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Lilly tinha perdido o celular

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Lilly tinha perdido o celular. De novo. E o pior: não tinha me contado. Já era o sexto telefone que eu dava para ela naquele ano e ela tinha perdido mais uma vez. A garota que achou o celular me enviou uma mensagem mostrando interesse em encontrar logo com Lilly para devolver o aparelho. Aquilo era um alívio, já que minha irmã mais nova estava sempre comigo e com a minha banda, tirando fotos nossas e gravando videos para as redes sociais. Perder um telefone com tanto conteúdo da Chasing Queens podia ser um problema para a minha imagem e a dos outros membros da banda.

Não que pudesse existir algo muito grave no celular dela, mas nossa banda era formada por garotos entre 20 e 23 anos. A gente fazia merda mesmo quando não queria. A garota com o celular não mencionou nada sobre a banda, o que indicava que Lilly talvez tivesse apagado tudo antes de perder o telefone... ou a garota simplesmente não estava nem aí para a Chasing Queens. De qualquer forma, descobrir que uma estranha estava com o celular pessoal da minha irmã me fez querer deitar no chão do aeroporto onde eu estava e dormir ali mesmo. Eu estava muito cansado para me preocupar e ainda tinha quase uma hora de viagem de van até chegar em casa. Nossa banda tinha feito uma maratona de shows pelo sul do país e agora ainda tínhamos algumas apresentações em Nova York antes de finalmente paramos para descansar.

— Não vai ajudar a gente, meu patrão? - perguntou Bruce, nosso baixista, me fazendo perceber que eu estava parado do lado de fora do aeroporto em volta das nossas malas e instrumentos. Eu precisava ajudar o pessoal se queria ir para casa e, quem sabe, dormir mais de cinco horas por noite - só eu tô colocando as malas na van e meu braço já tá cansado - reclamou Bruce, sacudindo os braços cheios de tatuagens.

— Pensei que você malhasse pra isso - provoquei, passando a mão nos meus cabelos e pegando duas das muitas malas. Bruce era quem mais ia a academia no grupo, então a gente sempre provocava ele quando o assunto era força.

— Eu malho pra pegar mulher, não pra carregar suas coisas - retrucou ele, pegando três malas de uma vez.

Ri de leve, caminhando até o porta-malas e logo percebendo que Evan dormia no banco da frente da van. Que filho da puta. Ele era guitarrista na Chasing Queens, assim como eu, e era o irmao gêmeo de Daxton, que tocava bateria para a gente. Embora eu achasse injusto Evan estar dormindo enquanto todo mundo trabalhava, eu sabia que ele e Daxton iam começar uma briga se tivessem que ajudar, já que os dois brigavam para caralho quando estavam cansados. Por mais que eu quisesse que Evan ajudasse também, era melhor deixar ele quieto.

Eu e Bruce arrumamos as malas que estavam com a gente, logo vendo Daxton se aproximar depois de desligar o telefone. Ele sempre ligava para a mãe quando chegávamos ou saíamos de algum lugar, e por mais que fosse quem mais arrumava confusão na banda, Daxton também era o maior filhinho da mamãe dos quatro.

— Não dá pra colocar as malas em cima da caixa de som - disse ele, desfazendo o que eu e Bruce tínhamos acabado de arrumar - é melhor o Evan ir segurando essas bolsas na frente. Cadê ele? - perguntou, coçando a barba por fazer e olhando ao nosso redor. Torci para que ele não visse Evan dormindo no banco da frente - olha ele ali! - exclamou Daxton, já puto - que babaca! 

A Vida é Dura Para Quem é Molly (Livro I) [DEGUSTAÇÃO]Where stories live. Discover now