PLANO AMSTERDÃ (PARTE I)

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Eu reconheci a voz da pessoa que tinha me puxado, não tinha como errar, era o Berlin.

- Não pode mais nem cometer um suicídio em paz agora? - eu falei me levantando de cima dele.

- Você tem ideia da besteira que você ia fazer? - perguntou um pouco irritado.

- Por quê? Por causa do plano? Era só colocar outra pessoa para ir no meu lugar.

- Não. Porque eu amo você. - eu não esperava ouvir aquilo. - Eu não quero nunca perder você. Você chegou do nada na minha vida... Quer dizer, eu cheguei do nada na sua vida e você se tornou a pessoa mais importante da minha. Você me salvou, não só quando eu fugi da polícia, você é o motivo pelo qual eu não desisti mesmo sabendo que poderia morrer a qualquer momento. Eu sei que você também tem essa chance, mas se eu pudesse, eu reduziria meu tempo para você viver mais tempo. Então por favor, me promete que não vai tentar fazer isso de novo?

Eu me encontrava chorando ainda mais que antes, mas dessa vez não era de raiva, tristeza ou vontade de atirar alguém de um prédio, era de alegria por ter alguém como o Berlin comigo.

- Eu prometo, irmãozinho. - eu falo o abraçando. - Eu te amo, i love you 3000. Se você não fosse meu irmão, eu diria que somos almas gêmeas.

- Almas gêmeas não são apenas casais. - ele fala e beija a minha cabeça. - Você quer falar sobre o que aconteceu?

- Não. Mas obrigada, por tudo, principalmente por ser o melhor irmão que alguém poderia ter.

- Você está exagerando. - eu me separo dele e ele fala. - Agora nós estamos quites, não é? Você salvou minha vida e agora eu salvei a sua.

- Até que faz um certo sentido. - falo rindo.

- Vamos descer, se alguém lá embaixo perceber que estamos aqui, a gente pode levar um tiro.

- Antes de irmos, eu quero te falar uma coisa.

- O quê? - ele me olhou preocupado.

- Se eu não sobreviver, eu quero que você se lembre que foi você quem me trouxe aqui, logo a culpa será toda sua. - eu falei com um sorriso para ele saber que eu estava brincando.

- Foi você quem quis vir, eu não te arrastei. - ele disse rindo também.

Nós entramos de volta juntos. Caminhávamos pelos corredores um do lado do outro, ele me abraçava pelo pescoço.

- Sabe o que eu queria? De verdade? - eu pergunto.

- O quê?

- Sorvete. - ele ri e fala.

- Você é ridícula.

- Você que é.

- Só me tira uma dúvida, eu não tenho nada a ver com essa discussão entre você e o Palermo, tenho? - estávamos tendo uma conversa tão leve que eu até tinha me esquecido o que tinha acontecido, mas ele me lembrou.

- Pode-se dizer que sim, você tem. Mas de forma indireta, você não tem culpa de nada.

- Você não quer falar nada mesmo? - ele perguntou me olhando e eu neguei com a cabeça.

- Eu queria sorvete. - falei fazendo biquinho igual uma criança quando quer algo. - Já faz muito tempo que eu não como sorvete, eu não sei como eu ainda estou viva.

- Não faz nem dois dias que você está aqui. Que garota dramática.

- Sem sorvete, para mim parece uma eternidade.

Amsterdã- La casa de papel Where stories live. Discover now