4. Eu te amo, querida

1.6K 282 878
                                    

Espreguiço-me na imensa cama, sentindo os lençóis macios que me cobrem. Aos poucos, as memórias da
noite anterior vêm a minha mente e abro um sorriso.

Foi uma noite mágica. Sentir seu toque, o calor de seu corpo; suas mãos em cada canto do meu corpo, foi incrível. O nervosismo foi consideravelmente atenuado pelo ardente desejo que me consumiu.

— Não imagina o quanto vê-la dormir e tê-la em meus braços me faz feliz. — Francis sussurra, chamando minha atenção.

— Bom dia. — Sorrio timidamente.

— Não há motivos para formalidades ou para ter vergonha, querida. Somos casados agora, já vi tudo o que esses lençóis estão cobrindo. — Francis ri ligeiramente.

— Ainda não consigo acreditar que nos casamos. — Aproximo-me mais, aconchegando-me em seu peito nu.

— Tem razão, é como se fosse um sonho. — Suas mãos afagam meus cabelos.

— Estou faminta. — Comento, após ouvir minha barriga roncar.

— Quer tomar café aqui ou lá embaixo?

— Pode ser aqui.

— Vou pedir para que preparem o nosso café. — Francis coloca-se de pé e é inevitável não olhá-lo.

Um sorriso zombeteiro brota em seu rosto, assim que nota meu olhar intenso. Ruborizo imediatamente.

— Não faça isso. — Balanço a cabeça em negação.

— Você fica encantadora quando está com vergonha. — Ele me beija rapidamente e vai se vestir.

Enquanto ele se veste, aproveito o tempo para agradecer a Deus por mais um dia e pelo meu casamento, é claro. Não demora muito para que Francis deixe o quarto.

— É, Cristal... Você é Cristal Chevalier Beaumont. Grande, mas chique. — Murmuro comigo.

Escolho um vestido simples, bonito e confortável. Prendo o cabelo em uma trança que Adela me ensinou a fazer. Após estar devidamente pronta, resolvo sair do quarto; conhecer o lugar que vou chamar de lar, ao menos, por algum tempo.

A casa dos Beaumont é bem maior do que minha antiga casa. Estive aqui apenas uma vez, rapidamente, em um jantar. Os corredores contam com peças de decoração, pinturas e uma tapeçaria de encher os olhos.

Desço as escadas que conduzem à sala principal. Pinturas com o rosto de Meredith e outras paisagens enfeitam as paredes. As poltronas, sem dúvidas, possuem pequenos detalhes em ouro. Um luxo. Tão luxuoso quanto as salas do palácio.

Algumas mulheres limpam o local. Seus trajes são semelhantes aos que Senhora Petrovich e sua equipe usam.

— Bom dia, senhoras.

— Bom dia, Senhora Beaumont. — Elas respondem em uníssono.

— Para que lado fica a cozinha?

— Siga para a esquerda, é a segunda porta. — Uma das mulheres responde-me.

Agradeço-a e vou para o caminho indicado. Próxima à cozinha, posso ouvir a voz de Francis, mas totalmente diferente do que estou acostumada, o que me faz duvidar se realmente é ele. A voz é carregada de raiva, autoritarismo e prepotência.

Espio pela fresta da porta e meus olhos recusam-se a acreditar no que vêem.

— Isso está horrível. Acha que eu sou você para comer essa porcaria? — Ele grita com uma senhora.

— Não, senhor. — A senhora abaixa o olhar. Os outros empregados continuam fazendo suas tarefas.

— Faça melhor ou será demitida. Ah, mais uma coisa, e isso serve para todos vocês, Cristal está morando aqui agora, quando eu não estiver, nunca deixem que ela se aproxime do porão. E conhecem as regras: fiquem longe de lá também. Entenderam?

A Coroa Acima da Coroa [DEGUSTAÇÃO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora