senhorita? —
Sr. Robert pergunta furioso.

— Mil desculpas, Sr. O trânsito estava lotado e como o Sr. sabe minha casa é do outro lado da cidade. — respondo com um sorriso no rosto.

— Senhorita Catalina... Quantas vezes irei precisar falar do meu motorista? Ele sempre pode ir buscar você. — Ele tem um sorriso tão convincente...

— E eu agradeço. Mas prefiro andar de ônibus. Mesmo com o trânsito. — me afasto para trás — Se me der licença tenho uma ligação para atender.

— Sinta-se à vontade para se retirar, Catalina.

Me sinto extremamente desconfortável em situações como essa.

— Boa noite. Com quem gostaria de falar? — pergunto no telefone

— Queria denunciar o dono desse departamento por trabalho escravo. Catalina, tá na hora de vir para casa! - Ah, Valentina!

— Antes de ir embora vou passar no teatro para pegar minha bolsa. Não vou demorar. Deixe a porta aberta.

— Tudo bem, Cat. Se demorar, já sabe... A faxina da semana é sua! — Ela ri

Tenho que fechar tudo por aqui antes de ir. Espero que ainda tenha alguém no teatro. Consigo enxergar luzes brilhantes. Mas, espera. Ainda deve a ver alguém.

Cabelos negros na altura dos ombros, olhos castanhos escuros atrás da cortina. O que Lily está fazendo essas horas no teatro? Vou para frente do palco.

— Você me assustou, garota! — Lily se espanta.

— Você que me assustou. O que está fazendo aqui ainda? Todos foram embora.

— Ensaiando algumas falas... E você, o que está fazendo aqui?

— Estou procurando minha bolsa... Acabei de achar. Acho que já vou indo.

— Catalina! - A voz de Lily ecoa sobre o teatro.

— Pois não? - Viro para trás

— Poderia me ajudar nessas falas? Estou tendo dificuldade.

— Não tenho nada melhor para fazer nessa longa e triste quarta feira...

— Já está na hora. Por favor, precisam ir embora. — A zeladora pede para nós retirarmos.

— Droga! — Lily resmungava em voz alta — Quer ir para minha casa?

— Não vejo problema. — Fomos para sua casa. Chegando lá a primeira coisa que vejo é sua cachorrinha, Lola.

— Ela é muito bonitinha.

— Ela tem o talento de conquistar as pessoas apenas com olhar. — Um sorriso se abre em seus lábios. — Deseja algo para comer ou beber? Tenho vinho e pizza.

— A pizza. — Não sou de beber bebidas alcoólicas. Apenas em ocasiões especiais.

— Então, o que está achando da cidade? — Lily se mudou recentemente.

— É uma cidade bem calma. Lembra a minha anterior. Sinto-me acolhida aqui.

— É realmente uma cidade relaxante. — afirmo

— Sei que isso perde o foco total da conversa mas... Conheci um cara e estou saindo com ele já algum tempo.

— Ótimo. Você gosta dele?

— Demais. Acho que estamos namorando.

— Considere minhas felicitações.  Já passou do horário... Desculpe se não ensaimos as cenas corretamente. Amanhã, talvez a gente possa continuar. Obrigada e boa noite.

— Até amanhã. Passa seu telefone?

— Ah sim, claro. — Pego o celular e coloco meu número. — Até

Eu sentia alguma coisa por Lily. A companhia dela era agradável e eu jamais pensaria em ter algo com ela. Ainda estamos nós conhecendo e espero que ela não perceba.

— Você disse que não iria demorar. Feche tudo. A faxina dessa semana é sua. — Valentina esbarra nas cortinas e escorrega.

— Está bem. Você está bêbada?

— Foram apenas duas taças de vinho... Talvez alguns copos de uísque... Vou para cama.

Valentina sempre afogando suas mágoas na bebida. A melhor escolha que fiz na minha vida foi não beber. Vou me vestir e subir para o quarto.