Capítulo 04

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    Enquanto seguia para o bairro japonês, eu estava sentado, olhando pela janela, os anuncios holográficos em neon, sendo exibidos e me convenci que as corporações haviam nos dominado, usando nossos desejos de consumo, tornando a todos nós em um bando de viciados, pelos últimos e imperdíveis produtos, para nos sentirmos especiais em um mundinho que gira em torno do próprio ego .  Senti novamente o vazio no meu peito, e me questionei: - O que precisava  para me sentir completo de verdade? Lembrei das palavras da moça no beco, me causando um profundo incômodo, pois afinal de contas descobri que ela estava certa, eu era um miserável. Logo cheguei ao meu destino, e já era meio dia, estava tudo tranquilo, pouco movimento de pessoas, comparado a noite, em que as luzes neon se acendem fazendo um convite para o mundo obscuro e ilícito, atraindo muitos que querem prazeres e emoção. Como já havia mencionado, a Yakuza comandava o local, sendo ali o centro de suas atividades em New Chicago. Caminhando pelo local, senti fome e encontrei uma barraquinha especializada em culinária japonesa, sentei no banco, e pedi um yakisoba e um refrigerante para o atendente. Enquanto comia, usando aqueles pauzinhos que chamam de rashis, me lembrei do pen drive vermelho, com o virus que Sky Blazer havia me dado. Peguei o pequeno dispositivo, e fiquei o observando, pensando no estrago, que faria ao servidor. Terminado o almoço, sai a caminhar pelo bairro, eu tinha que encontrar Tatsuya o quanto antes, mas novamente me envolvi em uma situação absurda. Cheguei em um parque que se situava entre os prédios, e notei um pequeno grupo, talvez umas 10 pessoas, ao redor de um rapaz de traços orientais que usava terno e gravata, ele tinha um livro grosso na mão e bradava: - ...conhecereis a verdade e ela vos libertará. A verdade está ao alcance de todos vocês, basta aceita-la! Me aproximei daquele grupo, pois senti curiosidade, não tinha como negar que as palavras da menina no beco, ainda ecoavam na minha mente. Eu  fiquei perturbado, tinha de saber, do que se tratava isso, já que onde  eu ia encontrava alguém anunciando aquela verdade. Então perguntei ao jovem - Que verdade é essa? Quando o rapaz me olhou e ia responder, se aproximou dele, quatro homens de etnia asiática e aparência mal encarada. Olhei o pulso de um deles e vi as tatuagens, era a Yakuza. Todos estavam trajados com ternos e camisas sociais com a gola aberta, e então um deles falou ao rapaz: - Já te dissemos, que não queremos essa palhaçada de Deus no nosso território. Vá embora agora, ou senão teremos de juntar os teus pedaços ! Então o homem com seu livro junto ao peito disse com um tom de voz firme: Vocês não podem calar a verdade! O que Ele fez não pode ser esquecido e eu vou continuar a testemunhar! Imediatamente o yakuza que deu o aviso, chutou as pernas do rapaz, fazendo ele cair no chão, e sinalizou com a cabeça para os outros três, que  começaram a chuta-lo com violência. Mais o rapaz apanhava,  mais firme abraçava o livro como se fosse algo de muito valor. Então o yakuza que havia derrubado o jovem se virou e disse: Saiam daqui, por que senão, vão apanhar que nem ele. O grupo se afastou, inclusive eu, mas decidi ficar de longe escondido e observar como terminaria aquilo. Depois de espancarem o jovem, apenas vi o yakuza fazer uma ligação no seu smartphone e em 2 minutos, chegou um carro, e eles o colocaram dentro do porta malas. O livro caiu no chão, então o yakuza, pegou do terno, um cantil, derramando calmamente o conteúdo em cima do livro e em seguida acendeu um fósforo, e rapidamente ele começou a queimar.m O yakuza fumou um cigarro, deu poucas tragadas e o jogou no chão, logo entrou no carro que saiu em alta velocidade. Ver tal cena me fez perguntar a mim mesmo o que levaria a Yakuza a um ato tão desesperado contra um homem, aparentemente inofensivo? Me aproximei do livro em chamas,  um pedaço da página chamuscada caiu nos meus pés, e li um número seguido de algumas palavras, das quais já havia escutado naquele dia: 32 - "e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará." Então a linda menina do beco, surgiu em meus pensamentos e que talvez fosse a verdade, tudo que eles pregam. Teria de pesquisar mais a fundo sobre isso, me abaixei e guardei no bolso, o pedaço de folha queimado.

The Christ Hacker: O Hacker De CristoWhere stories live. Discover now