JAMES

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- Como você conseguiu me manter viva? - Eu perguntei tentando ficar sentada e ele me ajudou. - Obrigada.

- Eu usei tudo que vocês trouxeram para operar a Nairóbi, as ataduras, remédios para não infeccionar, as bolsas de sangue, as anestesias...

- Você... - eu parei por alguns segundos até conseguir completar a frase, pois estava em completo estado de choque. - Você costurou minha cabeça?

- Bom, sim.- Ele falou com um sorriso fraco.

- Eu não vou mentir, irmãozinho, eu estou levemente desesperada em saber disso. - mentira, eu estava completamente desesperada. - Mas se eu ainda estou viva, é um sinal de que deu tudo certo.

- Você se lembra como caiu da escada?

- Eu tinha ido falar com o Berlin, quando voltei eu acho que torci meu pé só escorreguei e acabei caindo.

Eu me senti meio mal por ter mentido para ele, mas não foi uma total mentira, eu realmente tinha ido falar com o Palermo e escorreguei, mas ele não precisava saber porque eu tinha descido apressada ao ponto de cair. E naquele momento, eu ainda achava que o Berlin estava com o Palermo.

- Toma mais cuidado da próxima vez.

Chegava a ser ridículo está no meio de um assalto e estar toda arrebentada por ter caído de uma escada.

- Você pode chamar o Berlin para mim? Eu queria falar com ele.

- Claro. Se cuida. - ele falou e deu um beijo na testa antes de sair.

Com tudo o que aconteceu, eu tinha me esquecido de falar que a ex do Berlin era irmã da Alicia e estava ajudando a polícia. Eu achei melhor ele saber antes dos outros, inclusive antes do Professor, até porque foi ele quem fez a idiotice de falar para a namorada sobre o roubo.

- Oi! - Berlin falou abrindo a porta e entrou.

- Oi.

- Como é que está a irmãzinha mais linda desse mundo? - ele perguntou e se sentou de frente para mim.

- A irmã mais linda do mundo eu não sei, mas eu estou ótima.

- Você é a irmãzinha mais linda do mundo. - ele falou rindo e eu sorri também. - O Palermo me contou tudo.

A dor na minha cabeça voltou e com ela um enjôo, tudo começou a girar, mas eu tentei me manter calma.

- Tudo? Tudo o quê?

- Você sabe.

Naquele momento eu tive a certeza de que a nossa amizade acabaria ali mesmo. Ele não parecia estressada nem bravo comigo, e talvez não estivesse, mas tudo dependia de qual argumento eu usaria.

- Me desculpa por não ter te falado antes, Berlin. Eu sei que deveria, mas eu não tive coragem, eu fiquei com medo da sua reação, ele me mataria, além de que poderia atrapalhar o plano e...

- Eu não vejo problema algum em ele ter namorado a sua mãe. - ele disse calmamente e eu o olhei totalmente confusa.

- Espera aí, o quê?

- É, quer dizer, o Denver era filho do Moscou, eu, você e o Professor somos irmãos, isso sem falar dos casais. Eu acho que uma relação de ex padrasto e ex enteada não faria diferença.

Eu não estava acreditando que ele tinha mentido para o Berlin, sorte dele não estar por perto se não eu o quebraria no soco. Mas se ele tinha arrumado um jeito de falar que nos conhecíamos, só me restava continuar com a mentira.

Amsterdã- La casa de papel Onde histórias criam vida. Descubra agora